A advocacia vive uma era de entusiasmo com a inteligência artificial generativa. Ferramentas capazes de redigir - em segundos - petições, pareceres e contratos têm fascinado profissionais do Direito e controllers de escritórios de advocacia. Ocorre, no entanto, que - como parecerista, professor especialista em redação jurídica e advogado há mais de duas décadas - faço um importante alerta: junto com a inteligência artificial (IA) deve vir a inteligência humana (IH). Tenho ficado muito preocupado com o fato de que a confiança cega na tecnologia esteja obscurecendo uma deficiência fundamental: a incapacidade de muitos profissionais em formular bons comandos (prompts) e, pior ainda, de revisar criticamente os textos produzidos pela IA. Essa preocupação ganha contornos ainda mais graves diante de um dado alarmante: quase 12% da população brasileira com diploma universitário é funcionalmente analfabeta, ou seja, tem dificuldades para compreender textos simples.