“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” A máxima de Beauvoir ecoa na experiência de Consuelo Nasser, que transformou indignação em ação concreta. Advogada, jornalista e feminista por convicção, nascida em 1947, enfrentou o autoritarismo entendendo a imprensa como trincheira de resistência. Fundou veículos contra-hegemônicos, como o Cinco de Março, Edição Extra e Revista Presença, desafiando a censura e disputando a memória coletiva em um Brasil atravessado pela Ditadura. Em 1981, após o feminicídio da cantora Eliane de Grammont, Nasser liderando uma rede de mulheres voluntárias, criou o Centro de Valorizacao da Mulher (Cevam), pioneiro no acolhimento jurídico, psicológico e social de mulheres vítimas de violência , antecipando debates que só mais tarde seriam incorporados pelo Estado, estruturando um modelo popular e interdisciplinar de enfrentamento à violência de gênero.