Lançado no mês passado, pelo presidente Lula, o Mais Professores para o Brasil acende uma luz importante para o magistério ao estimular financeiramente jovens interessados em cursos de licenciatura e assumir, no futuro, uma sala de aula em uma escola pública. O Pé-de-Meia Licenciatura, uma das iniciativas do programa, pagará mensalmente, até a formatura, R$ 1.050 a estudantes de cursos presenciais pelo Sisu.

E ainda, o docente que optar por localidades onde há carência de profissional, receberá por dois anos, além do salário da rede à qual se inserir, um valor mensal de R$ 2.100 e cursará uma pós-graduação com foco em docência. É uma decisão valiosa, porque abre a porta de entrada do magistério, porém não basta para a permanência nela.

Sabemos que o que garante o profissional na carreira é a valorização do trabalho por meio do salário e a possibilidade de crescimento de forma consistente a fim de vislumbrar uma aposentadoria respeitável. Com os professores é igual, só que, infelizmente, não é o que acontece em Goiás.

Professores da rede estadual, já denunciei neste mesmo espaço, recebem o pior salário da região Centro-Oeste, e a lei de reajuste deste ano, de autoria do executivo, excluiu os contratos temporários do direito de receber a partir de janeiro e do mesmo porcentual, como manda a Lei do Piso.

A rede estadual de Educação tem hoje um déficit de mais de 15 mil professores, e a cada ano o número de interessados diminui. Considerando apenas os números dos institutos federais instalados no estado, o horizonte preocupa. No IF Goiano, eram 412 estudantes, em 2020, e caiu para 318, em 2023, nas seis licenciaturas ofertadas. No IFG não é diferente, em 2021, ingressaram 2.938 alunos nos 20 cursos de licenciatura da instituição, espalhados em 13 municípios, incluindo a capital; já em 2024, o número caiu para 1.311, mais de 55% de evasão.

Como contornar essa situação altamente preocupante? É uma resposta que o governo de Goiás e os prefeitos precisam responder para quando os alunos do Pé-de-Meia Licenciatura entrarem para as redes não desistirem também no meio do caminho.

O primeiro passo é construir carreira sólida e proporcionar um ambiente de trabalho saudável, eliminando a carga horária exaustiva que compromete a saúde mental do professor e compromete o ensino. Ser professor não é sacerdócio. A docência é uma profissão como as outras, embora merecesse estar um patamar acima, pois sem ela, nenhuma existe.

E para construir uma educação forte, precisamos de união para combater políticas nocivas que comprometem a carreira e corroem o ânimo dos profissionais. Da imprensa, principalmente quando só nos resta a greve como alternativa para tentar fazer jus ao que a lei nos garante. Da sociedade, pois ser professor não diz respeito somente ao indivíduo que está no chão da escola, mas de todos, pois afeta direta e, por vezes irremediavelmente, o tecido social, comprometendo o futuro e o desenvolvimento do estado e do país.

Bia de Lima, deputada estadual e presidente do Sintego

Uma luz para o magistério

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Bia de Lima

Uma nova fronteira do agronegócio tem se consolidado em Goiás: o Vale do Araguaia, também já considerado importante polo de irrigação agrícola do nosso estado. Embora ainda muitos desconhecem, a região já desempenha um papel fundamental para o agro de Goiás e do Brasil.

Atualmente, no Vale do Araguaia se planta mais de 2 milhões de hectares com soja e mais de 1,5 milhão de hectares com milho. Além de outras culturas. Mas nas próximas duas décadas pode alcançar uma produção anual de 8 milhões de hectares.

A região ainda possui mais de 5 milhões de hectares com pastagens, sendo que a metade está em áreas propícias para a agricultura. Ou seja: o agro goiano tem enorme potencial de crescimento no Vale do Araguaia, que poderá consolidar Goiás como a terceira maior força agrícola do Brasil.

O que terá forte impacto na economia do estado. Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto de todos os municípios que compõem o Vale do Araguaia é superior a R$ 22 bilhões. É maior que as economias de Roraima, do Acre ou do Amapá.

Em Goiás, a região compreende os municípios de Araguapaz, Aruanã, Bonópolis, Britânia, Crixás, Faina, Matrinchã, Mozarlândia, Mundo Novo, Nova Crixás, Novo Planalto, Santa Fé de Goiás, São Miguel do Araguaia e Uirapuru.

Além da grande disponibilidade de terras, outro fator decisivo para que o Vale do Araguaia se destacar no agronegócio é seu potencial hídrico. Com irrigação, podemos transformar uma área de pastagem degradada e produzir três vezes mais que em área não irrigada.

Mas, apesar de estar se tornando rapidamente na maior fronteira do agronegócio brasileiro, o Vale do Araguaia ainda enfrenta desafios. O maior deles é com a energia elétrica. Muitos produtores ainda têm de usar geradores, o que aumenta o custo de produção. Para muitos, se torna inviável.

Uma força-tarefa envolvendo os produtores e prefeitos da região, juntamente com o governo de Goiás e a Equatorial Energia, tem buscado solução. Mas, para isto, depende da boa vontade da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Outro gargalo é a com a malha logística, especialmente a rodoviária. O que, felizmente, tem sido resolvido com os investimentos do Estado. Em poucos anos, também contaremos com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que certamente dará novo impulso ao agronegócio da região.

O Vale do Araguaia está situado em uma das principais bacias hidrográficas brasileiras. Especialmente a do rio Araguaia. O agro na região trabalha com duas premissas claras: preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

A preservação da vegetação é muito importante para a regularidade da vazão dos rios, manter as nascentes e contribuir para o equilíbrio da fauna na região. Sem isto, não existe agricultura sustentável.

O Vale do Araguaia vai se tornar referência no novo agronegócio brasileiro. Pode chegar, em pouco tempo, a 6 milhões de hectares plantados sem derrubar uma única árvore, sem desmatar um hectare. Isto está se tornando realidade. E, superados os desafios, vamos avançar muito mais.

Jânio Darrot, empresário e produtor rural em Goiás

Nova fronteira do agro goiano

Jânio Darrot

Há quase nove décadas, a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia é um pilar da saúde no Centro Oeste. Primeiro hospital da capital, surgiu três anos após sua fundação. Sua natureza filantrópica a coloca em posição singular onde a dedicação ao bem-estar se sobrepõe à lógica do lucro.

Ao longo de sua história, tem sido um farol de esperança para milhares de pacientes, oferecendo desde cuidados básicos até procedimentos complexos em especialidades como oncologia, cardiologia, neurologia, gastroenterologia e urologia. A excelência do corpo clínico e a diversidade de serviços fazem da Santa Casa uma referência não só para Goiânia, mas para outros municípios.

O que comprova que a importância da instituição transcende os números de atendimentos ambulatoriais, internações e urgências. Representa um elo vital da rede pública de saúde, sobretudo para os mais vulneráveis.

Na última semana, seu papel foi reconhecido na Assembleia Legislativa de Goiás. Em pronunciamento alusivo ao Dia Mundial de Combate ao Câncer, o deputado Paulo Cezar Martins destacou a relevância da instituição e fez um apelo para que o governo priorize a destinação de recursos à manutenção e ampliação dos serviços prestados.

A ala de oncologia da Santa Casa é exemplo de cuidado e dedicação. Há mais de 30 anos, pacientes com câncer recebem ali não só tratamento médico especializado, mas também apoio humanizado. Os atendimentos ocorrem em área específica para reduzir riscos de infecção, e mesmo após a alta há acompanhamento constante, com retornos periódicos.

No entanto, manter um setor tão complexo exige recursos contínuos. Daí a urgência do apelo do deputado. A Santa Casa não pode depender apenas da filantropia individual. As doações da sociedade são importantes e mostram reconhecimento, mas garantir saúde à população é, sobretudo, dever do Estado e do município.

A destinação de verbas públicas adequadas é essencial para assegurar a continuidade dos atendimentos, modernizar equipamentos e manter uma equipe qualificada. Em suma, a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia é a expressão viva dos valores de solidariedade e cuidado ao próximo. Seu legado de quase 90 anos comprova o impacto positivo que uma instituição filantrópica pode ter na vida das pessoas. O pronunciamento do deputado Paulo Cezar Martins reforça que o reconhecimento precisa se transformar em políticas públicas efetivas.

É indispensável que o poder público, a sociedade civil e a própria Santa Casa atuem de forma conjunta para que a instituição siga firme em sua missão de acolher e tratar quem mais precisa, mantendo-se essencial no cenário da saúde goiana.

Irani Ribeiro de Moura, médica pediatra, com mestrado em gestão e sistemas de Saúde, é&nbsp;superintendente&nbsp;geral da Santa Casa&nbsp;de Misericórdia de Goiânia

Santa Casa, apoio é urgente

Irani Ribeiro de Moura

A nova cirurgia de Jair Bolsonaro, de 12 horas, joga luzes sobre a grande incógnita das eleições presidenciais de 2026, quando os dois principais líderes políticos do país, Bolsonaro, pela extrema direita, e Luiz Inácio Lula da Silva, pela esquerda, dão sinais de que terão dificuldades para se candidatar e, portanto, para manter a sólida polarização brasileira.Bolsonaro, 70 anos, tem sofrido efeitos colaterais bastante graves da facada que quase o matou durante a campanha de 2018, que ele venceu, e não se pode dizer que tenha exatamente uma saúde de ferro. Mas o pior é que ele, além de inelegível, enfrenta um julgamento difícil e carregado de provas como “chefe da organização criminosa”, segundo a PGR, que planejou e tentou dar um golpe de estado no País. Seu grande risco é estar atrás das graves na eleição.Lula, 79 anos, curou-se de um câncer de garganta, mas, já no terceiro mandato, levou um tombo no banheiro e teve de fazer mais de um procedimento para estancar um sangramento intracraniano. Terá 80 anos na posse do futuro presidente e 84 no fim do próximo mandato presidencial. Além disso, Lula enfrenta popularidade preocupante, um Congresso hostil, uma oposição muito articulada e uma montanha de críticas, principalmente na mídia e inclusive entre aliados.A diferença é que Bolsonaro está rouco de tanto dizer, e tentar convencer, que será candidato, mas, ao contrário de Lula, sofre uma competição cada vez maior no próprio bolsonarismo. O nome mais em evidência é o de Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo, mas ele é seguido pela ex-primeira dama Michele, governadores como Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado e os tais “outsiders” que usam as pesquisas e abusam das redes sociais.O problema de Lula é inverso: a falta de um sucessor, como já lhe cobraram dois ícones latino-americanos, Pepe Mujica, da esquerda, e o cacique Raoni, líder indígena. É como se a esquerda nacional só tivesse uma alternativa, ou Lula ou Lula. De uma pobreza de dar dó - dó e um certo pânico, que permeia os debates de Brasília, mas é tratado sob constrangimento. Quem mais tem, ou teria coragem de botar o dedo nessa ferida para Lula, como Mujica e Raoni?Se Lula e Bolsonaro são incertos e não sabidos e a polarização está em risco, era de se esperar que o centro se articulasse para entrar de cabeça nesse vácuo, mas quem, e o que, sobrou do centro no Brasil? O País é dividido entre 30% da esquerda, 30% do bolsonarismo e 30% que não é de nenhum dos dois lados. Está num limbo, sem ver a luz no fim do túnel. Um ano e meio antes das eleições, 2026 é uma enorme incógnita.

Falta luz e o centro no fim do túnel

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Eliane Cantanhêde

O mês de maio é naturalmente um convite para celebrarmos a força das mulheres. Especialmente neste período em que homenageamos as mães, é preciso reconhecer não só a importância delas na formação de famílias e na educação de gerações, mas também destacar seu papel fundamental na liderança e transformação da sociedade.

Foi com esse olhar que, recentemente, realizamos em Goiânia o Encontro de Mulheres, um momento marcante que reuniu mais de 150 gestoras públicas, prefeitas, vereadoras e lideranças municipais e estaduais. Mais do que um evento, foi um espaço inspirador de troca, aprendizado e fortalecimento do protagonismo feminino em todas as suas formas.

Conversamos sobre desafios enfrentados pelas mulheres na política, no mercado de trabalho e nas comunidades que lideram, e também refletimos sobre a importância de políticas públicas que ampliem oportunidades e valorizem a trajetória de tantas que, muitas vezes, acumulam múltiplas jornadas, inclusive como mães e responsáveis pelo sustento de suas famílias.

Dando continuidade a esse propósito, apresentei o Projeto de Lei nº 4551/2024, que cria o Programa de Reabilitação Profissional para Mulheres Idosas. Essa proposta nasce da necessidade urgente de incluir mulheres com 60 anos ou mais no mercado de trabalho, reconhecendo que a longevidade crescente exige ações concretas de inclusão social e econômica.

Sabemos que muitas dessas mulheres enfrentam barreiras significativas, como o preconceito etário, a falta de acesso à reciclagem profissional e uma cultura que, infelizmente, ainda valoriza mais a juventude do que a experiência. É importante lembrar que muitas delas continuam exercendo o papel de chefes de família, sendo o alicerce financeiro e emocional de suas casas. Por isso, garantir sua inclusão no mercado de trabalho não é apenas uma questão econômica, mas sobretudo de justiça social e respeito à sua história de vida.

O projeto propõe a criação de cursos de reciclagem profissional, que vão permitir a atualização das habilidades dessas mulheres, além de orientação para o empreendedorismo, incentivando aquelas que desejam iniciar seus próprios negócios. Também prevê incentivos fiscais para empresas que contratarem mulheres idosas, criando um ambiente mais favorável e combatendo o preconceito. Por fim, o projeto inclui campanhas de sensibilização, que buscam transformar a percepção da sociedade sobre o papel dessas mulheres, valorizando sua experiência e contribuição.

No mês em que reconhecemos o papel transformador das mães, é simbólico reforçarmos que muitas delas, ao longo da vida, se reinventam inúmeras vezes. Seja na criação dos filhos, na superação dos desafios cotidianos ou no recomeço profissional. Precisamos olhar para essas trajetórias com o devido reconhecimento e criar caminhos reais para que essas mulheres possam continuar contribuindo ativamente para a sociedade.

A inclusão econômica das mulheres idosas é fundamental para garantir dignidade, autonomia e valorização. Conto com o apoio dos meus colegas parlamentares para aprovar essa iniciativa, que vai ao encontro dos princípios de uma sociedade mais justa, igualitária e que reconhece o valor de todas as gerações. Que o espírito do Encontro de Mulheres e a força das mães brasileiras continuem nos inspirando a construir um futuro melhor para todas.

Adriano do Baldy é deputado federal pelo PP