A fraude do Banco Master rendeu um recente escândalo judicial que deixou muita gente indignada: o caso de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que compartilhou, com o advogado de um dos acusados na operação policial, uma confortável, privada e elegante viagem de jatinho para a assistir à final da Libertadores, vindo a apreciar (favoravelmente), poucos dias depois, um pedido desse mesmo advogado no processo que estava sob sua relatoria. A grita geral aponta para o ministro — e com razão. Juízes da Suprema Corte não podem, nem em sonho, envolver-se em tais promiscuidades. Mas existe a outra metade desse escândalo: o papel do advogado, que revela um problema tão grave quanto o do ministro. Como advogado que ama esta profissão, preciso colocar o dedo nessa ferida. O trabalho do advogado é essencial, mas realiza-se nos autos e nas tribunas. Despachos presenciais também são legítimos (e necessários), desde que ocorram com agenda oficial e nas dependências do tribunal. Tudo o que foge a isso flerta com o desvio de conduta. A relação entre a beca e a toga deve ser profissional, rejeitando o convívio mundano em ambientes de luxo e lazer.