Palácio Alfredo Nasser em disputaHá dias acompanho o debate sobre a nova sede do TCM e, como cidadã, me sinto à vontade para opinar. O tribunal não sai da mídia e aparece sempre de maneira positiva, defendendo a sociedade. Foi assim quando ajudou a evitar que a fila de vacinação contra a Covid-19 fosse furada, ou que bibliotecas de escolas públicas fossem fechadas e, mais recentemente, que o SAMU fosse usado como desculpa para uma contratação prejudicial aos cofres públicos. Sou goiana do pé rachado, com muitos amigos e familiares no interior e, por isso, sei quantos malfeitos o tribunal tem impedido em tantos lugares. Tenho visto, desde o início dessas discussões, o tribunal assumir o compromisso de preservar todo o patrimônio histórico e cultural do Palácio Alfredo Nasser, com a abertura de espaço para apresentações e exposições artísticas e culturais.Todavia, é triste assistir, nessas discussões, a fala de algumas pessoas que, ao se dizerem defensores de uma “causa”, o fazer com ofensas gratuitas e agressividade até.É um direito de cada um manifestar sua contrariedade com uma situação que não tenha contemplado seus interesses. Mesmo que seja um fato consolidado, resultante de ato legal e juridicamente perfeito. Um grito de protesto não pode se transformar em sonido de ofensa e de intolerância, como caracterizado na carta “Ainda sobre o TCM”, publicada na sessão Cartas de O Popular.Acredito firmemente que a arte e a cultura não devem se apegar a prédios e a palácios. Esses lugares são importantes para proteger as obras, claro, mas a melhor forma de garantir que todos tenham acesso é levar a arte e a cultura até as pessoas, descentralizando a questão e expandindo o olhar.Quem possui um espaço dedicado às artes em sua região, tem o olhar e as perspectivas mudadas e, automaticamente, passa a cobrar do poder público melhores condições básicas, como pavimentação, iluminação, segurança e espaços públicos adequados. As pessoas percebem que merecem mais e não aceitam menos do que uma vida de qualidade em todos os aspectos. Há algo mais transformador que isso? Com a permissão que só os muitos anos de vida concedem, sugiro que a energia que está sendo gasta com uma guerra perdida, na minha opinião, seja canalizada para a conquista de novos espaços e de novos corações. Vilani de AlencarParque Atheneu - Goiânia