15 de março de 2016. Marleth Silva marcou o encontro no Café do Paço, no centro de Curitiba, às quatro da tarde. Nossa intenção era pôr a conversa em dia e falar mal da vida alheia. Cheguei minutos atrasado e ela já olhava o relógio. Depois de ter combinado a conversa comigo, Dalton Trevisan a convidara para um café no mesmo horário. Para manter os dois compromissos, Marleth levou-me a tiracolo ao encontro com o escritor. Era uma terça-feira de sol ameno e brisa fria. Para não deixá-lo esperando, andamos depressa por ruas cheias de gente atarefada. Entramos num botequim sem nada de turístico: chão e paredes de ladrilho, o dono atrás do balcão, três mesinhas mambembes. Numa delas, Dalton. Magro e com o cabelo ralo, estava de camisa azul-claro de manga comprida, calça marrom de sarja, jaqueta e o boné sobre a mesa. Não aparenta 90, mas 70 anos. Abriu um baita sorriso, levantou-se, estendeu o braço e deu um aperto de mão firme.