Com a ascensão da extrema-direita no ambiente político, vêm se tornando banais iniciativas que criminalizam populações marginalizadas ou que retiram direitos conquistados no processo de redemocratização do país. A guerra imaginária do nós contra eles, estratégia dos que se alimentam do discurso da violência, é também distorcida dentro de dogmas religiosos por políticos que se escondem atrás do púlpito. Direito e religião se confundem para assim produzir uma sociedade pautada pelo autoritarismo e pelas verdades de doutrinas carregadas de ódio e preconceitos de todos os matizes. A violência contra as populações periféricas, fundada no racismo estruturante da nossa sociedade, já não é suficiente para sustentar os discursos dos homens ávidos pelo poder a qualquer custo em busca de sua sociedade imaginada. Se o controle da polícia pela sociedade deu lugar ao controle da sociedade pela polícia, chegou o momento de restringir um pouco mais os movimentos democráticos. Os tapas na cara de pretos e pobres, os falsos confrontos mal-simulados, a máxima militarização dos presídios, são práticas que se tornaram norma na política dos casos isolados. Então, é hora de avançar para o controle absoluto descrito nas mais absurdas distopias, como nas obras de Yevgeni Zamiatin, George Orwell ou Margaret Atwood.