Desde o início de 2025, moradores de Goiânia vêm denunciando dificuldades expressivas para agendar consultas médicas, via SUS, bem como falhas no funcionamento dos canais de agendamento (0800 e WhatsApp). Muitos têm de recorrer às UPAs e CAIs (Centros de Atenção Integrada) quando não conseguem consulta de rotina. Também há notícias de que mutirões são acionados para “desafogar” a demanda por exames, cirurgias eletivas e consultas especializadas, o que indica uma fila de espera longa e acumulada.

Nos serviços de urgência e emergência, há críticas de que os atendimentos são “muito precários”. Pacientes permanecem por longo período, em longas filas, à espera de leitos hospitalares, embora muitos estão desocupados, por inadimplência do município com prestadores, impedindo que o sistema utilize toda sua capacidade.

O IMAS (Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia) acumula uma dívida considerável com hospitais, clínicas, médicos e prestadores. Aproximadamente R$ 220 milhões segundo relatório da UFG, admitido pelo presidente do instituto. A dívida afeta 44 prestadores e vários hospitais deixaram de atender o plano e os leitos bloqueados por falta de pagamento. O IMAS tem receita estimada em R$ 185 milhões e despesas que chegam a R$ 250 milhões, o que demonstra um déficit anual de R$ 65 milhões segundo diagnostico apresentado em audiência pública.

O secretário municipal de Saúde, Dr. Luiz Pellizzer, tem anunciado algumas medidas: reconhecimento público da crise financeira do IMAS, confirmação da dívida acumulada, promessas, até hoje não cumpridas, de que “o atendimento será normalizado à medida que forem feitos pagamentos aos prestadores”. Entre janeiro e abril de 2025, 41% das consultas ambulatoriais oferecidas em unidades básicas não foram agendadas. Falhas na operacionalização dos sistemas de agendamento, instabilidade nos canais de comunicação com os usuários e oferta de consultas ambulatoriais ociosas comprovam o caos e má gestão.

Ministério Público, vereadores e outras instâncias vêm cobrando explicações. A Câmara Municipal de Goiânia fez requerimentos para que a prefeitura e a secretaria da fazenda expliquem a necessidade de aporte ao IMAS e revelem detalhadamente as contas. O Ministério Público de Goiás (MPGO) já identificou dívida superior a R$ 250 milhões com hospitais privados e filantrópicos. A lei brasileira garante o direito à saúde como dever do Estado, com acesso universal e igualitário.

A ausência de leitos, ou de atendimentos, ou o não repasse a prestadores, podem configurar omissões ou improbidade. Há, portanto, base legal para que o MP ou o governo estadual intervenham, autuem ou proponham medidas judiciais, porém, até onde se apurou, não há indícios públicos de penalizações efetivas, como responsabilidades pessoais, exonerações ou outras sanções. Em resumo, a saúde municipal de Goiânia está passando por uma grave crise em 2025, em várias frentes: financeiro, estrutural, operacional e político/institucional.

Antônio de Moraes Júnior, médico urologista

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Goiânia: Saúde em crise

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Antônio de Moraes Júnior

Quatro meses após a aprovação em primeiro turno, o plenário da Câmara de Goiânia confirmou de forma unânime e definitiva, nesta terça-feira (21), o projeto de emenda à Lei Orgânica do Município que reduz de 120 dias (quatro meses) para 60 dias (dois meses) o prazo para que o Executivo Municipal apresente justificativas técnicas que impeçam a execução de emendas impositivas dos vereadores.A proposta é de autoria da mesa diretora da Câmara, que considera “excessivamente longo” o prazo atual dado ao Executivo para justificar ao Legislativo os impedimentos técnicos relacionados à efetivação das emendas. Segundo o texto, o período de 120 dias compromete o “acompanhamento tempestivo” da execução orçamentária, além de dificultar a fiscalização e o diálogo institucional “necessário à boa governança”.Os recursos correspondem a 2% da receita corrente líquida prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA) e geralmente são destinados por vereadores a obras ou a serviços prestados à comunidade.Por se tratar de alteração na Lei Orgânica, o projeto segue um rito especial: não precisa passar por comissão temática entre os dois turnos e, após aprovado, não requer sanção do Executivo, sendo promulgado diretamente pela própria Câmara.Na prática, a alteração antecipa o cronograma de execução das emendas impositivas municipais. Antes, a Prefeitura tinha até maio para apresentar justificativas e iniciar os pagamentos; agora, com o novo prazo, deverá fazê-lo até março. A medida tende a facilitar a execução orçamentária e, em ano eleitoral, também deve antecipar a liberação dos recursos destinados pelos vereadores.O vice-presidente da Câmara, Anselmo Pereira (MDB), diz que a aprovação da matéria representa “vitória para os dois lados”. “Não podemos deixar emendas impositivas de um ano para ser aplicada no outro ano. Quem pena com isso é a sociedade. Quem ganha também é a administração pública. Ao ser aplicada as emendas do ano no qual ela se propõe, tanto ganha o Legislativo com sua representatividade, ganha também o Executivo”, aponta. O secretário municipal de Articulação Institucional e Captação, Vanderlei Toledo Júnior, afirma que a mudança é positiva tanto para a Câmara quanto para a Prefeitura. O titular da pasta, responsável pelo controle das emendas parlamentares, diz que, agora, o que ocorre é apenas a “formalização” de um trabalho que já era desempenhado na prática. Vanderlei, no entanto, refuta a ideia de que haverá impacto na antecipação dos recursos em ano eleitoral e diz que o cronograma “seguirá normal no ano que vem”.Celeridade“Em geral, a gente já vem fazendo dentro desse prazo de 60 dias, com exceção de um ou outro, que são obras, que a gente tem que dar um acato. A ideia da redução é viável por conta disso, por conceder celeridade na análise”, afirma o secretário. “É positiva para ambos os lados, Câmara e Prefeitura. Antes, eu tinha 120 dias para mandar as justificativas da barragem das emendas, e aí a Câmara tinha mais 30 dias para fazer a devolutiva. Agora, haverá mais celeridade”, completa. Ainda segundo o auxiliar, o prazo menor não deve interferir na condução da análise das emendas dos vereadores. “As que são mais complexas são as destinadas a obras, em que a gente tinha que verificar orçamento e nem tudo vinha com orçamento e explicação nitidamente. A gente não analisa o plano de trabalho nesses 60 dias, mas o objeto da emenda nesse prazo, se é compatível ou não”, afirma Vanderlei.A matéria para redução do prazo de justificativas às emendas rejeitadas foi apresentada em maio, na esteira da regulamentação das destinações pelos vereadores. Na época, antes de os repasses serem normatizados por meio de projeto de lei, houve série de impasses entre os parlamentares e o Paço. Uma das principais reclamações dos vereadores desde o início da gestão do prefeito Sandro Mabel (UB), a demora no pagamento das emendas impositivas ainda é alvo de queixas na Câmara. Na semana passada, Coronel Urzêda (PL) chegou a subir à tribuna da Câmara para dizer que, caso o prefeito não pagasse as emendas impositivas, seria “o primeiro a assinar o impeachment do prefeito”.Por outro lado, o prefeito tem dito publicamente não se preocupar com insatisfação dos vereadores e que “não tem problemas em fazer cortes”.

Vereadores confirmam prazo menor para corte de emendas impositivas

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Câmara de Goiânia

Em muitas ocasiões mata-se o elefante para pegar uma pulga que nele está alojada. Isso virou rotina ultimamente na área jurídica para efeito de comparação analogicamente. Posso apontar, como exemplo, a questão do tráfico de drogas em que os grandes infratores, os tubarões, não aparecem e quando surgem muitas vezes são beneficiados e sobra só para os badecos uma punição.

Muitos traficantes reincidentes são colocados em liberdade se beneficiando da lei e voltam ao tráfico na maior tranquilidade do mundo e rindo dos trouxas. Ora, todos eles, tubarões e badecos, deveriam ser responsabilizados na medida de sua culpabilidade.

Outro exemplo é o crime de colarinho branco. O doutor Celso é beneficiado pelas brechas da lei, na contratação de grandes bancas de advocacia (o que a meu ver tem todo o direito) com um garantismo exagerado, sendo que o Zé da Carroça sempre leva chumbo. O grandão, poderoso, sai beneficiado e o menor não fica ileso de uma reprimenda. Aí também está a situação de executar o animal de grande porte para pegar um minúsculo inseto que nele está alojado.

Quantos traficantes, homicidas e estupradores estão por aí impunes e as instituições ficam mais preocupadas em ser justiceiras com pessoas de bem para dar o exemplo de punição no faz de conta e para até mostrar à sociedade de “quem manda aqui sou eu”, largando ao léu esses criminosos perigosos. Esses justiceiros, que querem massagear seus egos, ficam procurando picuinhas numa injustiça lascada e caçando chifres em cabeça de mula, procurando punir ouvindo só um lado, ao invés de serem justos e auscultando o outro lado também, e se esquecem, essas pessoas maldosas de que um dia pagarão caro por isso.

Tudo o que o homem semear, certamente um dia ceifará. O que semeia a injustiça, colherá futuramente a injustiça praticada.

Tudo isso apontado acima são só pequenos exemplos para esclarecer a incongruência entre os componentes e envolvidos em delitos. A experiência em quem tem muitos anos de judicatura mostra isso de maneira clara e límpida.

Contra fatos não há argumentos. O Desembargador de Sanctis diz: “Não se pode comprometer a imagem da Justiça como uma Justiça dual, que trata diferentemente pobres e ricos. O grande desafio do Judiciário brasileiro é reafirmar o princípio da igualdade e não fazer reafirmações que passam de forma concreta a ideia de que o crime compensa para alguns.”

Há diferença na condução de ações envolvendo pessoas com maior poder aquisitivo, com dinheiro para pagar bons advogados, e aquelas relacionadas aos pobres, negros e pessoas sem conexões. O Judiciário não pode ser desigual. Matou-se o elefante e não pegou a pulga nesse caso.

Ora, matar um paquiderme para pegar uma pulga nele incrustado, numa comparação metafórica, significa gastar muito tempo e dinheiro em apuração de um ilícito em que se tem um resultado pífio no final. Muito barulho e muita fumaça sem ter um resultado prático e objetivo. Assim, sacrificar o elefante para pegar uma pulga é o cúmulo da injustiça, a meu ver.

Jesseir Coelho de Alcântara, juiz de Direito

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

O elefante e a pulga

Jesseir Coelho de Alcântara

Prefeitura de Goiânia é obrigada a desocupar imóvel por falta de pagamento, decide Justiça

A Justiça determinou que a Prefeitura de Goiânia desocupe um imóvel onde funciona uma residência terapêutica&nbsp;por falta de pagamento de aluguéis. A decisão da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros Públicos é de 9 de outubro.&nbsp;

De acordo com a decisão judicial, o imóvel localizado no Jardim Presidente, região sudoeste da capital, foi alugado em abril de 2023, com contrato de vigência de 12 meses. Porém, desde maio de 2024, a prefeitura permanece no imóvel sem pagar os aluguéis e, segundo o locador, sem pagar as contas de água desde 2023.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/obra-na-marginal-botafogo-deve-seguir-por-mais-15-dias-1.3326456" target="_self">Obra na Marginal Botafogo deve seguir por mais 15 dias</a> 
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Nos autos, a Prefeitura de Goiânia alegou improcedência do pedido de despejo, sob o argumento de que o imóvel está afetado a um serviço público essencial. No entanto, a magistrada afirmou que a prestação do serviço não dá ao poder público o direito de permanecer indefinidamente em imóvel particular sem a devida contraprestação e contra a vontade do proprietário. “A supremacia do interesse público não é um princípio absoluto e não pode servir de escudo para o inadimplemento contumaz de obrigações contratuais.”&nbsp;

<div attr-cid="policy:1.3326693" attr-version="policy:1.3326693:1761069719" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3326693" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3326693', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3326693">Prefeitura de Goiânia é obrigada a desocupar imóvel por falta de pagamento, decide Justiça (1.3326693)</a></div>

Diante disso, a juíza Simone Monteiro determinou a desocupação do imóvel em até 30 dias.&nbsp;Além do pagamento de débitos referentes às faturas de água e esgoto devidas durante a vigência do contrato, bem como das que se vencerem até a desocupação do imóvel, o pagamento dos aluguéis vencidos desde maio de 2024 até a efetiva desocupação do imóvel.&nbsp;

Ao POPULAR, a Prefeitura de Goiânia disse que ainda não foi notificada pela Justiça sobre esta decisão. Segundo o locador, a prefeitura deve R$ 17.303,99 de aluguel do imóvel e R$ 42.207,26 das faturas de água e esgoto.&nbsp;

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JUSTIÇA

Do coração do Brasil, vemos todos os dias um estado que pulsa com inovação e excelência. Goiás não apenas cresceu, mas se consolidou como um polo de saúde de referência nacional, atraindo pacientes de todos os cantos do país em busca de cuidado, tecnologia e esperança. Esse protagonismo é fruto do trabalho incansável, da coragem e do pioneirismo de uma classe médica que sempre esteve à frente do seu tempo — e que, com conhecimento e sensibilidade, faz a diferença na vida de milhares de pessoas.

Nossos médicos e médicas carregam em seu DNA um espírito desbravador. Eles não se contentam em seguir protocolos; eles os aprimoram, revisitam e recriam. Estão em constante sintonia com o que há de mais avançado na medicina mundial, trazendo para o Centro-Oeste tecnologias e práticas que antes pareciam restritas aos grandes centros. Cirurgias robóticas, terapias personalizadas, medicina de precisão e abordagens integradas de cuidado são apenas alguns exemplos do quanto Goiás tem evoluído, mostrando que excelência em saúde também se faz aqui.

É um orgulho testemunhar essa dedicação que eleva o nome do estado e o posiciona como referência em diversas especialidades — da neurologia à oncologia, da cardiologia à medicina intensiva. Atrás de cada conquista há profissionais que acreditam que inovar é, antes de tudo, cuidar melhor.

Ainda sob o esteio do Dia do Médico, o convite é para olhar além do jaleco e enxergar o ser humano por trás da função. Por trás de cada diagnóstico preciso e de cada procedimento bem-sucedido, existe uma trajetória de sacrifício e entrega. Uma jornada que começa ainda na juventude, com anos de estudo, e que nunca se encerra, porque a medicina é uma ciência em constante transformação. São incontáveis as horas dedicadas à atualização, os plantões que atravessam madrugadas e os momentos em família que são adiados em nome de um propósito maior: salvar vidas.

Essa dedicação transcende a profissão e se transforma em missão. Admiramos a resiliência desses homens e mulheres que, mesmo diante do cansaço, encontram forças para oferecer não apenas conhecimento técnico, mas também uma palavra de alívio, um gesto de empatia, um olhar de humanidade. Eles se desdobram em múltiplos papéis: são cientistas, professores, gestores, pesquisadores — e, acima de tudo, guardiões da vida.

Todo esse destaque vai além do reconhecimento pela competência. É um agradecimento profundo pela entrega, pela coragem de enfrentar desafios diários e pela escolha de um caminho que exige tanto e devolve, em troca, a satisfação incomparável de transformar destinos. A força da medicina em Goiás é o reflexo direto da força de quem a pratica com amor, ética e compromisso.

Não são super-heróis nem super-heroínas — são pessoas reais, de carne e osso, que conjugam o verbo cuidar em toda a sua plenitude. Muito obrigado, médicos e médicas, por cada vida tocada, por cada gesto de esperança e por manterem aceso o propósito maior da medicina: servir à vida.

Jayme Ferraz, economista, com MBA em finanças e custos. Diretor da Kora Saúde em Goiás e atua à frente do Instituto de Neurologia de Goiânia e do Hospital Encore

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A humanidade por trás do jaleco

Jayme Ferraz

O Popular