Quando se fala em aquecimento global, a primeira imagem que nos vem à cabeça é o derretimento das geleiras polares. O que muitos não percebem, contudo, é que o impacto mais imediato não está nesse gelo que se desfaz, mas no “derretimento” das estruturas do SUS, que se vê pelo aumento das filas nos postos de saúde, nos prontos-socorros superlotados e nos orçamentos cada vez mais apertados dos municípios brasileiros, especialmente daqueles economicamente mais frágeis. O clima em aquecimento já se traduz em mais doentes, mais internações e maior pressão sobre o SUS. Não se trata de uma hipótese futurista, mas de uma realidade comprovada por estudos, relatórios e, sobretudo, pela rotina de quem atua na saúde pública. A exposição a ondas de calor amplia o risco de doenças e sobrecarrega os serviços de saúde em todo o país, um sistema que originalmente não foi estruturado para enfrentar a crise climática. Cada grau a mais no termômetro significa mais pessoas desidratadas, mais insuficiências cardíacas descompensadas, mais crises respiratórias, mais idosos e crianças sendo levados às UPAs.