Assumir novamente a superintendência geral da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia representa, para mim, um chamado que vai além da gestão: é a reafirmação de um compromisso com a vida, com a dignidade humana e com o cuidado. Recebo esta missão com humildade, senso de responsabilidade e profunda dedicação ao propósito que norteia essa instituição.

A Santa Casa é um hospital que nunca para. São 24 horas por dia, todos os dias do ano, acolhendo, tratando e devolvendo esperança a milhares de pessoas. É também um espaço de fé, entrega e aprendizado contínuo. Olhar para o que já construímos até aqui reforça a certeza de que avançamos muito, mas também revela o quanto ainda temos a fazer para atender com excelência quem mais precisa.

Nesta nova gestão, um dos nossos principais objetivos é transformar o prédio inacabado da Santa Casa em um espaço moderno, funcional e acolhedor. Não se trata apenas de concluir uma obra física, mas de criar um ambiente que amplie nossa capacidade de atendimento, melhore as condições de trabalho das equipes e ofereça mais conforto e dignidade a pacientes e familiares.

Seguiremos também com foco na valorização dos nossos colaboradores, na defesa dos direitos trabalhistas e no fortalecimento do atendimento humanizado, que é uma das marcas mais fortes do nosso trabalho. Acreditamos que cuidar da saúde é, antes de tudo, cuidar de pessoas. E isso exige escuta, empatia, ética e compromisso contínuo com a qualidade do serviço prestado.

Essa caminhada, no entanto, não se faz sozinha. Preciso continuar contando com os governos federal, estadual, municipal e com os parlamentares para que juntos possamos cuidar dos mais necessitados. A Santa Casa é uma instituição filantrópica que depende da união de esforços para continuar existindo. Por isso, estabelecer e fortalecer novas parcerias será fundamental. Queremos dialogar com quem compartilha do mesmo compromisso com a vida, com o bem coletivo e com a construção de um sistema de saúde mais digno, acessível e sustentável. A cooperação entre instituições, setor público e sociedade civil é o caminho para sustentar e ampliar os serviços que oferecemos à população.

Nesta jornada, sigo acompanhada de profissionais de grande competência e integridade, Dr. Irondes José de Morais como superintendente administrativo, garantindo a solidez da nossa gestão e Dr. Pedro Ivandosvick como superintendente técnico, trazendo sua experiência e visão para fortalecer a atuação assistencial da instituição.

Mais do que administrar uma instituição de saúde, conduzir a Santa Casa é preservar um legado e projetar o futuro com seriedade e amor. Seguiremos firmes nesse propósito: salvar vidas com excelência, responsabilidade, acolhimento e respeito. É isso que nos move. E é isso que continuará nos guiando.

Irani Ribeiro de Moura, médica pediatra, mestre em Gestão e Sistemas de Saúde, e superintendente&nbsp; 
geral da&nbsp;Santa Casa de Misericórdia de Goiânia.

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Um novo ciclo para a Santa Casa

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Irani Ribeiro de Moura

Meu pai costumava dizer que Goiânia é vocacionada para o desenvolvimento porque nasceu da força de um povo que trabalha, sonha e realiza. Ele dizia, e eu concordo, que Goiânia não é apenas uma cidade, mas uma obra coletiva de fé, coragem e esperança. Cada avenida aberta, cada árvore plantada, cada praça carrega a marca de quem acreditou que o futuro podia ser melhor - e teve a coragem de vir em busca construir com as próprias mãos.

Preservar essa história é mais do que um gesto de saudade ou de gratidão: é um ato de responsabilidade com as próximas gerações. Porque a memória é o que nos ancora no tempo. É ela que explica quem somos, de onde viemos e o que queremos continuar sendo. Quando cuidamos da nossa história, não apenas honramos o passado, mas fortalecemos o futuro, reafirmando o que Goiânia sempre teve de mais bonito: a capacidade de crescer sem perder a alma.

A construção do Memorial Iris Rezende nasce com esse propósito. Ele é muito mais do que um espaço físico dedicado à trajetória de um líder. É o símbolo de um tempo, de uma forma de fazer política e de uma mentalidade que ajudou a moldar Goiânia. É, antes de tudo, a preservação da história de uma cidade inteira, de uma sociedade que cresceu acreditando no poder transformador do trabalho sério, honesto e responsável.

O memorial é um convite à reflexão sobre quem somos e sobre o que queremos continuar sendo. Porque uma cidade sem memória é uma cidade sem espelho. E, sem espelho, não há direção. A memória é o fio que costura o passado ao futuro. É ela que nos lembra o quanto já fomos capazes, o quanto superamos e o quanto ainda podemos conquistar.

Num tempo em que a pressa e o esquecimento parecem dominar o cotidiano, o Memorial surge como um ato de resistência e de amor. Amor à história, à cultura e às pessoas que construíram Goiânia com dignidade e fé. Ele representa a certeza de que não se constrói o novo negando o que veio antes, mas sim reconhecendo o que deu certo e aprimorando com sabedoria.

Preservar a memória é fortalecer nossa identidade coletiva. É entender que cada marco da cidade, do primeiro tijolo assentado às grandes obras de infraestrutura, é fruto de um esforço compartilhado, de uma crença no bem comum. Quando lembramos de onde viemos, reafirmamos os valores que sustentam uma sociedade: o respeito, a solidariedade, o trabalho e a esperança.

O Memorial Iris Rezende é, portanto, mais do que homenagem. É um ponto de reencontro da cidade com sua própria essência. Um espaço que celebra o passado, inspira o presente e prepara o futuro. Goiânia chega aos 92 anos carregando um legado de realizações e de humanidade. E esse legado precisa ser guardado, contado e vivido, para que jamais nos esqueçamos que uma cidade forte nasce da memória viva do seu povo.

Preservar a história é garantir que o tempo não apague o que nos torna únicos. Porque enquanto houver memória, haverá futuro.

Ana Paula Rezende, presidente do Instituto Iris Rezende Machado

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

A memória viva constrói o futuro

Ana Paula Rezende

O debate sobre a cannabis medicinal não se restringe apenas à saúde. A cannabis medicinal e o cânhamo carregam um potencial econômico gigantesco, capaz de transformar a realidade do nosso país e, especialmente, do nosso Estado de Goiás.

Temos solo fértil, clima favorável e uma tradição que nos coloca em posição estratégica para liderar esse mercado. Se a soja nos projetou mundialmente, por que não vislumbrar a cannabis como a próxima grande potência agrícola?

Estamos falando de ganhos bilionários. A industrialização do cânhamo abre portas para inovação, sustentabilidade e produtividade. Da fibra, podemos produzir roupas, tecidos, bioplásticos e até materiais de construção.

Na medicina, novas pesquisas e medicamentos surgirão, impulsionando nossa tão importante indústria farmacêutica e, consequentemente, reduzindo preços. Esse é um ciclo virtuoso que gera empregos, renda e oportunidades em larga escala.

Temos tudo para ser a maior produção do mundo. Podemos superar bilhões em movimentação econômica e gerar milhares de empregos. Não é exagero, e sim uma possibilidade concreta se tivermos coragem política e visão de futuro para superar preconceitos e avançar.

Quando iniciei o debate sobre a cannabis medicinal em 2017, durante meu primeiro mandato, sabia que não seria uma pauta simples. Enfrentei preconceitos, estigmas e desinformação. Mas também sabia que era uma causa necessária, porque estamos falando de saúde, dignidade e oportunidade para milhares de famílias que dependem desses medicamentos para viver com qualidade. Hoje, Goiânia já é referência nesse debate, com cinco leis aprovadas, e me orgulho de termos colocado nossa cidade na vanguarda de uma discussão que, cedo ou tarde, o Brasil precisará encarar de forma madura.

Defendo com convicção a liberação do cultivo da cannabis medicinal e do cânhamo. Essa é a chave para democratizar o acesso, garantindo que quem precisa não fique refém de preços abusivos, que hoje chegam a até R$ 3 mil por frasco de óleo importado. Com o plantio nacional, podemos baratear os custos, tornar o tratamento acessível e inclusivo, independente da classe social de quem precisa.

A cannabis medicinal não é apenas uma pauta de saúde pública. É também uma pauta de desenvolvimento social, econômico e ambiental. Acredito que chegou a hora de plantar essa semente no Brasil, colher os frutos e dividir os benefícios com toda a população.

Essa luta começou em 2017 e continua muito firme. Goiânia foi precursora e seguirá sendo referência. O que defendo é simples, mas muito eficiente: a conexão entre ciência, oportunidade e dignidade. Porque, no fim das contas, a cannabis pode mudar a nossa realidade.

Lucas Kitão, vereador em Goiânia pelo União Brasil.

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

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Cannabis, potência econômica

Lucas Kitão

No Brasil, há uma expressão curiosa: “essa lei não pegou”. Excluídas as que nunca deveriam ter ultrapassado o plano das ideias, muitas leis emergiram da demanda legítima da sociedade por regulamentação.

A Lei dos Distratos Imobiliários (Lei 13.786) foi sancionada em 2018 e surgiu como resposta a um ambiente de distratos imobiliários em todo o país, com regras sobre como deve ser feita a restituição em caso de desfazimento de negócios imobiliários. Sete anos depois, cabe a pergunta: a lei pegou?

A nova norma veio visando desafogar o Judiciário, mas não foi isso que aconteceu, pois há resistência em aplicá-la e recentemente foram publicadas decisões em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) voltou a afastar sua incidência sob o argumento de que, entre a Lei do Distrato e o Código de Defesa do Consumidor (CDC), deve prevalecer este último.

A lei permite a retenção de despesas administrativas, cláusula penal, tributos e devolução parcelada dos valores pagos e, com base nisto, o empreendedor passou a planejar seus negócios. O que não esperava era que os contratos que seguem a lei passassem a ser reféns da interpretação judicial. Aplicar a lei passou a ser um instrumento de insegurança.

Decisões recentes consolidam a ideia de que há um conflito entre a Lei do Distrato e o CDC, optando-se, invariavelmente, pela prevalência deste último, como se uma norma especial pudesse ser afastada por uma regra geral. Justamente o que o legislador quis evitar instalou-se: a insegurança jurídica.

Como explicar ao empreendedor que existe uma norma específica para o setor imobiliário, mas que ela não pode ser aplicada em detrimento de uma norma geral? Como aceitar que uma lei feita para garantir estabilidade acabou virando letra morta?

A visão de que o empreendedor é sempre o lado mais forte e que seu lucro justificaria qualquer perda precisa ser desmistificada, pois o setor imobiliário é um grande propulsor para diminuição do déficit habitacional e sua atividade já é por natureza cercada de incertezas decorrentes das intempéries que envolvem o cenário político, oscilações econômicas, volatilidade tributária, escassez de mão de obra qualificada. Somar a isso a incerteza jurídica é tornar inviável um setor que impulsiona o desenvolvimento do país.

Esse posicionamento contrário ao que prevê a lei não atinge apenas o empreendedor, mas toda a cadeia produtiva. O ambiente de negócios e a confiança nas regras do jogo deveriam ser os balizadores de toda relação contratual. O mercado imobiliário depende de estabilidade para gerar emprego, renda e moradia. A previsibilidade contratual não é um privilégio das empresas — é uma condição essencial para o desenvolvimento.

A insegurança afasta investimentos, encarece projetos e enfraquece um dos motores mais relevantes da economia. Cumprir a legislação especial não é escolha — é obrigação. Se a impressão é a de que a lei não pegou, não é o mercado que perde — é a credibilidade das instituições.

Cristina Viana, advogada, diretora regional do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (Ibradim), membro do conselho jurídico da Ademi-GO e cofundadora do Núcleo de Mulheres do Mercado Imobiliário de Goiás

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Distrato e insegurança jurídica

Cristina Viana

Quando chega o Dia de Finados, data escolhida pela Igreja Católica para lembrarmos aqueles que partiram, somos naturalmente convidados a pensar nas ausências das pessoas que amamos, nos projetos que não se concretizaram e mesmo nos sonhos que se transformaram pelo caminho. Não por acaso, ocorre no penúltimo mês do ano, quando o encerramento de ciclos parece pairar sobre tudo. O calendário se aproxima do fim, e com ele vêm as perguntas sobre o que aprendemos com o percurso que termina.

O luto é um sentimento universal, que se manifesta de várias formas: na morte de alguém querido, no fim de um relacionamento, na perda de um trabalho ou de um ideal. Cada ausência nos desafia a reconstruir a rotina, a encontrar um novo modo de estar no mundo. Na psicologia, o luto é entendido como o processo de reorganizar-se diante da perda, viver com o que falta, sem permitir que o vazio tome todo o espaço. É uma travessia única para cada indivíduo e que exige tempo, escuta e delicadeza.

Nos últimos anos, o tema da finitude tem ganhado mais espaço na vida cotidiana e, com isso, compreensão. Pesquisas mostram que falar sobre perdas e elaborar o luto de forma consciente ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, fortalecendo vínculos e a capacidade de empatia. Em muitas famílias e comunidades, cresce a busca por espaços de escuta, grupos de apoio e práticas que ajudem a transformar a dor em aprendizado. Lidar com o luto, afinal, é também uma forma de reconhecer o valor da vida e das relações que a sustentam.

Há lutos íntimos e silenciosos, vividos em segredo, e há lutos coletivos, que atravessam uma sociedade inteira. As despedidas públicas que acompanhamos nas redes sociais, as homenagens, as palavras trocadas em momentos de perda revelam o quanto somos movidos pelo desejo de dar sentido ao que nos acontece. O amor, quando expresso mesmo na dor, continua sendo um elo que resiste. “O amor da gente é como um grão. Uma semente de ilusão. Tem que morrer pra germinar.” — diz a canção de Gilberto Gil, que tantas vezes nos consola.

Os finais de ciclo nos ensinam sobre a impermanência. Nada é eterno, mas tudo deixa marcas. O amor não acaba, apenas muda de forma. As despedidas, ainda que dolorosas, são convites para o crescimento. Encerrar não é desistir: é compreender que algo cumpriu seu propósito. É o instante em que a dor se encontra com o aprendizado e, dessa junção, nasce a superação.

Superar não é esquecer, mas seguir adiante levando o vivido como parte da nossa história. É reconhecer que o que se foi continua em nós, na memória, nos gestos, nas escolhas que fazemos a partir do que aprendemos. É transformar o luto em luta, uma luta silenciosa, diária, para reconstruir-se, reencontrar sentido e continuar.

Neste Dia de Finados, talvez o convite seja esse: olhar para o que se foi com gratidão, acolher o que dói com ternura e permitir-se recomeçar. Que cada perda possa abrir também um espaço para o renascimento, de um novo jeito de amar, de viver e de seguir. Porque todo fim traz, em alguma medida, a semente de um recomeço.

Marilene de Araújo Martins, psicóloga, especialista em psicoterapia e mestre em Psicologia. Diretora do Instituto Habiens

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