A Prefeitura de Goiânia alcançou uma das maiores distinções nacionais em controle e transparência: o Selo Diamante, categoria mais alta do Programa Nacional de Transparência Pública (PNTP). A honraria é concedida pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), e a nossa capital foi classificada com nota superior a 95 pontos na Avaliação Nacional de Transparência Pública. Esse resultado prestigia o trabalho técnico e contínuo dos servidores municipais e reafirma o compromisso da gestão com a integridade, a eficiência e o acesso pleno à informação.

O Selo Diamante não é apenas um prêmio – é um atestado de credibilidade. Ele amplia a confiança da população, aperfeiçoa o relacionamento com os órgãos de controle, fortalece a imagem institucional da cidade e contribui para um cenário mais favorável a investimentos e parcerias. Em uma capital em constante evolução, assegurar informações acessíveis e qualificadas é condição indispensável para uma gestão moderna e orientada ao cidadão.

A Atricon possui todo um conjunto de critérios sólidos que dá à sua avaliação um grau muito elevado de credibilidade. O PNTP foi criado em 2022 com o objetivo de estabelecer critérios padronizados para avaliar a transparência dos órgãos públicos. Isso porque, anteriormente, os tribunais de contas possuíam metodologias diversas, o que dificultava a comparação das avaliações por todo o país.

Hoje, os critérios são divididos em essenciais, obrigatórios e recomendados. A avaliação, com a combinação destes três elementos, forma a nota final que pode chegar a 100%. Acima de 76%, o órgão avaliado já começa a ganhar selos de excelência, como o Prata, o Ouro e o Diamante. Este último é concedido apenas a aqueles que possuem nota superior a 95%. A avaliação 2025 da Atricon levou praticamente todo o ano, com início em março. Goiânia passou por três etapas avaliativas como autoavaliação, verificação pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) e, por fim, o exame amostral nacional, quando um tribunal de outro estado confirma a nota dada.

É importante salientar que a transparência pública vai além do cumprimento de normas legais. Ela reflete o grau de maturidade administrativa, a qualidade da governança e o respeito ao cidadão. Ao atingir o mais alto patamar da avaliação, Goiânia se consolida entre as capitais mais transparentes do país, demonstrando avanço real nos mecanismos de controle e comunicação institucional.

Esse feito só foi possível graças ao apoio firme e à orientação estratégica do prefeito Sandro Mabel, que tem priorizado a modernização da administração pública e a adoção de práticas de governança baseadas em eficiência, clareza e responsabilidade. Sua liderança tem sido essencial para fortalecer a Controladoria-Geral do Município (CGM) e incentivar a integração entre os órgãos municipais, garantindo um ambiente propício à melhoria contínua.

Seguiremos avançando. O compromisso agora é manter esse padrão elevado de transparência e continuar inovando para que Goiânia permaneça como referência nacional em governança pública.

Juliano Bezerra, controlador-Geral do Município de Goiânia

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

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Juliano Bezerra

A idealização é um mecanismo primário do pensamento humano. Winnicott nos ensinou que a idealização é uma defesa necessária no início da existência, ela protege o bebê da percepção prematura das falhas do ambiente e permite que ele viva, por algum tempo, acreditando num mundo suficientemente bom. Só assim ele ganha tempo para amadurecer. A idealização, portanto, é uma etapa: oferece abrigo, mas não pode ser morada definitiva.

A filosofia já nos alertava que, quando confrontados com a imperfeição da vida, criamos imagens ideais para suportar a falta, para amortecer o desconforto de existir sem garantias. Platão imaginava mundos perfeitos para dar forma àquilo que na realidade aparece incompleto; Schopenhauer diria que idealizamos para fugir da dor inerente ao desejo; Freud nos lembraria que toda idealização é também uma defesa contra aquilo que não suportamos reconhecer em nós. Idealizamos porque tememos a vida tal como ela é: finita, fragmentada, cheia de nuances que nos frustram e causam sofrimento.

É também por contar dessa armadilha, a idealização, que tantos adultos experimentam melancolia no período do Natal. A data, que deveria celebrar a vida e a esperança, torna-se para muitos um espelho cruel de uma família idealizada, aquela que nunca existiu, que não se tem, ou que se perdeu. O Natal, porém, nasce justamente da ruptura com os modelos perfeitos. A família de Jesus não corresponde a nenhum ideal convencional: uma mãe adolescente, um pai que acolhe um filho que não é seu, um nascimento improvisado, sem casa, sem conforto, sem a ordem que tanto associamos ao amor. Nada ali se parece com o estereótipo da família perfeita que tantos perseguem.

A força dessa cena está exatamente na sua humanidade. Na união entre pessoas que se escolheram, que se gostam, que construíram um lugar possível para acolher uma criança destinada a nos ensinar o amor. O Natal celebra isso: a potência do encontro, a relação que se forma não pela ausência de falhas, mas pela presença de cuidado e virtudes. Não

tem só a ver com família número, com mesa cheia, com fotografia impecável. Tem a ver com pactos afetivos amorosos e justos, com pessoas que nos são importantes e nos ajudam a viver.

Talvez a melancolia de dezembro, também venha do confronto com o que idealizamos e não alcançamos. Mas o convite dessa data é outro: considerar menos falta e reconhecer o que pode ser construído. Celebrar não a família ideal, mas a família possível, boa, aquela formada pais e filhos, mas também por amigos, vizinhos, colegas, por quem escolhemos amar. Celebrar o grupo que se reúne para partilhar vida.

Se o Natal marca o nascimento daquele que nos humanizou, então manter Jesus vivo seria reconhecer que o humano não é perfeito, é de carne e osso: sofre, falha, teme, mas ama, acolhe, repara e cria. É permitir-se viver a data com liberdade, encontrando sentido no laço que existe. Talvez, assim, cada um de nós possa descobrir que o Natal é menos sobre a família perfeita e mais sobre a coragem de construir, com quem está, um lugar onde a vida com amor e respeito possa ser celebrada.

Maysa Balduino, psicanalista clínica, filiada à Febrapsi&nbsp;e professora de&nbsp;Teoria Freudiana

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Um Natal real

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Maysa Balduino

Nos últimos anos, Goiás tem assistido a um desgaste contínuo na relação entre o governo estadual e seus servidores públicos. A gestão de Ronaldo Caiado chegou ao poder com discurso de responsabilidade, diálogo e reconstrução, mas se consolidou, para o funcionalismo, pelo caminho oposto. Omissão diante das perdas inflacionárias, aumento de tributos, supressão de direitos históricos e descumprimento de acordos com categorias essenciais passaram a marcar esse período, gerando frustração e descrédito.

Um dos pontos mais sensíveis é o não pagamento das reposições inflacionárias, obrigação constitucional destinada a preservar o poder de compra dos trabalhadores. A ausência dessas correções ao longo dos anos resultou em perdas acumuladas, achatando salários e comprometendo o sustento de milhares de famílias goianas.

Esse cenário se agravou com o aumento da carga tributária. Para quem já não via o salário acompanhar o custo de vida, a sensação foi clara: paga-se mais e recebe-se menos. Um contrassenso que evidencia a distância entre o discurso oficial e a realidade vivida pelos servidores.

Outro golpe duro veio com a extinção de direitos históricos, como a licença-prêmio e o quinquênio. Benefícios construídos ao longo de décadas, fundamentais para a valorização e a previsibilidade nas carreiras, foram eliminados sob a justificativa de ajuste fiscal. O argumento, porém, raramente aparece quando se trata de conter privilégios políticos ou gastos de gabinete.

Na segurança pública, o desgaste foi ainda mais profundo. O governo assumiu compromisso público de reestruturar a carreira dos policiais civis, reconhecendo a defasagem e a injustiça salarial enfrentadas pela categoria que amarga o pior salário da pasta da segurança pública em Goiás. O acordo, no entanto, não se concretizou, deixando enorme sensação de quebra de confiança e de que a palavra empenhada junto aos policiais perdeu o valor.

A educação também sentiu os efeitos com o desmonte da previdência especial dos professores, enfraquecendo um mecanismo que reconhecia o desgaste físico e emocional da profissão. Mais uma vez, o custo do ajuste recaiu sobre quem sustenta o serviço público.

Nas questões de saúde para o funcionalismo, o cenário se agravou ainda mais. A venda do Hospital do Servidor e as mudanças no plano de saúde transformaram o Ipasgo em motivo de grande preocupação. O serviço está ficando cada vez mais caro e, para muitos, menos eficiente, aumentando ainda mais a percepção de um Estado que se afasta de suas responsabilidades.

O conjunto dessas decisões não se resume a erros pontuais. Aponta para um projeto político que fragiliza direitos e trata o servidor como obstáculo, não como parceiro. Os servidores públicos não pedem privilégios. Pedem respeito, previsibilidade e cumprimento da palavra. Pedem o mínimo: que o Estado seja um aliado e não um adversário. Goiás precisa, com urgência, resgatar esse pacto antes que os danos se tornem irreversíveis.

Renato Rick, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO)

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Governo contra o servidor

Renato Rick

No Jardim de Getsêmani, na noite antes da Crucificação, a parte humana de Cristo enfrentou uma angústia de dimensões catastróficas. Sob a perspectiva do psicanalista britânico Wilfred Bion, pode-se dizer que esta foi a noite decisiva em que Jesus teve de “sonhar” uma experiência emocional insuportável para ascender de modo pleno para sua Missão.

Enquanto os discípulos repousavam, inábeis para conter ou lidar com a iminência do trauma, Ele continuou desperto na penumbra. Seu suor de sangue foi a amostra física de uma psique tomada por elementos beta – impressões brutas de terror e aflição ainda impossíveis de serem arrazoadas ou simbolizadas.

A agonia no Jardim remete ao clímax do “ataque aos elos” psíquicos, devido a uma situação de estupor interno. A prece “afasta de mim este cálice” é o brado diante do evento em si, indigerível. Em todo caso, Cristo não evade psiquicamente. Ele se conserva em posição de “capacidade negativa”, aguentando a incerteza e o terror sem procurar respostas afoitas.

Em tal procedimento, sua oração contínua labora como uma função alfa incipiente, começando a modificar o afeto devastador per se em vivência significativa, dotando de senso o intolerável-catastrófico. A terminação – “não se faça a minha, mas a tua vontade” – baliza a culminância desta mutação psíquica. Não é resignação inerte, mas a aquiescência ativa que marca a conversão dos “elementos beta” em “elementos alfa”: a angústia abstrusa foi, por fim, “sonhada” e interligada.

Assim, em termos simbólicos, no Jardim, Cristo sente ocasião de profunda agonia e isolamento, encarando a proximidade do sofrimento e da morte. Tal episódio pode ser perspectivado como enérgica representação simbólica do psiquismo humano em seu teor mais nevrálgico, no qual a consciência afronta o precipício do medo, a angústia da dúvida, o peso liquidante do encargo.

A luta interna, a rogativa por caminho distinto e, por fim, a anuência resignada a uma realidade dolorida; refletem a jornada universal do indivíduo quando confrontado com seus próprios “cálices amargos”; períodos de crise que ordenam rendição da vontade imediata em favor de compreensão, ou desígnio mais profundo. A solitude, na penumbra do Jardim, reflete a condição ante os problemas existenciais: às vezes, somos atravessados pela vulnerabilidade, de modo que a submissão àquilo que não pode ser modificado pode se tornar, paradoxalmente, ato de soberano avanço interno...

De tal modo, a noite de Getsêmani não foi interrupção meramente dramática, mas: o laivo e feitura da nova psique, imprescindível para a Cruz... Ao modificar sua agonia em acepção, Cristo tornou-se capaz de ofertar amor que não nega o sofrer, na verdade, o transpassa.

A Ressurreição, destarte, “se inicia” ali: no momento em que um ser transcendente – e carnal – solitário; conseguiu “pensar seus próprios pensamentos”; de pavor e, a partir destes: tecer algo fundamentalmente novo.

Edson Manzan Corsi, psicanalista, escritor e tradutor. Doutor em tradução, mestre em estudos literários e especialista em filosofia e psicologia

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O sofrimento de Cristo

Edson Manzan Corsi

Se você ainda não visitou a exposição “Últimos Olhares: Iris Rezende”, aberta na Assembleia Legislativa de Goiás, permita-se esse encontro. Mais do que uma mostra de fotografias, ela é um convite sensível para revisitar a política no seu sentido mais essencial: a política feita de amor pelas pessoas. Cada imagem exposta revela um líder que esteve inteiro onde estava. Um homem que abraçava, escutava, cuidava e permanecia. Iris Rezende foi tudo isso e, acima de tudo, foi um líder de presença.

Esta liderança se revela em cada fotografia. São registros de amor, de zelo, de responsabilidade e de trabalho. A essência de Iris Rezende está ali, evidente e reconhecível: povo, trabalho, Mutirão. Sua presença é clara, constante e viva. Não há artifícios. Há verdade. Há entrega. Há um compromisso profundo com as pessoas e com o sentido público da política.

Meu pai marcou a vida de cada goianiense com trabalho incansável, entrega absoluta e uma vontade genuína de fazer a diferença. E fez. Dos seus 88 anos de vida, dedicou cerca de 70 à vida pública. Não como carreira, mas como missão. Trabalhou pelo próximo, pela cidade, pelo estado, pelo Brasil. Construiu uma trajetória que atravessa gerações e permanece viva na memória coletiva, no cotidiano das pessoas e na identidade de Goiás.

Neste momento, em que completaria 92 anos, não quero listar suas obras. Elas estão por toda parte. Estão nas avenidas, nos bairros, nas transformações visíveis de Goiânia e de Goiás. Há sinais do seu trabalho em cada canto. Mas hoje, mais do que as obras materiais, o que celebramos é algo menos palpável e muito mais profundo: o amor e a presença. Aquilo que não se mede em números, mas se sente na vida das pessoas.

Meu pai construiu uma relação única com a população. Uma relação que não se fabricava. Não havia preocupação com pose, com ângulo, com imagem. Não existiam estratégias de engajamento, curtidas ou recortes pensados para redes sociais. Existiam Iris e as pessoas. Iris e o trabalho. Um encontro verdadeiro, olho no olho, sem filtros, sem encenação, sem distância.

Ele resistiu às distrações das redes sociais não por rejeitar a modernidade, mas porque jamais se permitiu desviar do que realmente importava: cuidar das pessoas. Meu pai dedicava 100% do seu tempo ao trabalho público, com disciplina, responsabilidade e profundo senso de dever.

E as fotografias da exposição mostram exatamente isso: um homem que nunca se afastou das pessoas. Mesmo nos últimos anos, mesmo no fim da vida pública, o olhar era o mesmo do jovem do início. Atento, curioso, afetuoso. Um olhar voltado para o futuro, mas com os pés firmes no presente e no cotidiano das pessoas comuns.

Celebrar os 92 anos de Iris Rezende é reafirmar que a política pode, sim, ser um gesto de amor. Que governar é cuidar. Que liderança se constrói com presença, escuta e responsabilidade. Que o poder só faz sentido quando é exercido para servir.

Esse é o legado que permanece.

E é esse olhar que precisamos - e eu vou levar adiante. Por Iris, por Goiás, pelos goianos!

Ana Paula Rezende, empresária e presidente do Instituto Iris Rezende Machado

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