A democracia brasileira foi feriada de morte, entre 1964 e 1985, com a implantação no país do regime militar. Em Goiás, em 26 de novembro de 1964, esse regime fez uma grande vítima, ao depor o governador eleito desse Estado, Mauro Borges Teixeira, certamente uma das figuras políticas mais ilustres e competentes que Goiás já conheceu.

Assim, o governo de Mauro Borges foi apeado do poder por ações autoritárias e violentas de um presidente da República, no uso de atos institucionais, bem característicos da ditadura militar, então vigente no Brasil. No fatídico 26 de novembro e nos dias anteriores, o povo goiano, sob ameaça de tanques, aviões e armas, lotou a Praça Cívica Pedro Ludovico, em frente ao Palácio das Esmeraldas, defendendo desse quadro de violência e atrocidade o seu legítimo governador.

Até hoje, passados 60 anos, vários de nós trazem à lembrança esse marcante episódio da história política de Goiás. Com o golpe militar, assumiu interinamente o governo de Goiás o interventor coronel Meira Matos, com a intenção de desenvolver ações políticas para o afastamento definitivo de Mauro Borges, levantar falsas acusações de corrupção, perseguir os auxiliares de Mauro Borges e seus aliados políticos.

Diante de todos estes fatos arbitrários, a população goiana se escandalizava, pois, nenhuma prova foi apresentada contra o governo goiano deposto. Após uma forte resistência tenaz e enérgica de um grupo de parlamentares estaduais, afirma Borges em uma de suas publicações sobre esse triste ocorrido, a Assembleia Legislativa de Goiás declarou improcedentes as acusações sobre ele, arquivando os inquéritos militares, porém aprovando, sob pressão, a instituição do estado de necessidade, figura jurídica criada pelos interventores golpistas, para justificar a vacância do cargo de governador e assim elegendo o Marechal Emílio Rodrigues Ribas Júnior, o novo mandatário de Goiás.

Mauro Borges passou longos anos longe da vida pública, sem nunca deixar de lado a missão de ajudar o seu povo, cumprindo a herança e os caminhos trilhados por seu pai Pedro Ludovico Teixeira e por sua mãe Gercina Borges Teixeira. O seu governo, com o Plano de Desenvolvimento MB, é até hoje considerado um dos mais moderno do país, ao inaugurar nos estados o conceito de planejamento. Em Goiás, boa parte ainda da estrutura pública estadual, está baseada nesse plano.

Com a abertura democrática, Mauro Borges foi eleito senador, em 1982. Ficou até 1990 no Senado e se elegeu deputado federal, encerrando o seu mandato em 1994, sempre defendendo os interesses de Goiás. Em 29 de março de 2013, Mauro Borges veio a falecer, deixando para a nossa população um legado de honestidade, competência e espírito público a ser seguido pelos goianos.

Hoje, quando lembramos da deposição de Mauro Borges Teixeira, temos uma grande oportunidade de pensar na nossa democracia e na importância desse grande estadista. Inegavelmente, Pedro Ludovico e Mauro Borges honraram seus mandatos, sendo exemplos para o nosso povo e para os políticos.

Desejo que, cada vez mais, as atuais e as novas gerações de goianos conheçam essa história, distinguindo o valor daqueles que ofereceram suas vidas, em favor do desenvolvimento de Goiás. Que assim seja!

Paulo Borges Campos Júnior, economista, mestre em História e doutor em Ciências Ambientais pela UFG&nbsp;

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O golpe em Goiás

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Paulo Borges Campos Júnior

O agronegócio de Goiás vive uma transformação, e o Sistema Faeg/Senar tem sido protagonista nesse processo. A integração entre tecnologia, inovação e capacitação é essencial para superar os desafios do setor, promovendo um agro mais sustentável e competitivo.

A inovação no campo não é mais uma opção, mas uma necessidade. O Sistema Faeg/Senar capacita e apoia produtores rurais e jovens empreendedores para enfrentar as exigências do mercado global, fortalecendo o agronegócio goiano e brasileiro e posicionando Goiás como referência em inovação.

O Desafio AgroStartup 2024 é um exemplo dessa atuação. Por meio de maratonas, aulas e mentorias, o programa conectou jovens a soluções tecnológicas e práticas sustentáveis. Com mais de 1.000 inscritos e 600 participantes, a iniciativa se consolidou como uma das maiores ações de inovação no estado.

Além disso, o CampoLab, Hub de Inovação do Sistema Faeg/Senar/Ifag, completou cinco anos de atividades. O CampoLab conecta o produtor rural com inovações tecnológicas, oferecendo infraestrutura e mentorias que atendem às suas necessidades práticas. Esse espaço se tornou um ambiente ideal para o fomento de startups e soluções com impacto social, econômico e ambiental.

O Senar Goiás tem papel fundamental na capacitação de jovens e trabalhadores rurais, oferecendo milhares de cursos anuais, focando em áreas como gestão, sustentabilidade e tecnologia. O Senar prepara a mão de obra rural para o agronegócio moderno.

O Sistema Faeg/Senar também investe em práticas ESG (ambientais, sociais e de governança), essenciais para garantir a sustentabilidade da produção agrícola. Projetos que integram essas práticas à produção rural, aliados a tecnologias como a agricultura de precisão e a inteligência artificial, tornam Goiás mais competitivo no mercado internacional, atendendo à crescente demanda por práticas ambientais responsáveis.

Parcerias com entidades como o Sebrae e a Fapeg têm garantido suporte financeiro e aceleração de projetos, conectando produtores a investidores e criando um ambiente de colaboração que favorece o desenvolvimento do agronegócio.

Em novembro, durante a Campus Party Goiânia, um dos maiores eventos de tecnologia do Brasil, o Sistema Faeg/Senar terá a oportunidade de mostrar como a inovação tem sido aplicada no agro goiano, reforçando a importância de Goiás como um polo de inovação agropecuária.

O Sistema Faeg/Senar se destaca por integrar tecnologia, inovação e capacitação de forma estratégica, oferecendo soluções concretas para o campo. Ao investir em educação e promover parcerias, contribui para o fortalecimento do agro, respeitando o meio ambiente e promovendo o desenvolvimento de Goiás e do Brasil.

A missão é clara: transformar o agro por meio da inovação, capacitação e soluções sustentáveis. Goiás se consolida como referência na produção de alimentos, mostrando que a verdadeira revolução no campo começa na valorização e fortalecimento de seu produtor rural.

José Mário Schreiner, presidente do Sistema Faeg/Senar, presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae Goiás e primeiro vice-presidente da CNA

Inovação que transforma o agro

José Mário Schreiner

Os novos prefeitos, que assumirão os cargos em janeiro de 2025, terão novos desafios pela frente. Não é preciso ser muito atento para observar que a natureza tem se manifestado de maneira cada vez mais intensa diante do descaso com que tem sido tratada.

O ano de 2024 trouxe fortes evidências de que as cidades precisam se preparar para as mudanças climáticas que já ocorrem hoje e que não são mais apenas previsões para o futuro. Precisamos reaprender o que as gerações mais antigas já sabiam: ir contra a natureza é um duelo previamente perdido.

Em novembro de 2019, um grupo de 11.258 cientistas, de 153 diferentes países, publicou um relatório na revista científica BioScience, da Universidade de Oxford, defendendo a “obrigação moral” de cientistas alertarem claramente que o mundo “enfrenta uma emergência climática clara e inequívoca”. Em outubro de 2024, essa mesma revista publicou um novo artigo indicando que “estamos entrando em uma nova fase crítica e imprevisível da crise climática”.

Evidências não faltam.

As fortes chuvas na região metropolitana de Porto Alegre, ocorridas entre o final de abril e início de maio de 2024, afetaram cerca de 2,4 milhões de pessoas, sendo que mais de 442 mil moradores tiveram que deixar suas residências. Ao todo, 478 municípios gaúchos foram atingidos por inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra, e 183 pessoas perderam suas vidas.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2022), no Brasil, 61% da população vive em centros urbanos, tornando o país particularmente vulnerável a desastres climáticos. Grande parte das cidades brasileiras apresenta diversos pontos de alagamento e populações vivendo em áreas de risco.

Fatos recentes de nossa história demonstram que a ocupação de fundos de vale e a impermeabilização dos solos constituem uma equação que produz resultados muito perigosos para nossa população. Torna-se urgente e necessário que os novos gestores municipais assumam o compromisso estabelecido na Lei nº 12.187/09, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC, adotando iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados das alterações climáticas.

Exemplos de ações incluem a criação e manutenção adequada de áreas verdes, a restauração das margens dos rios, o controle da poluição das águas, a instalação de pavimentos permeáveis, a promoção do transporte não motorizado, a gestão adequada dos resíduos sólidos e o restabelecimento do IPTU Verde.

Todas essas medidas são possíveis e dependem exclusivamente da vontade política local. E é essa vontade que esperamos que ocorra!

Emiliano Lobo de Godoi, professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

Prefeitos e as mudanças climáticas

Emiliano Lobo de Godoi

A pesquisa Panorama 2025, produzida pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em parceria com a Humanizadas, destacou as cinco tendências que mais influenciarão o mercado brasileiro no próximo ano. O estudo, que reuniu 733 empresas de variados setores e portes, oferece uma visão abrangente sobre os movimentos e tecnologias que moldarão o futuro dos negócios no país, orientando o setor privado para um cenário cada vez mais dinâmico e competitivo.

Para 67% dos líderes empresariais, a Inteligência Artificial (IA) se destaca como a maior força de transformação para 2025, com potencial para revolucionar processos, otimizar a análise de dados e elevar a tomada de decisões. Apesar disso, apenas 28% das empresas afirmam estar preparadas para utilizá-la de forma eficaz, o que aponta para a necessidade de avanços em capacitação e investimento na área. Este é um campo de grande valor estratégico para as empresas, que poderão alcançar maior eficiência ao longo dos próximos anos.

Na busca pela alta performance, 47% dos executivos reconhecem a importância de manter operações cada vez mais eficientes. Entre esses, 38% dizem estar prontos para liderar o movimento por mais produtividade e inovação. Empresas que promovem uma cultura focada em resultados terão uma vantagem competitiva em 2025, adaptando-se com agilidade às constantes mudanças do mercado.

Já a sustentabilidade é outra tendência essencial: 46% das empresas acreditam que práticas sustentáveis serão um diferencial importante, ainda que apenas 22% se considerem prontas para implementar essas iniciativas. A crescente demanda de consumidores, investidores e órgãos reguladores por responsabilidade ambiental torna a sustentabilidade fundamental para a competitividade, além de favorecer uma imagem corporativa positiva.

A digitalização de produtos e serviços surge como prioridade para 43% das empresas, que preveem um impacto significativo dessa transformação. Ainda assim, apenas 25% das organizações se sentem preparadas para essa mudança. Adotar o digital permitirá que as empresas se aproximem dos clientes, criem novas oportunidades de receita e modernizem seus portfólios para um mercado cada vez mais conectado.

Por fim, a gestão de riscos estratégicos emerge como uma necessidade crescente, sendo prioridade para 42% das empresas em um cenário de incertezas. Contudo, somente 19% das áreas de compliance estão adequadamente estruturadas para assumir essa função, enquanto 10% das empresas já usam IA para detectar fraudes e mitigar riscos, uma inovação com potencial ainda subaproveitado.

Com a Panorama 2025, a Amcham Brasil reitera sua contribuição essencial ao setor privado, promovendo análises que orientam as empresas sobre as transformações em curso e sobre os principais desafios e oportunidades para o futuro. Essas informações ajudam organizações de todos os tamanhos a se preparar para competir de forma inovadora e sustentável, fortalecendo o papel do Brasil no mercado global.

Lucas Arruda, gerente Regional da Câmara Americana&nbsp;de Comércio em Goiás (Amcham GO)

Tendências de mercado em 2025

Neste ano que se encerra daqui a pouco, assistimos repetidas vezes, estarrecidos, as expressões violentas e mais frequentes de um fenômeno mundial e nacional - as mudanças climáticas. Elas se multiplicam e se agravam em todos os continentes; demonstram que fronteiras são imaginárias - tudo está conectado. Sobre esse tema nenhum país é soberano, não há ideologia.

Respostas da Natureza nos chegam em forma de tempestades e temperaturas extremas, baixíssima umidade relativa do ar, inundações, secas rígidas, vendavais, queimadas, doenças, fauna e flora aflitas – milhares de seres vivos, mortos. Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta: “Estes extremos climáticos estão ocorrendo simultaneamente, causando impactos em cascata, cada vez mais difíceis de gerenciar.”

No Rio Grande Sul, no início do ano, vimos inúmeras perdas, quase duzentas vidas. No Sul da Espanha, recentemente, mais de duzentas vidas perdidas na “maior tempestade do século”, onde um homem pego em saques, declarou ao El País, tratar-se de “uma medida de sobrevivência”. Enquanto bombeiros procuravam gasolina em veículos abandonados, para abastecer geradores; travou-se batalha por água potável. O aquecimento global seria o causador, segundo o jornal espanhol.

O clima é um sistema caótico, dinâmico, indomável, sobre o qual há décadas, a ciência estuda e vem refinando os modelos de previsão, com argumentos e fundamentos antecipados, sobre fenômenos e tragédias em curso. Por esse conhecimento, haveremos de ser capazes de tomar decisões que conciliem interesses - da orientação científica, que aponta perigos exaustivamente comprovados; da orientação política, que vai decidir leis e definir políticas públicas, pela prevenção, mitigação de danos e pelo enfrentamento de eventos naturais e provocados.

A mão (des) humana ateia fogo e o fogo, depois de feito, só sabe se alastrar, embala com o vento a ordem proposta – o fogo também só quer existir, dribla a brigada a troco de queimar. O vento, invisível parceiro, potencializa a expansão dos estragos, como vimos aqui e em outros lugares. O mesmo vento é riqueza, se tornado combustível limpo - energia e luz.

Pelo bom senso - sobre viver -, que seja possível encontrar o termo médio, o caminho do meio... Do meio ambiente. Equilibrar interesses de sustentabilidade – preservação, produção e oportunidades. Nesse complexo contexto, cada cidadão/cidadã tem papel determinante, entre direitos e deveres. Pensando nisso, o tema “Mundo justo e planeta sustentável ”foi debatido no Fórum de Cooperação Econômica Internacional – G20, que aconteceu no Rio de Janeiro e reuniu lideranças mundiais.

Países que exportam petróleo e gás querem adiar medidas e acordos, por razões econômicas; países que importam petróleo e gás querem soluções urgentes de energia limpa, por razões de sobrevivência. A natureza, e nela a vida, é claro, requer urgência nas ações afetivas, sob pena de continuar penalizando muitos seres humanos mundo afora.

O problema não é inédito, mas exige soluções inéditas - enfrentar desafios climáticos envolve governanças globais complexas - público, privado e sociedade civil. Hora de somar e unir política, ciência, tecnologia e produtividade, aos saberes originais dos povos, das florestas, da ancestralidade, dos rios voadores, que irrigam o dia seguinte de todos.

Miguel Cançado, advogado, ex-presidente da OAB-GO. Ex-presidente do Conselho de Comunicação do Congresso Nacional