A campanha Novembro Azul nasceu em 2003 na Austrália, quando dois amigos, Travis Garone e Luke Slattery, criaram o movimento “Movember” (junção de moustache e November), incentivando homens a deixarem o bigode crescer para chamar atenção à saúde masculina. A ideia rapidamente se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil em 2008, por meio da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que transformou o movimento em uma campanha nacional de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Segundo dados do INCA - 2025, o câncer de próstata é o segundo tipo mais incidente em homens no Brasil, representando cerca de 71.800 mil novos casos. A doença é responsável por aproximadamente 15 mil mortes por ano, reforçando a necessidade do rastreamento regular e anual. A incidência aumenta com a idade, sendo mais comum após os 50 anos, embora homens com histórico familiar do câncer devam iniciar o acompanhamento mais cedo.

É importante esclarecer que o termo correto não é “prevenção”, mas sim rastreamento, uma vez que não existe uma “prevenção primária”. No entanto, hábitos saudáveis como alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, controle do peso corporal, não fumar e consumo moderado de álcool contribuem para reduzir o risco da doença.

O diagnóstico precoce é fundamental, pois oferece 90% de chance de cura quando o câncer está em sua fase inicial. Para isso, o médico urologista pode solicitar exames como o toque retal, o PSA (antígeno prostático específico), a ultrassonografia, a ressonância magnética multiparamétrica e, se necessário, a biópsia prostática, que confirma o diagnóstico. O toque retal continua sendo útil, pois permite avaliar alterações que auxiliam no diagnóstico.

Os grupos de risco incluem, afrodescendentes e aqueles com parentes de primeiro grau (pai, irmão ou filho) que tiveram câncer de próstata. A doença pode ser classificada em três estágios: confinada à próstata (quando está restrita ao órgão), localmente avançada (quando atinge tecidos vizinhos) e metastática (quando se espalha para outros órgãos). O tratamento depende do estágio e pode incluir cirurgia, radioterapia, hormonoterapia, quimioterapia e vigilância ativa para casos de baixo risco.

Infelizmente, muitos homens que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentam longas filas e dificuldades em realizar exames, biópsias e iniciar o tratamento. A falta de estrutura e a sobrecarga dos serviços especializados atrasam o diagnóstico e comprometem o prognóstico, aumentando os casos detectados em fases avançadas, quando as chances de cura são menores. É urgente ampliar o acesso e garantir a integralidade do cuidado oncológico.

Neste Novembro Azul, a mensagem da SBU é clara: o diagnóstico precoce salva vidas. Superar o preconceito e cuidar da saúde é um ato de responsabilidade e amor-próprio. Consultar regularmente o urologista e realizar os exames indicados é o melhor caminho para manter a saúde em dia e aumentar significativamente as chances de cura do câncer de próstata.

Antônio de Mores Júnior, médico urologista

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Cuidado não só no novembro azul

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Antônio de Mores Júnior

A campanha Novembro Azul, de conscientização sobre a saúde masculina, com foco no câncer de próstata, já não se limita a laços e prédios iluminados. Em pouco mais de uma década, o movimento ajudou a transformar o silêncio masculino em conversa sobre autocuidado. “A campanha antecipou a busca por avaliação individualizada, sobretudo em homens com sintomas ou fatores de risco”, aponta o urologista Anselmo de Paula, do Einstein Goiânia.

Homens como o consultor de vendas Robson Teófilo, de 55 anos, incorporaram a prevenção à rotina. Motivado pelo histórico familiar, ele decidiu adotar uma postura mais ativa em relação à própria saúde. Integrante de um grupo de corrida, afirma que a atividade física trouxe bem-estar e consciência sobre a importância dos cuidados preventivos. “O primeiro passo foi superar o tabu de procurar o médico. Ainda vivemos em uma sociedade machista, mas percebi que cuidar da saúde deve estar em primeiro lugar, seja física ou mental”, diz. Hoje, Robson fala sobre o tema com naturalidade e busca inspirar outros homens a fazer o mesmo.

Especialistas apontam que a campanha amadureceu o discurso, incorporou novas tecnologias e ampliou o foco da prevenção para além do câncer de próstata. “Qualificar o diagnóstico precoce é essencial”, reforça Anselmo, ao lembrar que detectar cedo significa menos sequelas e mais chances de cura. O alerta segue urgente: o Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê 71.730 novos casos da doença em 2025, e o País registrou 17.093 mortes em 2023.

A conscientização veio com avanços reais no diagnóstico. A ressonância multiparamétrica antes da biópsia, cada vez mais usada, evita procedimentos desnecessários e revela tumores que exigem atenção. Os protocolos também mudaram. O PSA basal pode ser oferecido entre 45 e 50 anos, com avaliação caso a caso. “Hoje falamos em rastreamento individualizado, com decisão compartilhada”, resume o médico.

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O tratamento também mudou. “A tecnologia robótica transformou a forma como operamos”, afirma Anselmo de Paula. A visão ampliada e a precisão dos instrumentos reduziram sangramento, tempo de internação e impactos sobre continência e função sexual. Na radioterapia, métodos mais avançados e o hipofracionamento diminuem o número de sessões e protegem melhor os tecidos vizinhos.

O cirurgião robótico e urologista Pedro Junqueira destaca que a tecnologia avançou muito no tratamento. “A cirurgia robótica representa um salto de qualidade. Reduz complicações, sangramentos e transfusões, além de acelerar a recuperação. O paciente sente menos dor e volta às atividades mais rápido”, explica. Apesar dos avanços, ele reconhece que o acesso ainda é limitado. “A incorporação ao SUS é essencial, mas a maioria dos hospitais públicos não tem estrutura nem recursos para comprar as plataformas robóticas, de alto custo. A expansão exigirá planejamento e capacitação de equipes”, conclui.

Prevenção anual

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Se a medicina avança, a prevenção precisa acompanhar, e isso passa por enxergar o homem de forma integral. “Cuidar da própria saúde deve ser prioridade masculina”, afirma a urologista Juliana Adorno Rosa, do Hospital do Rim. Segundo ela, ainda é comum que os homens coloquem o trabalho e a família à frente do autocuidado. “A prevenção deve começar cedo e evoluir conforme o corpo e a mente envelhecem.”

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Urologista Juliana Adorno Rosa: “Cuidar da própria saúde deve ser prioridade masculina” (Acervo pessoal)

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Na adolescência, as consultas tratam de sexualidade e prevenção de infecções; na juventude, de fertilidade e planejamento familiar; e, na maturidade, do controle do peso, da síndrome metabólica, das doenças da próstata e da função renal. O acesso aos serviços de saúde, destaca Juliana, ainda define o destino de muitos pacientes. “O SUS é um ótimo programa, mas enfrenta limitações financeiras e logísticas que atrasam o diagnóstico e o tratamento.” Ela reforça que o acompanhamento anual é decisivo.

O PSA e o exame de toque seguem fundamentais para a detecção precoce. “O toque retal ainda é um fantasma para muitos homens, mas, quando associado ao PSA e à ressonância magnética, permite diagnósticos mais seguros e tranquilos.” A médica lembra que fatores como genética, raça e idade também influenciam o risco. “Homens com parentes diagnosticados antes dos 65 anos devem iniciar o check-up por volta dos 40 ou 45.” Ela alerta ainda para a obesidade, ligada a tumores mais agressivos. Para Juliana, políticas públicas eficazes devem integrar prevenção, diagnóstico e tratamento adequado a cada caso. “É essencial diferenciar os tumores de baixo, médio e alto risco. Assim protegemos vidas sem causar sequelas desnecessárias.”

Dicas de prevenção

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heck-up anual

Homens a partir dos 45 anos (ou 40, se houver histórico familiar) devem fazer exames de rotina, incluindo PSA e &nbsp;avaliação clínica.

&nbsp;Alimentação equilibrada

Dar preferência a frutas, verduras e grãos integrais, reduzindo carnes processadas e gordura saturada, ajuda a prevenir doenças metabólicas e o câncer de próstata.

&nbsp;Atividade física regular

Fazer ao menos 150 minutos semanais de exercício reduz o risco de obesidade, diabetes e doenças do coração.

Saúde mental em dia

Estresse e depressão afetam a imunidade &nbsp;e o autocuidado. Buscar apoio psicológico &nbsp;é parte da prevenção.

&nbsp;Evitar tabaco e álcool em excesso

Fumar e beber com frequência aumenta o risco de tumores e prejudica o coração, o fígado e o sistema urinário.

Campanha Novembro Azul reforça a prevenção e os cuidados com a saúde do homem

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Saúde

Há aproximadamente 25 anos, o pai do funcionário público federal Roberto Polastri, de 60 anos, teve um câncer de próstata. A partir daí, ele e seus outros cinco irmãos ficaram em alerta. Afinal, história familiar de pai, avô ou irmão com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade é um fator de risco para a doença. Todos passaram a fazer exames preventivos e, desde então, dois dos irmãos já tiveram de passar por cirurgia para a retirada total da próstata. Ele, no entanto, não recebeu a mesma indicação, mesmo que tivesse apresentado aumento da glândula. “Fiquei preocupado e assustado, mas o que tive é uma prostatite aguda, uma inflamação na próstata que tratei somente com medicação”, conta.

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Como medida preventiva, Roberto passou a fazer anualmente o PSA, sigla do inglês para o antígeno específico da próstata, cujo resultado da dosagem encontrada pode sugerir a existência da doença. “Os meus níveis sempre davam normais. À medida que fui envelhecendo, a próstata começou a inchar e apresentei os primeiros sintomas, como ir mais vezes ao banheiro para urinar”, lembra. Daqui a seis meses, ele volta ao médico para repetir os exames. “Desde o momento que nós, homens da família, soubemos que o câncer pode ser hereditário, passamos a monitorar de perto. É um tipo de coisa que não dá para ignorar e, mais ainda, que pode ser detectado cedo e com chances de cura”, comenta.

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A campanha Novembro Azul anualmente busca alertar sobre o câncer de próstata, as formas de detecção precoce e os cuidados preventivos. Esse é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A próstata é uma glândula que integra as estruturas internas do aparelho reprodutor dos homens, localizada na região pélvica, logo abaixo da bexiga, acima do reto e do assoalho pélvico (região do períneo). A principal função da próstata é a produção do líquido que forma o esperma.

Para se pensar em detecção precoce, é preciso conscientizar a população masculina da importância de se procurar o médico urologista regularmente, aponta Bernardo Barreira, urologista. “Temos uma questão cultural, onde o homem tem uma dificuldade grande de cuidar da própria saúde e de fazer consultas regulares. Importante destacar que a partir dos 45 anos, todo homem deve procurar o urologista pelo menos uma vez por ano para que seja possível a detecção precoce desse tipo de câncer”, diz. Nas consultas, o especialista vai examinar o paciente por intermédio de histórico familiar, analisando hábitos de vida e fatores de risco, como a obesidade, além de solicitar exames, como o PSA e realizar o exame de toque.

Ao detectar alguma alteração nessa primeira etapa, outros exames são solicitados, como ressonância da próstata e a biópsia, que fecha o diagnóstico de câncer. É importante o acompanhamento regular. Outro motivo para o monitoramento regular é que nem toda alteração no exame de PSA é sinônimo de um diagnóstico de câncer, destaca o urologista Rodrigo Lima. “Apenas um urologista vai avaliar qual a necessidade de exames mais avançados para concluir este diagnóstico”, reitera.

Sintomas

Um dos grandes desafios quando o assunto é câncer de próstata é que se trata de uma doença inicialmente silenciosa. “Na sua fase inicial, ele é silencioso e não causa sintoma nenhum. Normalmente, detectamos ele nos exames de rotina de rastreamento de câncer de próstata”, comenta o urologista Rodrigo Trivilato. “Quando esse tumor começa a dar sinais ou sintomas, como dificuldade para urinar, sangramento ou algum sinal obstrutivo urinário, isso quer dizer que ele já está numa fase avançada da doença”, diz.

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Risco

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo mais incidente em homens a partir da sexta década de vida. Além disso, histórico familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos e obesidade também estão na lista. Já a exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho é responsável por 1% dos casos de câncer de próstata.&nbsp;

“Setenta por cento dos tumores malignos da próstata acometem homens após os 60 anos de idade. Mas os pacientes mais jovens podem também ser acometidos, inclusive com doenças mais agressivas e até incuráveis”, aponta Rodrigo Lima. “Algumas alterações genéticas acarretam maior risco de câncer de próstata agressivo em idades mais precoces, até antes dos 50 anos”, diz. Ele destaca ainda que em casos de câncer de próstata na família, especialmente parentes de primeiro grau acometidos (pai ou irmão), esse rastreamento deve iniciar entre os 40-45 anos.&nbsp;

 
Novidade

Recentemente, uma vacina contra o câncer de próstata criada por pesquisadores brasileiros foi aprovada para testes pelo FDA (Food and drug administration), agência reguladora dos Estados Unidos. A vacina surge como um promissor tratamento contra a doença e já obteve resultados bem-sucedidos em testes com humanos, entrando em uma nova fase de testes agora. Entre os resultados já apresentados, a recorrência da doença caiu de 37% para 12%, enquanto a mortalidade foi de 12,8% para 4,3%. O primeiro paciente norte-americano começou a receber o tratamento no mês passado.

 
Tratamentos

“O tratamento do tumor de próstata depende do estágio da doença, da idade, das comorbidades e até mesmo da preferência do paciente”, explica o urologista Rodrigo Trivilato. “O tratamento pode envolver desde vigilância ativa, em que observamos o paciente com exames de PSA e biópsia durante um ano; a cirurgia, que é retirada da próstata; radioterapia até a hormonioterapia”, diz.

O urologista Bernardo Barreira destaca que o diagnóstico precoce interfere diretamente no resultado do tratamento. “O Diagnóstico precoce nos ajuda a identificar a doença na fase inicial e aumenta bastante as chances de cura. Quando iniciamos o tratamento na fase inicial, estamos falando de mais de 90% de chance de cura”, diz.&nbsp;

A conduta será seguida de forma individual. “Temos a sorte de viver em um momento de evolução da ciência médica em que os tratamentos estão cada vez menos invasivos e os pacientes têm menos efeitos colaterais, como a cirurgia robótica, por exemplo, em que o paciente sangra menos, tem menos dor e apresenta menos taxas de complicações, como incontinência e disfunção erétil”, aponta.&nbsp;

Prevenção é a chave: câncer de próstata pode ser monitorado e detectado precocemente

Novembro Azul

O movimento Novembro Azul tem suas origens na iniciativa criada por instituições de saúde na Austrália, em 2003, e buscava aumentar a conscientização sobre a saúde masculina, especialmente em relação ao câncer de próstata. A campanha foi rapidamente planejada pelo mundo, chegando ao Brasil em 2011, ganhando adesão de diversas organizações de saúde e sociedade civil.

A principal finalidade é promover a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, incentivar os homens a realizarem exames de rotina e desmistificar tabus em torno da saúde masculina. Com o diagnóstico precoce os homens terão 90% de chance de cura. Além disso, a campanha discute a necessidade de cuidados preventivos e o rastreamento de doenças, debatendo temas como masculinidade e saúde mental, além de promover um estilo de vida saudável.

As recomendações incluem a realização de consultas anuais, com urologistas, a partir dos 45 anos, principalmente para aqueles que têm histórico familiar de câncer de próstata. A prática de exercícios físicos, uma alimentação balanceada, a redução do consumo de álcool e não fumar são outras medidas.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que em 2023 houvesse cerca de 65.840 novos casos de câncer de próstata no Brasil, tornando-o o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A incidência da doença é alarmante, com uma taxa aproximada de 14,2 casos para cada 100 mil homens, o que reforça a necessidade de campanhas de conscientização e informação.

O câncer de próstata tem uma alta taxa de mortalidade, sendo a terceira causa de óbitos por câncer no Brasil, com cerca de 15.200 mortes anuais, de acordo com o mesmo relatório do INCA. O diagnóstico do câncer de próstata começa com exames de rastreamento como o PSA (Antígeno Prostático Específico), um exame de sangue que detecta alterações nas proteínas produzidas pela próstata. Outro exame essencial é o toque retal, no qual o médico avalia a textura e o tamanho da próstata para identificar possíveis anomalias.

Se os resultados desses exames sugerirem alterações, uma Ressonância Nuclear Magnética deve ser realizada e em caso da suspeita de alguma doença maligna a biópsia da próstata, por ultrassom trans-retal ou trans-perineal com fusão de imagens irá dar o diagnóstico definitivo de câncer de próstata.

Nos últimos anos, surgiram novos tratamentos para o câncer de próstata, tanto clínicos quanto cirúrgicos. Entre os avanços clínicos estão as terapias-alvo, que focam diretamente nas células tumorais, e a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a combater o câncer.

No campo cirúrgico, a cirurgia robótica tem se tornado mais comum, oferecendo maior precisão na remoção do tumor e menos efeitos colaterais. Mais é bom lembrar que as técnicas da cirurgia aberta e a videolaparoscópica ainda ocupam o seu espaço com bons resultados.

Assim, o Novembro Azul é um apelo à saúde e à prevenção. É um lembrete para que os homens se cuidem e não deixem de contribuir para a quebra do estigma relacionado aos cuidados masculinos. A prevenção é sempre o melhor remédio.

Antônio de Moraes Junior, médico urologista, especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e pela Associação Médica Brasileira (AMB)

Novembro Azul e a prevenção

Antônio de Moraes Junior

A descoberta de um câncer urológico é um desafio que vai além do paciente, envolvendo as pessoas a sua volta. O apoio familiar desempenha um papel fundamental nessa jornada, fornecendo sustento emocional e prático. Durante o tratamento, a presença e a compreensão de uma rede de apoio se tornam alicerce fundamental para enfrentar as complexidades da condição.

No contexto urológico, a abordagem humanizada ganha muita importância. Não estamos lidando apenas com procedimentos médicos, mas com vidas, relações e emoções. A família, ao se integrar ativamente no processo de tomada de decisões, não apenas fortalece os laços, mas também contribui para uma atmosfera de apoio que ultrapassa as paredes do consultório.

O paciente não está sozinho nessa caminhada, a família e os amigos proporcionam conforto, encorajamento e compreensão. A partilha de emoções e a construção de um ambiente de compreensão mútua aliviam o peso emocional e fortalecem resiliência para todos.

Além do aspecto emocional, o apoio prático é fundamental. Desde auxiliar nas tarefas diárias até participar das consultas médicas, os entes queridos podem se tornar um apoio insubstituível nesse processo. Essa colaboração proporciona uma abordagem mais abrangente ao tratamento, considerando a condição médica e o contexto familiar.

A comunicação aberta entre o paciente e a rede de apoio é uma peça-chave durante todo o tratamento. Compreender as preocupações, expectativas e necessidades de cada membro da família permite uma adaptação mais eficaz do plano de cuidados. É uma verdadeira parceria, onde todos têm voz e participação ativa.

Com isso, o apoio familiar é um componente indispensável no tratamento do câncer urológico. Ele complementa a abordagem clínica e cria um ambiente de cura mais humano e compassivo. A jornada de tratamento do câncer torna-se uma experiência compartilhada, onde a força da família desempenha um papel essencial na superação dos desafios e na busca pela recuperação.

É necessário ressaltar que a conscientização pública sobre o câncer também contribui nesse contexto. O esforço conjunto para disseminar informações precisas, promover exames preventivos e combater estigmas relacionados à doença constroem uma sociedade mais informada e solidária. Mostrar à comunidade a importância do diagnóstico precoce e do apoio contínuo amplia os horizontes da compreensão coletiva, transformando essa jornada contra o câncer em uma causa compartilhada.

Cada pessoa, ao se tornar um elo na corrente de apoio, contribui para uma rede mais forte, capaz de sustentar não apenas o paciente, mas toda a comunidade afetada. Essa colaboração ativa transcende barreiras, promovendo uma cultura de cuidado mútuo que enriquece a jornada de enfrentamento da doença e fortalece os laços entre os membros da sociedade.

Portanto, é imprescindível ir além das terapias técnicas; cercar os pacientes de apoio, amor e compreensão da família, amigos e sociedade, pois isso tem reflexos significativos no tratamento do câncer.

Leandro Ferro, médico e membro Internacional da Associação Americana de Urologia (AUA), da Associação Europeia (EAU) e da Confederação Americana de Urologia (CAU)