Dias atrás deparei-me com notícias que remeteram a lembranças de situações vividas e que me conectaram as tragédias sociais, que estamos vivenciando de forma assustadora nos dias de hoje. A notícia da morte do cantor Lindomar Castilho, me fez voltar para o final da década de 1980, quando trabalhava no Posto da Polícia Civil do Hospital das Clínicas (HC). Era comum o pronto socorro atender presos do Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás). Tenho a lembrança de uma manhã de fim de ano. O chefe do Pronto Socorro (PS), eufórico, recebendo presidiários para realizarem consultas e exames. Fazia parte do grupo, o cantor Lindomar Castilho, cumpria pena pelo crime de homicídio. Havia matado sua ex-mulher, Eliana de Gramont, a tiros, em março de 1981. Sua presença no PS do HC, era parte do seu trabalho como reeducando do Cepaigo. Era uma espécie de enfermeiro e causou um grande alvoroço, a medida que as pessoas presentes se davam conta de que se tratava de um preso famoso! Eu, uma jovem policial sem entender a situação, diante do assassino de uma mulher e ao mesmo tempo, do rei do bolero!