No Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV), as doenças oncológicas (câncer), os acidentes de trânsito e os homicídios figuram entre as principais causas de mortalidade. Liderando as pesquisas, as DCV representam 30% do total de óbitos no Brasil, tornando-se a principal causa de morte.

Em 2024, aproximadamente 400 mil pessoas morreram devido a problemas cardiovasculares, cerca de 1.096 óbitos por dia, incluindo 170,5 mil por infarto agudo do miocárdio (IAM) e 138,4 mil por acidente vascular cerebral (AVC). Os homens morrem mais que as mulheres, 52% x 48%, respectivamente.

Em 2º lugar vem as doenças oncológicas com 254.770 mortes registradas em 2024, cerca de 698 mortes por dia. Os tipos de câncer que mais causam óbitos, variam entre os sexos. Em homens, o câncer de próstata é o mais letal. Em mulheres, o câncer de mama lidera. Em seguida, em ambos os sexos, vem traqueia, brônquios e pulmões.

Os acidentes de trânsito, ocupam o 3º lugar com 66.795 mortes em 2024(Portal do trânsito), a média diária é de 183 óbitos. As colisões envolvendo motociclistas são as mais fatais, a maioria das vítimas são homens (88%). A faixa etária mais vulnerável está entre 20 e 59 anos e 18% entre os jovens de 20 a 24 anos.

Os homicídios também possuem uma estatística de óbitos muito preocupante, apesar que houve uma queda sequencial nos assassinatos nos últimos 4 anos, desde 2020, quando o país registrou 45.522 mortes, queda acumulada de 16%, quando comparado aos 38.975 óbitos em 2024 (Sinesp - Jan/2025). Historicamente os homens são as principais vítimas de homicídio no Brasil. No entanto os feminicídios chamaram muito a atenção pelo aumento de casos (12%) em 2024.

Que tipo de campanha pública e até privada/patrocinada poderiam ser realizadas para orientar a população e diminuir o número de óbitos no Brasil? Em DCV, campanhas como o “setembro Vermelho” visam conscientizar sobre a importância de hábitos saudáveis e consultas regulares e anuais para a prevenção de doenças cardíacas. Como medidas preventivas, adotar uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, tratar a obesidade, evitar o tabagismo e controlar o estresse.

Nas doenças oncológicas, a Sociedade Brasileira de Urologia e o Instituto Nacional de Câncer promovem diversas campanhas anuais focadas na prevenção e detecção precoce de diferentes tipos de câncer, como por exemplo o “outubro rosa e o novembro azul”. Realizar exames preventivos periódicos, manter um estilo de vida saudável e evitar fatores de riscos, como o sedentarismo, tabagismo, obesidade, infecções/inflamações e o consumo excessivo de álcool irão contribuir muito.

O movimento “maio amarelo” busca sensibilizar a sociedade para a redução de acidentes de trânsito por meio de ações educativas e preventivas, mais o ministério da educação bem que poderia colocar na grade do ensino fundamental a matéria “educação no trânsito”. Respeitar as leis de trânsito, como por exemplo, evitar o uso de celular ao dirigir, respeitar os limites de velocidade, não ultrapassar em locais proibidos, não consumir bebida alcoólica antes de dirigir e cuidar da manutenção do seu veículo, com certeza iriam diminuir bastante a incidência de óbitos por este motivo.

Antônio de Moraes Júnior, médico urologista

Ranking de óbitos no Brasil

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Antônio de Moraes Júnio

O homem do sorriso gostoso, quase sempre bem humorado, da contramão dos protocolos, do dispensador de pompas e privilégios, do fanático torcedor do San Lorenzo, argentino jesuíta e cardeal de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio, eleito primeiro Papa latino-americano, em 13 de março de 2013 e que – com sua saúde fragilizada – chegou de surpresa na Praça de São Pedro no último domingo, esperou celebrar a Páscoa de Cristo e, logo na madrugada da manhã seguinte, viveu sua Páscoa, com 88 anos de idade.

Sendo o 266º Papa, em seus 12 anos de Pontificado, viveu a “Alegria do Evangelho”, título dado à sua Exortação Apostólica de 2013 e a “Alegria do Amor”, Exortação Apostólica de 2016; convocou dois Jubileus, o da Misericórdia e o da Esperança, respectivamente em 2016 e 2025; quatro Sínodos – sobre Família, Jovens, Amazônia e Sinodalidade – e fez 47 viagens apostólicas internacionais, sendo a primeira aos jovens do mundo todo, marcando maravilhosa presença à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, ainda no primeiro ano de seu Pontificado. Às juventudes ele disse: “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! ”.

Por dica do amigo franciscano e cardeal brasileiro, Dom Cláudio Hummes, Bergoglio delineou seu programa de vida como Papa, já na escolha do nome: Francisco. Em sua primeira manifestação pública disse: “Foram buscar um bispo no fim do mundo, para ser o bispo de Roma”. O franciscano teria soprado no ouvido do jesuíta: “Não se esqueça dos pobres”. E assim, Francisco se torna o Papa certo para a Igreja e o Mundo de hoje; sendo inclusive o primeiro Papa não europeu em 1.300 anos.

Com uma herança eclesiástica e, consequentemente eclesial, profundamente dividida após a renúncia de seu antecessor, e exercendo o seu ministério, por quase uma década, com dois Papas vivos, Francisco, muito perspicaz, místico, didático e iluminado pelo Evangelho e pela renovação pastoral e eclesiológica, próprias do Concílio Ecumênico Vaticano 2º, foi introduzindo, aos poucos, uma série de reformas para que a Igreja Católica voltasse a ser, em seu todo, mais evangélica, mais samaritana, mais inclusiva e mais sinodal e, para isso, seu estilo de vida contribuiu muito: seus gestos, suas iniciativas, suas palavras e seus escritos.

Inúmeras são as marcas de seu Pontificado, destacando algumas como o apelo à Igreja Católica para que saia da autorreferencialidade, que saia dos templos fechados e de corações indiferentes e se torne uma “Igreja em saída”, levando-nos ao encontro de todos e todas, e a tolerância e diálogo, em especial com as alteridades. A luta para restaurar a credibilidade de uma Igreja abalada por escândalos financeiros e de abuso sexual do clero.

Além da luta pela justiça social, por questões socioambientais, pela dignidade humana em todas as suas formas, a defesa da paz, da preservação da qualidade do Planeta Terra (a nossa Casa Comum) e da ética cristã: compaixão, inclusão e o amor ao próximo. Muito forte também são suas denúncias sobre a lógica de uma “economia que mata” e destrói a “Casa Comum”, acompanhadas de propostas de um mundo de “pontes”, na lógica da “fraternidade e da amizade social”.

Francisco “de Roma”, agora juntamente com Francisco de Assis, interceda junta a Deus para que a Terra, a Moradia e o Trabalho – direitos sagrados – sejam de todos e todas. Oro para que venha o Papa Francisco 2º.

Frei José Fernandes Alves, frade dominicano, teólogo, especialista e militante em direitos humanos

O Papa do fim do mundo

Frei José Fernandes Alves

Completamos um ano de atividades. De criação, aperfeiçoamento e avanços na gestão da limpeza urbana de Goiânia. E ainda de consolidação do exercício e compreensão das consequências ambientais e sanitárias geradas pelo lixo. A coleta é um serviço especializado no recolhimento de material e o tratamento dado ao lixo, como a reciclagem, é alternativa importante no processo da zeladoria da cidade.

A expansão do Consórcio Limpa Gyn, para atender a demanda da cidade, foi substancial. Obtenção de caminhões, basculantes, máquinas e varredeiras mecanizadas, contratação de mão de obra, execução de obras físicas para acomodar colaboradores, estruturação de novas garagens, investimento em treinamento, novas tecnologias e posturas e na modernização e automação dos serviços.

Ao lado da ampliação da estrutura física cresceu também a preocupação com os impactos oriundos do lixo. A falta de políticas públicas nas esferas governamentais voltadas a coibir, com a devida e necessária conscientização, o destrato com o lixo, é urgente. Isso se aplica em todas as situações: doméstico, entulho ou inservíveis. O descartável impacta a saúde humana e, principalmente, o meio ambiente

A montagem de garagens, contratação de pessoal, definição de processos, adaptação de rotas seguindo os passos da população e do cotidiano da cidade, também passam pelo foco ambiental. Quem lida com o lixo necessita dimensionar o seu possível estrago, se não tratado devidamente. É premente a proteção do que resta da natureza nas cidades. A conscientização começa em casa, em pequenas ações do dia a dia, que resultam em posturas respeitosas ao bom ambiente para a vida. Neste sentido, de falta de visão da degradação ambiental provocada pelos rejeitos, enfrentamos e extinguimos a crise do lixo na cidade, que se encontrava tomada por detritos. E foram coletores, com visão de problemas que o lixo pode causar, que fizeram a coleta. Esse refinamento das equipes para atuarem também como agentes ambientais prossegue nos treinamentos.

As quatro garagens construídas, seguindo o melhor processo de logística, nas Regiões Norte, Sul, Leste e Oeste, e a melhor composição de equipes, para eliminar o lixo da cidade, buscam atender os procedimentos de proteção ambiental. Os projetos que são desenvolvidos também nas escolas, de formação entre jovens, quanto a separação do lixo, colabora com o procedimento dentro de casa.

No prosseguir das ações e readaptando processos às necessidades da população, mesmo atravessando três gestões distintas na Prefeitura, implantamos novos planos de trabalho, nova logística, e nos aproximamos da demanda real da cidade. O que resultou em aumento dos resultados positivos.

A missão prossegue com o foco de alcançar a maestria na execução dos serviços e na proteção da vida mediante o seu meio ambiente. A busca está em avançar com excelência a coleta de resíduos, domiciliar e seletiva, e o recolhimento de inservíveis, pela remoção de entulho e cata-treco, aliados a adoção de novos hábitos para criar condições favoráveis de vida em coletividade.

Cremos em um novo panorama, onde a ação de limpeza pública de cidades consiste também na educação da sociedade sobre o lixo e seu impacto ambiental, e principalmente, a redução do consumo.

Renan Andrade, engenheiro civil,&nbsp;pós graduado em Gestão de Projetos e MBA em Gestão de Pessoas, Liderança&nbsp;e Produtividade. Diretor do Consórcio Limpa Gyn

Avanço e conscientização

Renan Andrade

A morte de Jorge Bergoglio, cardeal argentino que liderou a Igreja Católica e foi chefe de Estado do Vaticano entre 2013 e 2025 como o inesquecível papa Francisco, além de significar um marco triste não apenas para os fiéis, mas para todos que admiravam sua postura humilde, progressista e conciliadora, representa enorme desafio para a instituição e para o seu sucessor.

Tanto no que se refere à fé católica como ao conturbado cenário mundial, não será tarefa fácil levar adiante o legado do último Bispo de Roma. Para começar, o pontífice a assumir deverá navegar pelas correntes conflitantes entre a necessidade de reforma e adaptação da Igreja ao contexto dos tempos atuais e a missão de manter as tradições e dogmas do catolicismo, além de lidar com as reivindicações das alas mais conservadoras, que não viam com bons olhos o progressismo de Francisco.

Quanto ao cenário externo, o desafio será o posicionamento do Vaticano e da Santa Sé frente a questões sensíveis como a Guerra da Ucrânia, as tensões entre Rússia e Otan, os conflitos da Faixa de Gaza e do Oriente Médio em geral, o aumento do extremismo e a crise de refugiados, para não falar das políticas radicais de governantes e seus efeitos no contexto global, notadamente Donald Trump, nos EUA.

A polarização política, tão acentuada, também será um teste para a capacidade diplomática e a liderança do novo Papa. É impossível, no contexto atual, não abordar questões polêmicas, o choque entre culturas e religiões, e os posicionamentos políticos nos muitos conflitos e tensões pelo mundo.

E, invariavelmente, qualquer pronunciamento do chefe da Igreja irá ser avaliado sob a ótica do aprisionamento ideológico que é a polarização Esquerda versus Direita. O papa Francisco, inclusive, vivenciou essa tendência ao longo de praticamente todo o seu papado.

Figura polêmica, considerado sábio por muitos devido a seu perfil moderado e conciliador, outros o taxavam de “papa comunista” por considerarem que usava sua posição para levantar bandeiras da esquerda — isso para não mencionar coisas piores que seus detratores mais radicais diziam, sobretudo na arena de ódio que se transformou as redes sociais.

Na posição da Santa Sé do Vaticano nesse cenário polarizado, o grande desafio não cairá apenas na responsabilidade daquele que for eleito pelo conclave, mas também nos próprios cardeais, cuja escolha vai determinar os rumos que a Igreja tomará quando finalmente for anunciado o tradicional “habemus papam” da varanda central da Basílica de São Pedro. Se o eleito for alguém da ala mais conservadora, é de se esperar uma guinada na direção contrária à que vinha conduzindo o recém-falecido pontífice.

Outros mais moderados ou que eram mesmo claramente apoiadores da postura franciscana poderão dar continuidade às mudanças e ao progressismo do argentino. Bergoglio, que agora entra para a galeria histórica dos sucessores de São Pedro, deixa sua marca inconfundível como mensageiro da necessidade de adaptação da milenar instituição.

De uma Igreja Católica que já atravessou incontáveis momentos de ruptura e ainda segue firme tanto na política secular como na orientação espiritual, nesses tempos difíceis de guerras, de extremismo e de intolerância.

Thiago Brito Steckelberg, bacharel em Relações Internacionais, especialista em Direito Internacional e mestre em Ciências Ambientais. Professor de Direito Internacional

Desafios ao próximo Papa

Thiago Brito Steckelberg

De fato, vida e ficção são irmãs, por vezes indistinguíveis entre experiências reais e criações imaginárias do gênio humano. A vida, com as suas vicissitudes e personagens, pode servir como inspiração para a ficção; enquanto a ficção, com seus enredos e protagonistas, vem refletir e até mesmo suscitar flagrantes realidades da vida como ela é.

Tal constatação nos assombra, de forma espetacular, com o filme Conclave (2024), dirigido por Edward Berger e baseado no romance homônimo de Robert Haris. Um thriller político-religioso que mergulha nos bastidores da eleição de um novo papa, expondo dilemas ético-ideológicos no coração do Vaticano.

Eis que, agora, o argentino Jorge Mario Bergoglio (80 anos), o Papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história, foi promovido às regiões celestiais, depois de doze anos de papado. Com isso, abre-se o Conclave, para a escolha do próximo mandatário da Igreja Católica Apostólica Romana (267º), com cerca de 1 bilhão e quinhentos milhões de fiéis batizados, em todo mundo.

Contudo, o que trago à reflexão é justamente a intuição da arte cinematográfica, mormente quando, no filme, o cardeal Thomas Lawrence (Ralph Fiennes), em uma homilia, toma a palavra entre seus pares e encapsula temas fulcrais e universais da Igreja, em face da explosiva tensão na Cúria Romana, após a morte de um papa considerado “progressista”: a complexidade da fé, a humanidade dos seus líderes, e, especialmente, o conflito entre a tradição e a renovação da Igreja, assim: “Oremos para que Deus nos conceda um papa que duvide, um papa que peque”. Não é mesmo espantosa a realidade amalgamada à ficção ou vice-versa?

Ora, pedir, nesse momento, um papa que duvide e sobreponha a infalibilidade, desafia a certeza da dogmática, alinhando-se à visão teológica agostiniana que valoriza a “busca” contínua pela verdade. A dúvida, nesse contexto, não é falta de fé, mas é imbuída de senso epistemológico – disposição para aprender sempre. O decano Lawrence sugere que um líder espiritual que duvida será mais aberto ao diálogo, receptivo às mudanças sociais e mais tolerante e empático aos débeis fiéis e suas crises existenciais.

A menção ao pecado, ainda mais profunda, indica que não há ninguém invulnerável, mesmo o chefe da Igreja. Isto leva à imprescindibilidade da misericórdia e da graça divinas, virtudes que bastam a qualquer homem, qualquer líder.

Com efeito, a arte ficcional traz realidades e dilemas patentes na ordem do dia: o Papa Francisco foi muito criticado por todos os lados, seja por não avançar o suficiente em pautas consideradas progressistas; ou, por defender mudanças doutrinárias ousadas e inconcebíveis a alguns (pautas woke).

Deixo, por fim, a seguinte reflexão a todos os cristãos que me leem: tanto a ciência, como o conhecimento por certo se alimentam da dúvida. A fé e a verdade, não. A primeira é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem com olhos materiais, enquanto que a verdade nos leva a plena liberdade do amor. E, ainda a propósito do espírito pascal, cabe uma súplica: que a lucidez do Evangelho de Cristo venha elevar as mentes acima das ambições do poder político e edificar os corações para além do deletério sectarismo religioso.

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Edemundo Dias de Oliveira Filho é advogado, pastor evangélico e membro e ex-presidente da Academia Goiana de Direito (ACAD).