No Evangelho de Lucas (13, 31-32), um grupo de fariseus aproxima-se de Jesus e o orienta a sair de Jerusalém, pois Herodes queria matá-lo. A resposta de Jesus foi direta: “Ide dizer a essa raposa que eu estou curando e expulsando demônios e ficarei aqui até terminar o meu trabalho.” Na linguagem da política, o termo raposa costuma designar o político astuto, ardiloso e habilidoso, capaz de fazer o que for necessário para manter-se no poder. Se Jesus chegasse ao Brasil em nossos dias, certamente não chamaria de raposas os políticos que disputam a corrida presidencial de 2026, mas de abutres — aves de rapina necrófagas, que se alimentam de cadáveres. Embora a comparação seja dura, ela parece inevitável ao assistirmos à disputa eleitoral pela Presidência se intensificar em torno de uma ação policial cujo desfecho deixou mais de 120 mortos.