O que ouvimos no recente pronunciamento do CEO da Meta, Mark Zuckerberg, sobre as novas políticas de moderação da empresa marca talvez a mais importante convergência na nossa relação com as redes sociais e a política nos tempos da pós-verdade. Ele trata, sob o argumento da liberdade de expressão, de pontos centrais da geopolítica mundial: o controle da informação e a questão da verdade. Essa discussão não é recente. Desde os anos 1990, o controle da técnica que possibilita a circulação de informações é debatido por alterar profundamente a produção cultural, a indústria e o modo de vida. A partir de dados recentes, verifica-se que mais de 60% da população global utiliza smartphones, enquanto as redes sociais acumulam mais de 4,7 bilhões de usuários ativos, conforme relatórios de 2024. Essas plataformas se tornaram os principais canais de consumo e disseminação de informação. O fluxo instantâneo de conteúdo viabiliza o compartilhamento massivo, mas também contribui para a difusão de desinformação. Os algoritmos, projetados para maximizar o engajamento, frequentemente priorizam emoções e polêmicas em detrimento da verificação factual. Dessa forma, o ambiente digital reflete um novo paradigma no qual a atenção é mercadoria, incentivando a produção de conteúdos que, muitas vezes, afastam-se da realidade.