No último dia 17 março de 2024, completaram-se dez anos da deflagração da Operação Lava Jato, grande marco histórico da onda de esforços anticorrupção empreendida ao longo da década de 2010. De lá para cá, porém, para além da extinção da operação no início de 2021, observou-se um declínio – quase desaparecimento – de esforços anticorrupção em solo nacional. De fato, estruturas e ferramentas de combate à corrupção, precisamente no campo da punição a agentes ímprobos, foram sendo minadas, desidratadas e afrouxadas. O discurso anticorrupção parece não encontrar mais eco, seja no Congresso Nacional ou mesmo na sociedade. Não obstante seja um assunto regularmente apontado como prioridade por diversos eleitores brasileiros, o combate à corrupção parece ser um tema evitado no debate público, a não ser que a pretensão seja apontar e atribuir críticas à operação ou ainda ponderar a repercussão econômica supostamente causada pelos órgãos de persecução. É dizer, ressaltam-se possíveis excessos da operação, mas são ignorados os desvios, as ilegalidade praticadas e as contas bancárias situadas no exterior.