Há um consenso científico, lastreado em incontáveis estudos, testes e levantamentos, acerca das variáveis que permitem maior fluidez, segurança, conforto e eficiência no trânsito das grandes cidades. Não remanescem dúvidas de que as mais adequadas alternativas residem na priorização dos modos coletivos de transporte e na garantia de segurança para os deslocamentos não motorizados. O investimento em estruturas para veículos individuais, como abertura de novas pistas, viadutos ou mitigação do uso exclusivo em faixas dedicadas ao transporte coletivo não melhora o tráfego e tem como efeitos perceptíveis apenas o aumento nos índices de acidentes e o acréscimo de receitas às empreiteiras responsáveis pela execução das obras. Políticas públicas dedicadas aos veículos individuais incrementam a demanda por estas formas de locomoção e produzem um trânsito mais lento e inseguro. A experiência caótica de cidades como Detroit e Los Angeles prova que esta alternativa é inviável, uma vez que não há, ainda que se construam dezenas de faixas e se destruam todas as edificações de uma cidade, espaço para fluidez de tráfego quando cada indivíduo ocupa um automóvel. Exemplos como os de Paris ou Amsterdã comprovam que os deslocamentos passam a ser mais rápidos, eficientes e confortáveis precisamente quando se investe em espaços exclusivos para ônibus, pedestres e ciclovias, com inibição do automóvel individual.