No Brasil, a ideia de cidades inteligentes está ganhando cada vez mais relevância, como evidenciado pela Carta Brasileira para Cidades Inteligentes. Este documento delineia o conceito de cidades inteligentes como aquelas comprometidas com o desenvolvimento urbano sustentável e a transformação digital, considerando aspectos econômicos, ambientais e socioculturais. O objetivo é promover o letramento digital, adotar práticas de governança colaborativa e utilizar tecnologias para resolver desafios, criar oportunidades e melhorar a qualidade de vida.

No entanto, a implementação dessa visão enfrenta desafios significativos, especialmente em nível municipal. Embora órgãos federais e estaduais estejam engajados na promoção das cidades inteligentes, como o Ministério das Cidades e o Ministério da Integração e do Desenvolvimento, a efetivação dessas políticas depende muito da atuação dos municípios.

Um exemplo concreto é o caso de Goiânia, onde o programa “Goiânia Cidade Inteligente” foi oficialmente lançado em agosto de 2021, prevendo investimentos substanciais de R$ 2 bilhões entre 2022 e 2025. O Programa Goiânia em Nova Ação tem como propósito transformar o município em uma cidade inteligente, humana e igualitária, utilizando diversas ferramentas de tecnologia e inovação para promover maior eficiência na gestão pública.

Contudo, o município enfrenta demoras na execução e implementação do programa, longe do esperado. Aguarda-se que os investimentos previstos sejam utilizados de forma mais expressiva para as iniciativas planejadas até o momento. Entre as iniciativas em andamento, destacam-se a melhoria da eficiência na iluminação pública, instalação de pontos de Wi-Fi público e sistemas de videomonitoramento. Ainda assim, há propostas significativas a serem implementadas, evidenciando uma lacuna entre o planejamento e a execução política.

A possibilidade de parcerias público-privadas (PPPs) para impulsionar o desenvolvimento das cidades inteligentes, conforme descrito no programa, pode trazer desafios adicionais, como a delimitação de decisões. Embora as PPPs possam oferecer recursos e expertise técnica, também levantam questões sobre a privatização dos serviços públicos e a falta de transparência nas decisões.

É fundamental, portanto, que os esforços para construir cidades inteligentes sejam acompanhados de uma solidez política que inclua a participação ativa da sociedade civil e garanta transparência na condução das diretrizes. As políticas públicas devem ser transparentes e inclusivas, levando em consideração as necessidades e interesses de todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis.

Em última análise, a transformação digital rumo a cidades inteligentes no Brasil é um processo complexo que requer um compromisso de longo prazo e uma abordagem holística. É preciso superar desafios políticos, econômicos e sociais para construir cidades verdadeiramente inteligentes, sustentáveis e inclusivas para todos.

Paola Regina Antonacio Monteiro, bacharel em Arquitetura e Urbanismo, mestre em Desenvolvimento Regional, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação do IESA-UFG em Cidades Inteligentes e pesquisadora do Observatório das Metrópoles - Núcleo Goiânia

Caminhos para a Cidade Inteligente

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Paola Regina Antonacio Monteiro

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Recém-nascida vendida pela mãe (Divulgção/Polícia Civil)

Uma mãe foi presa suspeita de vender a filha recém-nascida para uma empresária em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ela ia comprar um curso e pagar o aluguel com o dinheiro. Ao&nbsp;POPULAR, o delegado Humberto Teófilo explicou que não tem um valor exato da venda, mas uma conversa entre a empresária e a funcionária mostra que a mulher estava disposta a pagar até R$ 5 mil pela bebê&nbsp;(veja abaixo).&nbsp;Além da mulher, o companheiro dela, a empresária e uma funcionária também foram presos.&nbsp;

<cite>Essa mulher veio do Maranhão e deu à luz a essa bebê aqui em Goiânia. Ela estava com depressão pós-parto e resolveu, junto com o seu companheiro, vender e entregar a bebê para outra pessoa [...] A mãe ia ganhar um dinheiro para comprar um curso de culinária, pagar o aluguel e como ela mesma disse, comprar os mimos dela”, explicou o delegado.&nbsp;</cite>

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Por não terem os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos para que se posicionassem até a última atualização desta reportagem.

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Print de negociação entre empresária e funcionária suspeita de intermediar venda de recém-nascida (Divulgção/Polícia Civil)

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<a href="https://opopular.com.br/mundo/homem-e-preso-por-vender-filha-para-casamento-1.1351654" target="_blank">Homem é preso por vender filha para casamento</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/preso-em-pernambuco-casal-que-tentava-vender-filha-via-facebook-1.396701" target="_blank">Preso em Pernambuco casal que tentava vender filha via Facebook</a></div>

Os quatro foram presos no domingo (30) após uma denúncia anônima. O casal foi preso no Setor Lorena Park e a empresária e funcionária no Parque Industrial João Braz. A PC informou que o companheiro da mulher e a funcionária da empresária teriam intermediado a venda.

“O&nbsp;companheiro dela ficou em silêncio, a empresária e a funcionária negaram tudo e disseram que só iam cuidar da criança e ia devolver. A mãe confessou e contou detalhes da venda”, informou o delegado.&nbsp;&nbsp;

Conforme o delegado, a empresária está cadastradada no Banco Nacional de Cadastro de Adoção, mas não queria passar pelos procedimentos. "Ela não queria entrar na fila, porque não basta estar no cadastro, você tem que entrar na fila. Tem um procedimento para fazer essa adoção", afirmou&nbsp;Humberto Teófilo.

De acordo com a polícia, a&nbsp;recém-nascida&nbsp;foi entregue para o Conselho Tutelar e os quatro presos devem responder por tráfico de pessoas.

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Suspeitos presos por tráfico de pessoas em Goiânia (Divulgção/Polícia Civil)

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Mãe é presa suspeita de vender recém-nascida para empresária em Goiânia

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TRÁFICO DE PESSOAS

Uma mulher foi presa no domingo (30) suspeita de usar a foto de uma criança doente para pedir dinheiro em sinaleiros de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ela se passava por avó da criança de 9 anos e usava uma falsa campanha&nbsp;para pedir doações alegando que o dinheiro era o tratamento da menina que tem atrofia muscular espinhal. O delegado Humberto Teófilo informou ao POPULAR que o dinheiro arrecadado era dividido com a mãe da menina que mora em Minas Gerais. A mãe deve ser intimada nos próximos dias. Não há informações sobre o pai da criança.&nbsp;&nbsp;

<cite>Ela induzia as pessoas a acreditarem que existia uma campanha de doação específica porque ela mostrava o&nbsp;banner&nbsp;com a criança em estado de saúde grave. A criança realmente está em&nbsp;estado de saúde delicado, mas tem um plano de saúde particular que cobre todas as despesas. A mãe e a mulher que usava a imagem da criança são amigas e a mãe ganhava metade do dinheiro arrecadado”, explicou o delegado.</cite>

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Por não terem os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas da suspeita e nem da mãe da criança para que se posicionassem&nbsp;até a última atualização desta reportagem.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/golpistas-iniciam-falsa-campanha-para-reconstruir-igreja-onde-o-teto-desabou-durante-instalac-o-de-placas-solares-1.3244039" target="_blank">Golpistas iniciam falsa campanha para reconstruir igreja onde o teto desabou durante instalação de placas solares</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/13-pessoas-s-o-presas-suspeitas-de-clonar-anuncios-para-aplicar-golpe-do-falso-aluguel-em-goias-1.3243807" target="_blank">13 pessoas são presas suspeitas de clonar anúncios para aplicar golpe do 'falso aluguel' em Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/senadores-e-deputados-s-o-vitimas-de-golpe-e-policia-calcula-prejuizo-diz-delegado-1.3243620" target="_blank">Senadores e deputados são vítimas de golpe, e polícia calcula prejuízo; diz delegado</a></div>

De acordo com o delegado, o&nbsp;crime acontece há mais de 3 anos e a mulher foi contratada pela mãe da criança para pedir dinheiro e dividir os valores. A polícia teve conhecimento da situação após uma pessoa desconfiar da suspeita e denunciar o caso. “Uma pessoa fez um Pix para ela e suspeitou de que ela estaria usando a imagem dessa criança para benefício próprio”, disse o delegado. &nbsp;

A suspeita foi autuada em flagrante pelo crime de estelionato, que não cabe fiança. A pena pode chegar a 5 anos de prisão. “É importante ficar ligado na hora que for doar o dinheiro. Verificar se existe uma campanha de arrecadação verdadeira. Ficar atento e não ficar emotivo só porque está vendo aquela situação”, ressalta o delegado. &nbsp;

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Mulher é presa suspeita de se passar por avó de criança doente e usar foto dela para pedir dinheiro nas ruas de Goiânia

estelionato

Não é de hoje que profissionais da saúde conquistam espaço no imaginário popular. Do médico de família ao cirurgião renomado, a credibilidade da medicina sempre foi um ativo valioso. No entanto, na era digital, essa autoridade transcendeu os consultórios e hospitais, migrando para as redes sociais. O fenômeno dos “medinfluencers” - médicos que também são influenciadores - ganhou força, impulsionado pela crescente busca por informação rápida e acessível.

A exposição on-line tem vantagens inegáveis. A popularização de conteúdos educativos, a desmistificação de diagnósticos e a promoção da saúde preventiva são apenas algumas das contribuições positivas dos médicos nas plataformas digitais. De nanoinfluenciadores, com poucos milhares de seguidores, a gigantes com audiências que superam a casa do milhão, esses profissionais tornaram-se referências em um ecossistema marcado pela velocidade da informação.

No entanto, a linha entre educar e promover-se nem sempre é clara. O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou recentemente que médicos que atuam nas redes sociais devem observar os preceitos do Código de Ética Médica, mesmo na condição de influenciadores digitais. A decisão foi tomada em recurso extraordinário, no qual um médico influenciador de renome nacional contestava fiscalizações realizadas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul.

Já o Conselho Federal de Medicina alerta para os riscos da atuação desregulada, que pode colocar a credibilidade da profissão em xeque. O uso comercial da imagem, a publicidade de tratamentos sem comprovação científica e o sensacionalismo são preocupações centrais. Há, também, o risco da distorção da relação médico-paciente, que deveria ser baseada na escuta e na análise individualizada, e não em generalizações virais.

A regulamentação tenta acompanhar essa evolução, mas enfrenta desafios. Em um ambiente onde a audiência é medida por engajamento, médicos são incentivados a produzir conteúdo constantemente, o que pode levar a concessões éticas.

Enquanto alguns optam por uma abordagem conservadora, respeitando rigidamente as normas, outros arriscam postagens ousadas, testando os limites da publicidade médica. Há ainda os que ignoram qualquer regulação, movidos pelo alto retorno financeiro que a popularidade on-line proporciona.

O dilema é complexo e é necessário analisar até que ponto a exposição é válida. Médicos devem adaptar-se à nova realidade digital ou preservar a sobriedade da profissão? O equilíbrio parece residir na transparência e no compromisso com informação de qualidade.

Se o futuro da medicina inclui a presença maciça nas redes sociais, que seja com responsabilidade. Entre a busca por likes e a missão de salvar vidas, é essencial que o compromisso com a saúde pública se sobreponha à sede por relevância digital.

Wesley Cesar Gomes Costa, advogado e professor

Desafios dos médicos influencers

Wesley Cesar Gomes Costa

O Brasil tem um problema de saúde pública grave e crescente: o sedentarismo infantil. Enquanto muitas discussões sobre hábitos saudáveis se concentram na população adulta, os dados sobre a inatividade física entre crianças e adolescentes avançam em um tom alarmante que pede atenção imediata. A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças e adolescentes pratiquem, pelo menos, 60 minutos de atividade física moderada diariamente.

No entanto, mesmo antes da pandemia, o cenário já era preocupante, já que, segundo a OMS, 78% das crianças brasileiras estavam propensas ao sedentarismo por não atingirem esse mínimo recomendado. Com o aumento do tempo de tela e a diminuição das atividades físicas, estamos formando uma geração mais doente e vulnerável a complicações graves no futuro.

A falta de movimento na infância não se reflete apenas em um risco maior de obesidade. O sedentarismo pode comprometer o desenvolvimento motor, dificultar a socialização, impactar negativamente o aprendizado e até levar a problemas emocionais, como ansiedade e depressão.

Além disso, os hábitos adquiridos na infância costumam se perpetuar na vida adulta, tornando a obesidade e as doenças crônicas associadas uma realidade cada vez mais precoce. Segundo pesquisa da UFPR (Universidade Federal do Paraná), 74,4% dos adolescentes brasileiros passam mais de duas horas diárias em frente a telas - um tempo excessivo que está diretamente ligado ao aumento do sobrepeso, à piora na qualidade da alimentação e a uma redução do tempo de sono.

Os impactos desse estilo de vida já se refletem no sistema de saúde pública. O crescimento do número de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade gera uma demanda maior por atendimento médico, exames e tratamentos, além de elevar os gastos com doenças que antes eram mais comuns apenas em adultos, como hipertensão e diabetes tipo 2.

O custo do tratamento dessas enfermidades poderia ser amplamente reduzido com a adoção de medidas preventivas eficazes, o que evitaria a sobrecarga dos hospitais e unidades de saúde. Se já sabemos que a inatividade infantil tem consequências devastadoras para a saúde e para os cofres públicos, por que não investimos em soluções concretas? É preciso que o combate ao sedentarismo se torne uma prioridade política e social.

Isso significa ampliar o acesso a espaços públicos para práticas esportivas, fortalecer a educação física nas escolas, criar ainda mais campanhas que incentivem hábitos saudáveis desde a infância e conscientizar pais e responsáveis sobre a importância de limitar o tempo de tela e estimular brincadeiras ao ar livre. Sem políticas públicas voltadas para a prevenção do sedentarismo e da obesidade infantil, estaremos condenando essa geração a uma vida marcada por doenças evitáveis.

No mês em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo, é ainda mais latente divulgar que a solução não está apenas em tratar os sintomas, mas em atuar na raiz do problema.

Mirna de Sousa, cardiopediatra, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

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