Em 2022, o governo de Goiás deu um passo significativo rumo ao desenvolvimento sustentável, demonstrando seu compromisso com práticas ambientalmente responsáveis. Por meio da Saneago, o estado aderiu ao Movimento +Água, uma iniciativa do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), reforçando seu compromisso com a universalização do saneamento até 2033, em conformidade com o Novo Marco Legal do Saneamento.

O Pacto Global da ONU, lançado em 2000, é uma plataforma voluntária que encoraja empresas a adotarem políticas sustentáveis, promovendo princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Além disso, aqueles que integram o pacto assumem a responsabilidade de contribuir para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Nesse contexto, o governo de Goiás reforça seu compromisso com o lançamento do programa Nova RMTC (Rede Metropolitana de Transporte Coletivo), que inclui a substituição de 150 ônibus a diesel por elétricos, nas frotas do Eixo Anhanguera e no BRT Norte-Sul, uma ação alinhada ao ODS 13: Ação contra a mudança global do clima.

De acordo com dados do Sistema Omni, utilizado pela Metrobus, responsável pela operação do Eixo Anhanguera, nos últimos 12 meses, a frota a diesel emitiu uma média de 218 toneladas de CO2, equivalente ao volume neutralizado por 14 mil árvores. Com a transição para ônibus elétricos, a emissão anual será reduzida para cerca de 90 toneladas, representando uma redução significativa de 40% nas emissões atmosféricas.

Além da melhoria da qualidade do ar, a substituição da frota traz outras vantagens como a redução de ruído e vibração. Os motores elétricos, conhecidos por sua eficiência e baixo impacto ambiental, proporcionam uma experiência de viagem mais tranquila, contribuindo para a redução da poluição sonora nas áreas urbanas.

O Programa Nova RMTC não se limita apenas à renovação da frota. É uma abordagem abrangente que redefine os padrões do transporte coletivo brasileiro, colocando Goiás na vanguarda da inovação e sustentabilidade, buscando ampliar bem estar e qualidade de vida aos usuários do sistema.

Essa iniciativa pioneira do Estado de Goiás busca o equilíbrio entre o crescimento sustentável e a cidadania, e destaca-se como um exemplo inspirador para outras regiões do país. É mais uma das iniciativas geradas pelo governo estadual que vem modificando a realidade do transporte público na região metropolitana de Goiânia.

Junto da eletrificação sustentável da frota, também haverá a reforma de todas as plataformas do Eixo Anhanguera; de todos os cinco terminais distribuídos nos pouco mais de 13 quilômetros da via; e também a reforma de todos os abrigos das extensões até Senador Canedo e Goianira, um sonho antigo dos usuários do transporte coletivo da capital. Sem dúvidas, um presente para os frequentadores do Eixo e do Centro de Goiânia.

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Mariana Marques é engenheira Ambiental e gerente de Assuntos de Infraestrutura do Governo de Goiás

Eletrificação sustentável

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Mariana Marques

Dos sete governadores que participaram da manifestação na Avenida Paulista no domingo (6) a favor da anistia aos organizadores e participantes da trama golpista, quatro são pré-candidatos a presidente da República. São eles os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e Ronaldo Caiado (UB).

Tarcísio de Freitas joga parado. Como governador do estado mais rico da federação e adotado como preferido pelo mercado financeiro, ele nem precisa se mexer, até para não ferir as susceptibilidades do ex-presidente Jair Bolsonaro. Zema deu um pequeno passo nesta semana. O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, garantiu que ele será candidato, desde que Bolsonaro esteja fora do páreo.

Em 4 de abril, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tinha declarado no Rio de Janeiro que se o PSD tiver candidato a presidente da República ele será Ratinho Júnior. Mesmo Caiado que se lançou previamente ainda tem muito chão pela frente para se tornar eleitoralmente competitivo e para convencer o União Brasil a aceitar seu sonho eleitoral.

As candidaturas de Tarcísio e de Zema dependem do futuro político de Bolsonaro, por ora inelegível. Ainda que sua candidatura seja improvável, o ex-presidente trava Zema e Tarcísio, diferentemente do que acontece com Ratinho e com Caiado, que não têm seus destinos dependentes dele. Por isso ambos seguem jogando com vontade, Caiado com um pouco mais de ousadia política.

Curiosamente, os dois apresentam aos que não os conhecem discursos parecidos, semelhanças notadas por quem assistiu à apresentação de Ratinho Júnior no Lide de Brasília, em 25 de março. Ele destacou a segurança pública do Paraná por apresentar “o menor índice de criminalidade em 17 anos”, “a melhor educação”, citando entre outras medidas, o avanço de 36 para 440 no número de escolas em tempo integral, recordes na geração de emprego e crescimento econômico do Estado em seus seis anos à frente do governo.

Ratinho afirmou ter incentivado a transformação de commodities agropecuárias em alimentos, levando o Paraná a se tornar “o maior produtor de alimentos por metro quadrado do Brasil, em volume, quantidade e variedade” ou no “supermercado do mundo”. Seu governo, disse, também investiu fortemente em infraestrutura rodoviária, aeroviária e portuária para o Estado ser o principal hub de logística dos maiores PIBs da América do Sul localizados em um raio de 2 mil quilômetros do Paraná.

De acordo com Ratinho, o Executivo tem R$ 17 bilhões para investimentos e uma poupança perto de R$ 40 bilhões. Essas medidas, segundo ele, elevaram o PIB local de R$ 440 bilhões, em 2019, para R$ 614 bilhões, em 2022, e o Estado a ultrapassar o Rio Grande do Sul como a 4ª maior economia brasileira.

Quem vê Power Point não vê a realidade local, haja vista que Goiás também é o primeiro colocado do Brasil em todas as áreas de governo nos discursos de Caiado. Há, contudo, diferenças objetivas entre os dois Estados. Goiás tem o 9º PIB do país, posição que atingiu há décadas e apenas o 12º eleitorado do Brasil (4,8 milhões de pessoas) ao passo que o Paraná tem 8,5 milhões, o sexto do País. Os dois governadores são igualmente bem avaliados em seus estados. Segundo pesquisa Quaest de fevereiro, 86% aprovam Caiado aqui e 81% aprovam Ratinho lá.

Voltando aos quatro governadores presidenciáveis que prestaram honras a Bolsonaro, descontadas as variáveis de seus projetos, eles devem ter o mesmo desejo em comum, ainda que inconfessável: que Bolsonaro siga inelegível. Querem o bolsonarismo sem o Bolsonaro. Em entrevista à revista “The New Yorker”, publicada nesta semana, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirmou que “não há possibilidade” de o ex-presidente ser candidato antes de 2030, por conta de duas condenações, uma pelo TSE e outra pelo STF. Sendo assim, a disputa na direita será interessante de se ver. Em função do peso de Goiás e dos desentendimentos com o ex-presidente, Caiado sabe &nbsp;que seu caminho é mais tortuoso e longo.

Cileide Alves, jornalista

Quatro governadores e um desejo

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Cileide Alves

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Neste ano de 2025 é comemorado os 80 anos de vitórias da Força Expedicionária Brasileira na Europa. Com pouco mais de vinte mil “combatentes”, os expedicionários prenderam mais de vinte mil soldados alemães, incluindo um batalhão inteiro (com cerca de 15 mil soldados), na Itália, em abril de 1945. Encerrando com louvor uma expedição acima de todas expectativas nacional e internacional.

A maior parte das armas eram manuais (pois o exército dos EUA não forneceu armas mais modernas para a FEB). Sequer houve tempo de treinamento adequado em solo europeu. Pracinhas conquistaram Monte Castelo, onde os alemães tinham total visualização da região de travessia entre o sul e norte de parte da Itália.

O próprio Winston Churchill passou em vista às tropas brasileiras em solo italiano. Até os dias atuais, anualmente, cidades italianas libertas homenageiam a FEB, que foi reconhecida pela generosidade em distribuir rações e comida para os italianos.

Brasileiros costumavam utilizar as jaquetas do 5º Exército dos EUA por causa do frio. Generais alemães diziam que “para diferenciar um pelotão brasileiro de um norte americano, bastava observar se haviam ‘negros e brancos misturados’”.

O Brasil tinha, praticamente, o único “corpo de exército” da Segunda Guerra, no qual afrodescendentes lutavam com outras etnias nos mesmos pelotões. A “mistura étnica” dos brasileiros foi publicada em diversas revistas ou jornais militares nos quartéis dos Estados Unidos, e usada para as políticas inclusão de soldados afro-americanos com brancos.

A FEB, tinha um nível maior de autonomia do que as colônias dos países europeus, parte dos voluntários da “França Livre”, partisans italianos, entre outros aliados. Isso devido um processo de construção política do então presidente Franklin Roosevelt, pelo qual houve duas visitas oficiais (1936 e 1943), inserção do Brasil na “política da boa vizinhança” e até na criação do personagem “Zé Carioca” por Wall Disney. Para impedir que o Brasil apoiasse a Alemanha. E que o país sul-americano permitisse os EUA implantar uma base aérea em Natal-RN, ponto continental da América que seria mais próximo do norte da África ocupado pelos alemães.

Disney também ornamentou o emblema da cobra fumando da FEB. Resposta à uma crítica por parte da imprensa brasileira que dizia que “era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil lutar na guerra”. Como não havia uniformes “com a cobra fumando” para todos, costureiras italianas ornamentavam de forma improvisada, o símbolo da FEB nos uniformes dos pracinhas.

O Brasil teve um desempenho tão extraordinário na Segunda Guerra que foi convidado pelos aliados para atuar na pacificação da Áustria. O que não foi aceito pelas autoridades brasileiras. Afinal, lutar contra uma ditadura na Europa com um regime de “Estado Novo”, poderia deixar a aristocracia brasileira em “xeque”. Razão pela qual os pracinhas brasileiros, até os dias atuais, não tiveram o devido reconhecimento. Diferente de Churchill, a história do Brasil precisa muito “passar em vista” estes heróis brasileiros.

Força Expedicionária Brasileira, mestre em história pela UFG, pós-graduado em gestão ambiental, é analista ambiental

80 anos depois que a cobra fumou

Thiarlles Elias de Paula

Não há dúvida de que Robert de Niro é um dos grandes atores da geração norte-americana na faixa dos 80 anos. Não é o melhor de todos porque, além de inexistirem critérios objetivos para avaliar o trabalho artístico, há outro totem na tribo: Al Pacino, de 84 anos.

A maior diferença entre os dois é o teatro. De Niro tinha mais de 40 anos quando debutou na Broadway, na peça “Cuba and His Teddy Bear”. Foi a primeira e última vez que pisou num palco. É ator de cinema. Querido pelo público e exaltado pela crítica, é um dos mais ricos de Hollywood; tem um patrimônio líquido de meio bilhão de dólares.

Além de 11 filmes com Martin Scorsese, foi dirigido por Michael Cimino (“O Franco Atirador”), Bertolucci (“Novecento”), Terry Gilliam (“Brazil”), Sergio Leone (“Era uma Vez na América”), Brian de Palma (“Os Intocáveis”), Roland Joffé (“A Missão”), Tarantino (“Jackie Brown”). Sem ele o cinema não seria o mesmo, tantos e tão bons são os filmes que fez.

Pacino também esteve em grandes filmes. Mas deu os primeiros passos num palco e nunca mais saiu. Fez peças de Tennessee Williams, Brecht, Oscar Wilde e sobretudo Shakespeare: Shylock em “O Mercador de Veneza”, Marco Antonio em “Julio Cesar”, o rei em “Ricardo 3º” —tema de “Looking for Richard”, o documentário que dirigiu. É ator de teatro.

De Niro chega aos 82 anos a toda. Na televisão, estreou no streaming com “Dia Zero”, uma das séries mais vistas da Netflix. No cinema, é o duplo protagonista de “The Alto Knights - Máfia e Poder”. Na vida privada, por fim, é o pai zeloso de uma menina de dois anos –sua filha mais velha tem 53.

Os organizadores do Festival de Cannes irão homenageá-lo no mês que vem com uma Palma de Ouro Honorária. Na justificativa do prêmio, disseram que é “um mito”, “encarna a sétima arte”, “marcou os cinéfilos para sempre”.

“Dia Zero” fala de paranoia política, complôs, teorias da conspiração. É primo distante de “Sob o Domínio do Mal”, com Frank Sinatra, “A Trama”, com Warren Beatty, e “Três Dias do Condor”, com Robert Redford. Embora os temas sejam antigos, a trama é atual porque no seu centro está a polarização.

De Niro faz o respeitadíssimo ex-presidente George Mullen. No Brasil, ele seria a mescla inimaginável de Fernando Henrique e Dilma –e só se não tivessem disputado o segundo mandato, no qual se estreparam. Mullen se contentou com quatro anos de Casa Branca e ganhou a aura de reserva moral.

Ele escreve as memórias quando um ataque cibernético derruba a energia elétrica, algo corriqueiro em São Paulo, mas que nos Estados Unidos é crime –no caso, um ciberataque. A presidente em exercício (Kamala Harris ressuscitada) o convoca para descobrir quem é a Enel de lá.

Mullen não aponta o dedo para os suspeitos de sempre, os russos. Suspeita até da sombra porque tem alucinações, vê gente morta e, coitado, escuta o tempo todo “Who Killed Bambi?”, dos Sex Pistols. É fora de si que encara o filho insano de Eduardo Cunha com Arthur Lira e engaiola golpistas por tempo indeterminado. Terá superpoderes xandrônicos?

Falando sério: de Niro está impecável. Não sorri nunca. De tão cerrados, seu lábios sumiram. Expõe sem pejo o pergaminho enrugado em que seu rosto se tornou. Todavia, sua atuação não se destaca. O problema não é ele, mas o meio. Ninguém sobressai na televisão porque a tela pequena apequena, padroniza as pessoas. Nela não há atores inesquecíveis.

É melhor vê-lo em “The Alto Knights”, um filme tolo que diz algo do tempo em que estamos entalados. Está passando só num cinema, o Kinoplex Itaim, numa sessão por dia. Está fadado a repetir aqui seu fiasco planetário: custou US$ 50 milhões e rendeu US$ 15 milhões.

De Niro encarna a figura que o celebrizou, o gângster. É como comparsa do crime organizado, como metonímia da acumulação primitiva, que ele fulgura em “O Chefão 2”, “Era uma Vez na América”, “Os Intocáveis”, “Os Bons Companheiros”, “Cassino”, “O Irlandês”.

Tristemente, seu talento trágico cedeu lugar à técnica em “The Alto Knights”. Ele faz dois gangsteres de carne e osso, Vito Genovese e Frank Costello, e quem não tem osso nem carne é De Niro. Os bandidos são totalmente diferentes um do outro, e nem de longe parecem o ator. Contracenam, dialogam, agem em uníssono –mas são só aparência.

De Niro morreu. Quem tomou o seu lugar é um simulacro, um fetiche espectral, o homem robotizado que serve de síntese para a sociedade: não morrerá nunca, desde que seja para sempre um autômato.

Mario Sergio Conti, jornalista, é autor de “Notícias do Planalto”

O homem robotizado, um espectro

Mario Sergio Conti

O Mercosul racha ao meio na pior hora, com o Brasil e o Uruguai de um lado, articulando uma reação ao tarifaço de Donald Trump, e a Argentina e o Paraguai de outro, alinhando-se ao imperador norte-americano, justamente quando Trump implode o multilateralismo e a Europa, Ásia e África intensificam sua integração e seus blocos por auto-proteção e o acordo Mercosul-União Europeia ganha, ou ganharia, oportunidade e tração.

Se havia dúvidas sobre a divisão, elas acabam de ruir na cúpula da Celac, que reuniu países da América Latina e do Caribe em Tegucigalpa, Honduras, nesta quarta-feira. A declaração final foi apoiada por 30 dos 33 países, sob a liderança, entre outros, do Brasil. Quem ficou de fora? Argentina e Paraguai, além da sangrenta Nicarágua. Com um detalhe: os três presidentes não foram nem enviaram seus chanceleres, foram representados pelo terceiro escalão.

É por isso que o presidente Lula, que estava lá e mandou recados para Trump e Elon Musk, articula a integração e a resistência de América Latina e Caribe, muito além das fronteiras do Mercosul. A única reunião bilateral de Lula, aliás, foi com Cláudia Sheinbaum, do México, que equilibra bem a indignação e uma negociação efetiva com os EUA, com forte apoio dos mexicanos.

Lula disse que o comércio do Brasil com a Celac foi de US$ 87 bilhões em 2024, maior do que com os EUA, e destacou a importância que os blocos regionais assumem &nbsp;num momento de crise internacional como a atual, citando a Asean (10 países da Ásia), União Europeia (27) e União Africana (55). Não custa lembrar que foi nos primeiros governos Lula que o Brasil abriu embaixadas e promoveu forte aproximação com o Caribe - onde, como no resto do mundo, cada país, não importa tamanho e PIB, é &nbsp;um voto.

O Brasil já ganhou uma de Argentina e Paraguai, ao unir América Latina e do Caribe contra o candidato paraguaio à Organização dos Estados Americanos (OEA), que tinha o apoio dos EUA e acabou renunciando à disputa. Agora, a declaração da Celac propõe uma candidatura única para o lugar do português António Guterres na Secretaria Geral da ONU. No discurso, Lula defendeu que, além de ser da região, deveria ser uma mulher. Nos bastidores, o nome é o de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU.

Lula também destacou que “a ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra” na América Latina, para alertar: “a liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas”. Leia-se: o mundo de Trump.

Eliane Cantanhêde, jornalista