Os novos dados do Instituto DataSenado sobre violência contra a mulher, revelados pelo Fantástico, iluminam um cenário que o Brasil ainda reluta em encarar com a seriedade necessária. Não se trata de casos isolados, mas de uma crise estrutural que atravessa lares, instituições e gerações. Quando 88% das brasileiras afirmam ter sofrido violência psicológica em algum momento da vida e 71% das agressões ocorrem diante de testemunhas, muitas delas crianças, o fenômeno deixa de ser privado: é público, político e urgente. A pesquisa, baseada em entrevistas com mais de 21 mil mulheres, expõe uma omissão coletiva que alimenta a continuidade da violência. Entre os adultos que presenciam agressões, 40% não tomam qualquer atitude. Essa inércia reflete o mesmo conjunto de falhas que permeia o Estado. A maioria das vítimas procura primeiro a família; apenas uma parcela reduzida chega a uma delegacia. Sem acolhimento institucional adequado, mulheres são empurradas ao silêncio e permanecem presas a ciclos de agressão que se estendem por anos.