Recentemente visitei a África do Sul numa experiência que me trouxe um misto de sentimentos e muita reflexão. Esse país encanta pelas inúmeras belezas naturais, mas choca pelos gritantes problemas sociais e estruturais. A África do Sul é o país mais desigual do mundo segundo relatório do Banco Mundial. Há um déficit em setores como as redes de fornecimento de água potável, que deixam de atender quase 20% dos moradores dos centros urbanos, de acordo com dados da ONU, o que afeta diretamente a saúde da população.

A falta de acesso à educação de qualidade é mais um grave problema do país, já que reflete na qualificação profissional e na empregabilidade das pessoas.

Outro indicador negativo é a poluição atmosférica: os níveis de PM2,5 na África do Sul são maiores do que em qualquer país da OCDE, e estão acima do limite anual definido pela Organização Mundial da Saúde. O legado do colonialismo e do apartheid, que reforçam a segregação racial e espacial, é responsável por uma grande desigualdade de renda e na educação. Entretanto, as más escolhas dos governantes também são responsáveis por esse cenário.

Essa realidade que vi de perto na África do Sul me fez refletir sobre Goiânia, cidade onde vivo e que amo. Estamos na véspera do segundo turno para escolher o prefeito do nosso município, assim julgo oportuno avaliarmos com cautela as qualificações dos candidatos que estão na disputa e escolhermos aquele que tem experiência e propostas viáveis para resolver os graves problemas que afligem a nossa população.

Goiânia precisa de soluções urgentes e inteligentes para a questão da mobilidade urbana, um gargalo que rouba nosso tempo, gera estresse e prejuízos econômicos.

O que dizer da limpeza urbana? É inadmissível que um serviço básico e essencial esteja tão negligenciado. O próximo prefeito de Goiânia deve cuidar da infraestrutura, realizando obras que possam dirimir os perigos trazidos pelas chuvas e minorar as questões da mobilidade urbana. Para que nossa capital esteja no grupo das cidades inteligentes, projetos conectividade em locais públicos, são muito bem-vindos.

O próximo governante de Goiânia também precisa olhar com muita atenção a questão da segurança das mulheres que têm sido expostas a diversos tipos de violência. Evidente que como médico e gestor de saúde sempre me preocuparei com as urgentes demandas do setor, as quais devem ser priorizadas através de um plano factível que ofereça agilidade no atendimento e qualidade nos serviços de saúde.

É notório que Goiânia é muito mais complexa do que os pontos elencados acima, o que me faz pensar que experiência administrativa é fundamental. Quase 1,5 milhão de cidadãos olham com avidez para a eleição deste domingo. O voto consciente não é apenas um direito, mas uma obrigação.

Frederico Moraes Xavier, médico urologista, cirurgião robótico e gestor de saúde

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Saúde depende de gestão competente

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Frederico Moraes Xavier

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(Divulgação/ Unimed Goiânia)

Mais do que perfumes, flores ou chocolates, neste Dia das Mães, a Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico propõe um presente com significado duradouro: o cuidado. A campanha da cooperativa é voltada a quem deseja retribuir o carinho materno com saúde e proteção. A ação, intitulada “Você chamou sua mãe a vida inteira. Quer saber? Ela merece Unimed.”, está vigente até o dia 31 de maio e oferece condições exclusivas para novos contratos.

Entre os benefícios estão 30% de desconto nas 3ª, 6ª e 9ª mensalidades dos planos de saúde, além de gratuidade total na contratação do plano odontológico, desde que vinculada à manutenção do contrato médico. As vantagens são válidas apenas para novas adesões aos planos individuais/familiares, a partir de uma vida, e coletivos empresariais, a partir de duas vidas, na modalidade coparticipativa. Migrações, upgrades ou adesões realizadas após a assinatura do contrato não são elegíveis.

Para o diretor de mercado da Unimed Goiânia, Dr. Frederico Xavier, a campanha é um convite para demonstrar cuidado genuíno. “Oferecer um plano de saúde para a mãe é mais do que um presente simbólico. É assumir o compromisso de proporcionar a ela acesso contínuo a uma rede de qualidade. É dizer ‘eu me importo com você todos os dias’”, afirma.

Com ampla estrutura assistencial, mais de 3 mil médicos cooperados e foco em ações preventivas, a Unimed Goiânia reforça sua missão de promover saúde integral com acolhimento e excelência. A cooperativa acredita que cuidar de quem sempre cuidou de você é uma das formas mais poderosas de expressar gratidão. Neste mês das Mães, a lembrança pode ir além do gesto. Pode ser proteção. Pode ser amor em forma de cuidado.

Unimed Goiânia transforma carinho em proteção com campanha especial de Mães

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Após praticamente cinco meses de recesso, recesso branco e feriadões reais ou por conveniência, eis que o Congresso Nacional anuncia que vai começar a funcionar e a votar nesta semana pelo menos duas pautas, regras mais claras e rígidas para impedir fraudes contra aposentados e pensionistas e instalar “or not” instalar a CPMI do INSS.

É uma velha prática: quando o caldo entorna, a turma toda se une para dar uma resposta à sociedade, encenar que está muito empenhada em resolver o problema do momento e buscar holofotes.. até o novo escândalo, quando começa tudo de novo. No Executivo, cria-se um grupo de trabalho que logo é esquecido. No Congresso, projetos engavetados surgem de repente nos plenários e também não dão em nada.

As mazelas são velhas, mas as bancadas parecem “renovadas”, mas são apenas menos preparadas, menos políticas, menos preocupadas em atender às reais e fundamentais demandas da população. Quem acompanha a política e particularmente Brasília desde criancinha é capaz de dizer: poucas vezes se viu um Congresso tão ruim, ou tão inútil. A coisa já vinha feia de antes, mas explodiu em 2018, na onda bolsonarista da “nova política”.

O corporativismo exacerbado leva a casos como o de Flordelis, pastora, deputada desde 2019, denunciada pelo MP em 8/2020 por manipular os filhos para matar o marido e só cassada em 8/2021. Ou o de Chiquinho Brazão, denunciado como mandante da morte de Marielle Franco, preso em 3/2024 e só cassado em 4/2025, tempo em que, na cadeia, consumiu R$ 1,5 milhão de recursos públicos com salários e gabinete.

A mesma Câmara usa o deputado Alexandre Ramagem para uma “anistia” forçada dos mandantes do atentado à democracia, mas dá de ombros para a condenação de Carla Zambelli pelo STF a dez anos de prisão e perda de mandato, por invasão da internet do CNJ. Por que? Porque quem manda no Congresso é um aglomerado de bolsonaristas, Centrão e bancadas do Boi, da Bala e da Bíblia. A bússola é Jair Bolsonaro, que abandonou Zambelli à própria sorte

Assim, as forças hegemônicas do Congresso não veem as pautas do País e admitem o inadmissível, como um vídeo dizendo que Bolsonaro ganhou R$ 17 milhões na internet, já consumiu R$ 8 milhões e precisa de nova vaquinha! Para ele e para o filho que se licenciou da Câmara e foi para os EUA tramar contra as instituições brasileiras, como fazia seu mentor Olavo de Carvalho.

Quem cai num golpe tão abjeto? Os que votam em Flordelis, Brazão, Zambelli, Ramagem, na primeira classe desse trem da alegria que invadiu o Congresso para fazer tudo que seu mestre mandar e engrossar o rebanho e as vaquinhas.

Eliane Cantanhêde, jornalista

De rebanho e vaquinhas

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Eliane Cantanhêde

“Seguindo o sol do ideal e as normas da arte, Procuro descobrir por toda parte Um raio indefinível de beleza.”, Gilberto Mendonça Teles.

Gilberto Mendonça Teles e eu nascemos em Bela Vista de Goiás, terra dos buritizais sussurrantes. E é com a poesia do meu conterrâneo que inicio esta reflexão, pois, assim como ele, tive o privilégio de contemplar Goiânia com o olhar curioso de quem chega e, ao mesmo tempo, já se sente pertencer. Por isso, digo com propriedade: a beleza indefinível que ele busca em suas palavras está, sem dúvida, refletida no Art Déco de Goiânia, na incessante busca por algo intangível, que vai além das linhas arquitetônicas e se integra ao próprio espírito da cidade.

Goiânia nasceu de um sonho modernista, no coração do Cerrado. Ergueu-se com traços firmes, linhas planejadas e uma estética que ousava olhar para o futuro. Um futuro grandioso, desenhado com a coragem de abraçar o novo. O Art Déco chegou como a linguagem perfeita para traduzir esse desejo de futuro. Mais do que um estilo, foi e continua sendo uma ideia de cidade.

Desafio o leitor a fechar os olhos e pensar no Teatro Goiânia, com a simetria geométrica e os detalhes verticais que conduzem o olhar para o alto, como um chamado para contemplar a imensidão de Goiânia e sua própria grandeza. É o espetáculo de uma capital que se ergueu com identidade.

Ao caminhar pelas ruas do centro, percebo que o Art Déco não se constrói por simples edificações: essas são narrativas. São fragmentos de uma história urbana que continua sendo escrita. Dos 22 bens tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), cada um guarda uma faceta da cidade e nos lembra que preservar não é apenas conservar. É contar e recontar quem somos.

Quem chega a Goiânia hoje encontra mais do que arquitetura. Encontra uma cidade que reconhece sua essência e transforma memória em experiência. Talvez o visitante não saiba os nomes dos monumentos ou de seus arquitetos, mas sente.

Sente que há ali algo que resiste ao tempo. E é essa sensação, essa beleza indefinível, que o faz voltar. Como presidente da GoiâniaTur, vejo esse movimento com orgulho. A cada rota guiada, a cada ação de valorização do patrimônio, percebemos que a memória também é pertencimento.

Este ano marca o centenário do Art Déco, movimento apresentado ao mundo em 28 de abril de 1925, na 1ª Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, em Paris. Cem anos depois, Goiânia, guardiã de um dos mais expressivos acervos do estilo, se junta à celebração. Ao longo de 2025, a cidade realizará concursos culturais, roteiros turísticos e debates sobre o legado do Art Déco, buscando reforçar, nesse traço estético, a essência que moldou a identidade da capital.

Celebrar o Art Déco é celebrar o sonho. É lembrar daqueles que fundaram Goiânia. É compreender que talvez a verdadeira modernidade esteja em reconhecer o que permanece belo, mesmo depois de tantas décadas. E seguir, como disse o poeta, em busca desse “raio indefinível de beleza” que só cidades com alma sabem guardar.

Nárcia Kelly, presidente da GoiâniaTur

Goiânia, Art Déco e pertencimento

Nárcia Kelly

Imagine que você possui uma fazenda. Numa parte dela você plantou lavoura, semeou pasto para o gado e construiu benfeitorias para moradia de sua família e também para a operação das atividades econômicas. Na outra parte da sua fazenda você simplesmente não fez nada.

Não precisou. Ela é composta por áreas cobertas com vegetação que já existiam ali muito antes de você sequer conseguir imaginar. Numa dessas áreas há uma floresta verde e alta que protege um rio e várias espécies de árvores e animais. Já em outra, há um lindo cerrado que protege várias outras espécies de árvores e animais.

Agora me responda: no mundo real você poderia fazer o que quisesse com essas áreas de vegetação nativa? Não, porque existem limitações legais para o uso da vegetação nativa, mesmo dentro da propriedade de alguém. Por exemplo, há uma lei que exige a autorização de um órgão ambiental para alterar suas características.

E porque existe essa lei? Por vários motivos. Um deles é que se todos os fazendeiros decidirem desmatar a vegetação nativa de sua propriedade para aumentar sua renda, eles mesmos não teriam mais renda no futuro. A vegetação nativa é uma das principais razões pela disponibilidade adequada de solo, água e clima para a agropecuária.

Já outro motivo para existência dessa lei é que não só esses fazendeiros desmatadores seriam afetados. Todo o resto da sociedade também necessita dos serviços ambientais prestados pela vegetação nativa. Serviços como fornecimento de água potável, manutenção da qualidade do ar e regulação do clima são essenciais para a continuidade da vida humana. Ainda mais em tempos de crise climática global.

Entretanto, nem todo mundo reconhece essa enorme importância da vegetação nativa. Tempos atrás, o Congresso aprovou uma lei perdoando os proprietários rurais de todo o Brasil que desmataram ilegalmente até 2008. Esse perdão baseava-se no compromisso dos proprietários rurais não desmatarem mais dali pra frente.

Mas, há pouco tempo, os deputados estaduais da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovaram uma lei inconstitucional em Goiás estendendo esse perdão até 2019. E, agora, o presidente da Casa, Bruno Peixoto, quer aprovar outra lei estendendo esse perdão até 2024.

Todos nós sabemos da importância e dificuldades que os proprietários rurais goianos enfrentam para manterem suas atividades econômicas. Clima, infraestrutura e gestão são alguns dos tantos desafios. Todavia, não é mais possível perdoar aqueles que não respeitam as leis que protegem o meio ambiente.

A vegetação nativa dentro de uma propriedade rural presta serviços essenciais não só para o proprietário, mas para toda a sociedade. E, por isso, dever ser respeitada como um patrimônio de interesse de todos. A Alego deve sensibilizar-se para o tema e não criar mais leis pró-desmatamento. Pois o desenvolvimento de Goiás só se sustentará a longo prazo se for pela lei da natureza.

Davi Mello Cunha Alves, biólogo (UEG), mestre e doutor em Ecologia e Evolução (UFG)

Pela lei da natureza

Davi Mello Cunha Alves

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