Quando o Conselho Deliberativo Estadual (CDE) do Sebrae Goiás definiu, no início de 2023, a meta de alcançar 2 milhões de atendimentos até o final 2026, não havia ali apenas um número, mas uma visão: aproximar a instituição de quem empreende, onde quer que esteja. O fato de essa marca ter sido atingida no fim de outubro deste ano, 14 meses antes do estabelecido, confirma que desenvolvimento não se improvisa, mas se constrói com planejamento, gestão eficiente e cultura de entrega.

Esse resultado simboliza algo maior do que um desempenho administrativo. Cada atendimento representa uma oportunidade de orientar e fortalecer pequenos negócios que sustentam a economia goiana e brasileira. Quando uma micro ou pequena empresa melhora sua gestão ou quando um MEI recebe a orientação certa no momento oportuno, há um efeito multiplicador que se espalha. Por isso, estar perto faz a diferença, viabilizando soluções que realmente mudam a vida dos empreendedores.

A decisão estratégica do Sebrae foi clara: não esperar o empreendedor chegar, mas ir até ele. E esse movimento transformou a instituição. Caravanas que percorrem o estado, consultores dentro das empresas, Salas do Empreendedor em parceria com prefeituras, Pontos de Atendimento com o Parceiro, eventos descentralizados e a recém-inaugurada Unidade Móvel de Atendimento consolidaram uma atuação que combina capilaridade, presença cotidiana e respeito às especificidades de cada região.

Esse alcance territorial se somou a um salto institucional. O Sebrae modernizou processos, ampliou o portfólio, qualificou suas equipes e aperfeiçoou um sistema de atendimento omnichannel, que permite ao empreendedor transitar entre o presencial e o digital sem perder histórico ou qualidade. Paralelamente, o uso inteligente de dados fortaleceu a tomada de decisões e garantiu que a instituição investisse seus recursos de forma assertiva e direcionada.

A expansão não sacrificou qualidade: o índice de satisfação dos usuários, medido pelo NPS (Net Promoter Score, metodologia internacional que avalia a probabilidade de recomendação do serviço), atingiu 91 pontos, patamar considerado de excelência. Esse nível só se sustenta quando há alinhamento entre planejamento, equipe e propósito. O que se vê é uma cultura que valoriza entrega, eficiência e impacto, elementos fundamentais para um estado que vive um dos ciclos mais dinâmicos de sua economia recente.

Superar a meta não encerra a jornada. Ao contrário, inaugura uma nova fase. O Sebrae Goiás segue com foco em fortalecer educação empreendedora, ampliar ações tecnológicas e de inovação, apoiar transformações digitais e promover crédito orientado, preservando a sustentabilidade dos pequenos negócios.

O próximo ciclo prevê rotas ampliadas de ações e eventos nos 246 municípios goianos e seus distritos, parcerias estratégicas e iniciativas voltadas a destravar o potencial produtivo de cada território. Este é um marco histórico. Mas, sobretudo, é o ponto de partida para o que Goiás ainda pode conquistar.

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Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Um marco histórico

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José Mário Schreiner

O conceito de cidade inteligente, longe de ser uma promessa futurista, é uma realidade operacional. A portaria MCid 1.012, do Ministério das Cidades, é um marco que impulsiona a inovação e o uso estratégico de tecnologias no planejamento e na gestão urbana. A iniciativa apoia os municípios na criação de políticas públicas que promovam soluções tecnológicas para gerar melhores resultados sociais e crescimento econômico sustentável.

A medida ganha ainda mais relevância diante da complexidade da gestão municipal, ainda marcada por processos manuais e sistemas isolados. Essa fragmentação dificulta o compartilhamento de informações e reduz a precisão e a agilidade nas decisões.

A superação de desafios como a manutenção reativa, a falta de visibilidade dos serviços e a ausência de indicadores em tempo real depende da adoção de plataformas unificadas. Elas centralizam a gestão urbana, conectando componentes e garantindo o fluxo contínuo de informações. Assim, é possível automatizar processos, responder rapidamente a ocorrências e reduzir custos e interrupções, tornando o controle mais seguro e confiável.

A tecnologia tem papel essencial na eficiência e na otimização da zeladoria urbana: a manutenção de vias, praças e equipamentos públicos deixa de ser reativa e se torna proativa, com dados acionáveis e aplicativos móveis que digitalizam os processos e orientam as equipes em campo.

Um exemplo de gestão eficiente é o sistema de monitoramento remoto de Obras de Arte Especiais da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo (SIURB). Inovador na América Latina e único no Brasil, ele monitora 940 estruturas viárias da cidade, como pontes, túneis, viadutos e passarelas.

A tecnologia permite acompanhar indicadores estruturais críticos, reunindo dados de diversas fontes para prevenir riscos e garantir a segurança. O sistema integra informações de radares satelitais, câmeras com analíticos de vídeo, monitoramento de mídias sociais, drones e escaneamento a laser, que geram gêmeos digitais e orientam intervenções preventivas.

Na mobilidade urbana, soluções baseadas em dados em tempo real podem otimizar o fluxo de veículos. O uso de semáforos inteligentes, como o sistema Green Light (Google AI) atestado no Rio de Janeiro e em cidades paulistas como Campinas e São Caetano do Sul, pode levar a uma redução de 30% das paradas e de 10% da emissão dos gases de efeito estufa.

O mercado global de cidades inteligentes cresce rapidamente e deve atingir cerca de US$ 57,9 bilhões até 2030, segundo a Grand View Research. O avanço é impulsionado por políticas governamentais favoráveis e pela adoção de tecnologias como Inteligência Artificial, big data, Internet das Coisas e segurança cibernética.

Plataformas que integram infraestrutura, dados e pessoas capacitam os gestores a tomarem decisões mais inteligentes, otimizam os serviços e criam ambientes urbanos mais eficientes e agradáveis para se viver. O futuro das cidades brasileiras passa, inexoravelmente, por esse caminho.

Rogério Rigato, geógrafo, mestre e doutor em Engenharia Urbana. Gerente da Smart Sky, hub de tecnologia aplicada à cidades inteligente

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Nova era da gestão urbana

Rogério Rigato

Noutro dia, em Brasília, em uma reunião na OAB Nacional, um colega sério e muito competente contou-me um episódio curioso. Disse-me que um advogado dirigiu-se, em sustentação oral, aos desembargadores com um espontâneo “Pessoal…”; e que o presidente da turma o advertiu, muito educadamente, e pediu o uso dos pronomes de tratamento adequados à liturgia.

Pois bem. Esse meu colega comentou que alguns advogados não gostaram da atitude do magistrado e já usaram a novíssima Lei da Linguagem Simples (Lei 15.263, de 14 de novembro de 2025), para dizer que ela “acaba com a liturgia” e “dispensa essas formalidades desnecessárias”.

Essa interpretação demonstra claramente a necessidade da Política Nacional de Linguagem Simples. Afinal, o mundo tem andado confuso e com interpretações meio mirabolantes...

A ironia é evidente. A lei que manda escrever de modo mais claro está sendo lida de forma confusa. A lei não é um convite ao improviso, à gíria ou à intimidade artificial com o julgador. Ela se volta, antes de tudo, à comunicação do Poder Público com o cidadão, para que as pessoas consigam encontrar, entender e usar as informações que lhes dizem respeito.

Posso-lhes assegurar: linguagem simples não é inimiga da solenidade; é inimiga da obscuridade. Um texto normativo, um edital ou um ato administrativo que se expressa em períodos intermináveis, cheios de orações intercaladas e de termos técnicos desnecessários, não demonstra boa escrita; nega, na prática, o direito à compreensão.

O art. 3º da Lei nº 15.263 indica como princípios da Política Nacional de Linguagem Simples, entre outros, o foco no cidadão (inciso I) e a transparência (inciso II). Trata-se, portanto, de um reforço a comando constitucional: o de que os atos do poder público devem ser verdadeiramente públicos, não apenas publicados em linguagem cifrada.

Em outras palavras, a lei não foi feita para autorizar um advogado a saudar o tribunal com “Pessoal”, “Gente” ou qualquer outra forma coloquial incompatível com a liturgia forense. Ela foi criada para que decisões e atos normativos deixem de ser um labirinto sintático e tornem-se minimamente inteligíveis a quem não tem formação jurídica. O alvo não é a forma respeitosa de tratamento entre instituições; é a escrita indecifrável, que torna o cidadão um estrangeiro no Brasil.

A Política Nacional de Linguagem Simples tem diretrizes gramaticais muito concretas: preferência pela ordem direta; frases mais curtas; desenvolvimento de uma única ideia por parágrafo; uso de palavras comuns e explicação dos termos técnicos quando indispensáveis. A pauta é a boa redação, não de informalidade.

O pano de fundo da lei é linguístico, jurídico e democrático. Linguístico, porque parte de princípios básicos de sintaxe e de semântica. Jurídico, porque organiza a forma como o Estado fala com seu povo. Democrático, porque reforça o princípio da transparência. Comunicado que o povo não entende é uma forma sofisticada de silêncio.

Por isso, é importante dizer, com todas as letras: a lei da linguagem simples não ventila, em momento qualquer, a hipótese de extinguir a liturgia dos pronomes de tratamento. Transformar a busca por clareza em autorização para a indisciplina é, no mínimo, conveniente demais.

A linguagem simples veio para acabar com a obscuridade, não com o respeito institucional. Quem usar a nova lei como pretexto para tratar a Corte como “pessoal” não estará sendo moderno; está apenas confundindo simplicidade com descuido; e cidadania, com improviso.

Carlos André Pereira Nunes, linguista, advogado, professor, conselheiro decano da OAB&nbsp; 
Goiás e presidente da Comissão Nacional de Direito, Linguagem e Literatura da OAB Nacional

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Fim da liturgia?

Carlos André Pereira Nunes

O Supremo está brincando com fogo e com a sua própria credibilidade, ao tomar decisões monocráticas, uma atrás da outra, ora por auto blindagem, ora carregadas de suspeitas sobre motivações e interesses. O risco não é de um ministro ou outro, é da credibilidade da corte e das instituições brasileiras.Gilmar Mendes “decretou” que só a PGR pode pedir impeachment de integrantes do STF e aumentou o quórum para a votação no Senado. Em seguida, Dias Toffoli avocou para a corte e para si o caso do Banco Master, transformando o segredo de justiça em sigilo total. Para proteger quem e o quê?Ministros e ex-ministros do próprio Supremo acham, ou temem, que foram movimentos casados e essa percepção se tornou mais aguda com a avassaladora informação de que, dias antes de se autoconceder protagonismo na ação do Master, Toffoli voou para Lima num jatinho particular com... o advogado de um dos diretores do banco que já tinha sido preso.É um escândalo de bom tamanho, que faz a festa de bolsonaristas e de não bolsonaristas críticos do Supremo, cada vez mais ativos, e não só na internet. Lembrando que o “núcleo crucial”, com Jair Bolsonaro e oficiais generais, já foram condenados e presos, mas o julgamento dos demais grupos do golpe continua, inclusive nesta semana.Quem também faz a festa com o voo de Toffoli, regado a drinks, são os senadores, e não apenas os de oposição. Se Gilmar enxugou as prerrogativas deles para decidir impeachment de ministros do STF, Toffoli dá motivos de sobra para que deem o troco fazendo o oposto: facilitando a cassação desses ministros.Gilmar é polêmico por natureza e gosto. Toffoli choca com decisões consideradas, mais do que polêmicas, suspeitas. Como a de favorecer a J&amp;F com a revisão do acordo de leniência na Lava Jato, assimilada como “pagamento de dívida” para Lula, amigo dos irmãos Batista, que o premiou com a toga, contra tudo e todos, e se sentiu traído ao ser impedido por Toffoli de ir ao velório do irmão. Um eterno credor.As polêmicas ou suspeitas não afetam só Gilmar e Toffoli, chegam aos demais gabinetes e desabam no plenário do STF, onde os onze ministros julgam as questões mais delicadas da República e onde se destacam Alexandre de Moraes e Flávio Dino, audaciosos, sim, mas fundamentais. Xandão entra para a história da defesa da democracia e Dino está em guerra contra emendas parlamentares criminosas.Não se discute aqui se há ou não excessos, mas a obrigação dos ministros de seguir uma regra dos homens públicos: “À mulher de César, não basta ser honesta, precisa parecer honesta”. Os erros de uns respingam nas demais togas, dividem o plenário e fortalecem as críticas e a tese de impeachment contra ministros do STF. A quem interessa?

STF está brincando com fogo

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Eliane Cantanhêde

Em 2025, Goiás se consolida como exemplo de inovação e compromisso com o futuro. Isso porque o Estado lidera um dos projetos mais ambiciosos do país na área de mobilidade urbana: a substituição completa da frota de ônibus convencionais a diesel por veículos movidos a biometano, elétricos e a diesel Euro 6.

Ao todo, serão mais de 1,5 mil novos ônibus com tecnologias sustentáveis, representando um marco histórico para o transporte coletivo e para a política ambiental brasileira. Tal iniciativa está diretamente alinhada a dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis e o ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.

O primeiro reconhece o transporte público como elemento central para tornar as cidades mais inclusivas, seguras e sustentáveis, garantindo deslocamentos acessíveis e com menor impacto ambiental. Já o segundo reforça a urgência de políticas públicas voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa e à promoção de tecnologias limpas.

Cabe destacar que, investir em ônibus com tecnologia Euro 6, biometano e elétricos, é um passo decisivo na descarbonização do transporte público e na melhoria da qualidade do ar urbano do cidadão. O biometano, por exemplo, combustível renovável obtido a partir de resíduos orgânicos, traz ganhos ambientais e econômicos, ao mesmo tempo em que estimula a economia circular e a gestão eficiente de resíduos.

Já os ônibus elétricos eliminam totalmente as emissões locais, reduzindo a poluição sonora e oferecendo um transporte mais silencioso, confortável e moderno. É importante ressaltar ainda que essas transformações vão muito além do cunho ambiental, uma vez que a renovação da frota impacta diretamente o bem-estar da população, diminuindo doenças respiratórias associadas à poluição e promovendo um ambiente urbano mais saudável.

Além disso, a modernização também representa eficiência operacional, redução de custos públicos em saúde e valorização dos espaços urbanos, tornando o transporte coletivo uma opção mais atrativa e sustentável. Assim, o projeto goiano demonstra que é possível não apenas cumprir metas globais de sustentabilidade, mas implementar soluções integradas que aliam mobilidade, energia limpa e qualidade de vida.

Em 2023, a ONU instituiu o Dia Mundial do Transporte Sustentável, a ser celebrado em 26 de novembro, justamente para comemorar essas conquistas que apontam para o futuro, despertar a consciência coletiva sobre o papel do transporte público como agente de transformação social e ambiental, e inspirar gestores, cidadãos e empresas a repensarem seus deslocamentos e escolhas diárias.

Assim, será possível enxergar um futuro movido a energia limpa, responsabilidade ambiental e bem-estar coletivo – e, ainda, um futuro em que o transporte público deixa de ser apenas um serviço essencial e passa a ser símbolo de inovação, consciência e respeito à vida.

Gabriela Queluz, engenheira florestal e especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade

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