A apoteose do Oscar se dá no dia da premiação, na missa negra no tapete vermelho. Ela associa esbórnia e indústria, baile de máscaras de Veneza e de fantasias no Copacabana Palace, conclave vaticano e olimpíada parisiense, Paraíso de Dante e Programa Silvio Santos. Também é trepidante a novela que culmina na entrega de estatuetas de seres sem genitália mas de espada na mão, como disse Dustin Hoffman ao ganhar uma. Há pescotapas e psicopatas, o zurro de bilhões de asnos virtuais, cancelados que revidam baixarias, marqueteiros de deixar Sidônio siderado. Espremido entre modinhas e mexericos, o cinema escorrega para o segundo plano no Oscar. No Nobel de Literatura é diferente: o critério do comitê que decide o prêmio é divulgar escritores pouco lidos fora de seus países. Foi o que ocorreu com a bielorrussa Svetlana Alexievich, a polonesa Olga Tokarczuk e há pouco com a sulcoreana Han Kang.