A virtude não está nos gritos inflamados nem nas bandeiras da pureza absoluta. Quem ostenta moral impecável em público, frequentemente esconde no privado suas contradições. Essa hipocrisia tem corroído o debate político no Brasil, onde muitos que pregam “Deus, pátria e família” ignoram o sofrimento alheio ou justificam o injustificável. O Brasil está exausto. Cansado de discursos vazios e líderes que mascaram incoerências com palavras bonitas. A “comemoração” do 8 de janeiro, convocada pelo presidente Lula perdeu a oportunidade de realmente defender a democracia. Ao posar ao lado do ministro Alexandre de Morais no ato, Lula só reforçou a polarização. Afinal, o ministro está sob suspeição de julgar os acusados de invadir e depredar os prédios do Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2022. O extremismo de ambas as partes chegou a tal ponto, que ano passado, um homem explodiu uma bomba no próprio corpo ao tentar invadir o Supremo Tribunal Federal, acreditando ser mártir de uma causa que nada constrói. Essa triste polarização é alimentada por duas narrativas ideológicas antagônicas que não vão resolver os problemas crônicos do país.