Causa desconforto o julgamento narrado neste periódico, em que houve expressão de opiniões sobre desmilitarização da Polícia Militar e insinuação da prática de adivinhação desqualificada (afinal, ela usaria uma “bola de cristal paraguaia”) pela instituição de segurança. O desconforto resulta não apenas dos tons de pessoalidade, generalizante e jocoso para com a corporação, a evidenciar uma visão enviesada e injusta da segurança pública. Mais que isso, porque são crenças que não se constituem em argumentos de exercício do poder de jurisdição – são ideias que teriam lugar para discussão em ambiente diverso e não em um julgamento, para evitar justamente o que pareceu ocorrer: que não se julgava ali o fato, mas sim a própria Polícia Militar. Ainda que não se tivesse antevisto a reação ao julgamento na imprensa e nos fatos que lhe seguiram, são expressões e pensamentos que comprometem a substância de uma política pública aclamada por todo o país e que apresenta ótimos resultados – o que significa preservação da vida humana.