O setor varejista segue se perguntando: onde estão os trabalhadores? A cada ano, o número de autodemissões cresce, e as vagas abertas no comércio seguem sem candidatos. No ano passado, quase 8,5 milhões de trabalhadores pediram demissão voluntariamente, estabelecendo um recorde histórico no país. O motivo apontado foram insatisfações profundas com as condições laborais oferecidas atualmente. O comércio varejista enfrenta um problema estrutural que não será resolvido apenas com cursos ou benefícios governamentais reduzidos. O trabalhador precisa de um motivo real para se comprometer com uma vaga, e isso começa por salários dignos, benefícios sociais justos e condições adequadas de trabalho. Sem isso, o resultado é previsível: ninguém quer se submeter a um emprego onde é vigiado até para ir ao banheiro, passa o dia inteiro em pé sem direito a descanso e enfrenta metas impossíveis de serem alcançadas. Outro fator que não pode ser ignorado é a precariedade do transporte público. O trabalhador que precisa estar às 8 horas no emprego é o mesmo que enfrenta frotas insuficientes, longas esperas e veículos lotados.