Autocracia, personalismo, militarismo, secularismo etc. são características comuns entre os regimes políticos da Síria da família Assad e da Líbia de Muammar Gaddafi. Não por acaso, caíram os dois: Gaddafi sucumbiu à Primavera Árabe, Bashar al-Assad, à fragilidade dos aliados, principalmente da Rússia e do Irã, envolvidos nas próprias guerras. Mais do que a celebração do fim dos déspotas, o momento é de grande preocupação. Afinal, tendo a Líbia como exemplo, o futuro não é necessariamente mais promissor do que o passado. A morte de Gaddafi resultou na divisão do país em dois governos: o Conselho Nacional de Transição e a coalizão de milícias islâmicas. A fragmentação entre os grupos rebeldes que tomaram o poder impediu a estabilidade política. Apenas em 2021, estabeleceu-se um governo provisório, denominado de Governo da Unidade Nacional, para reunificar o país. Ainda assim, a incompatibilidade de interesses entre atores muito distintos dificulta essa reunificação e mantém ondas de violência no território líbio.