Pacote fiscal Inseridas no bojo de um pacote fiscal, anunciado na quinta-feira (28), as promessas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sob sua peculiar ótica, acenam com uma economia de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, com impacto restritivo nos gastos públicos de R$ 327 bilhões até 2030. A que custo para o contribuinte? O questionamento é deveras pertinente. Sim, estamos a falar de um gestor que há décadas tem se notabilizado pelo improviso e desprezo a projetos de médio e longo prazo. Aliás, o Estado brasileiro, reiteradamente, peca por falta de visão de futuro, e essa miopia grassa em todas as esferas de governo, daí a ineficiência em gerir a coisa pública, às vezes se superando ao chafurdar em escabrosos casos de corrupção – alguns, propositadamente não elucidados até as últimas consequências. Na fala do ministro, o destaque fica por conta de imposto e renda, ou melhor, Imposto de Renda; alguns “ajustes fiscais” e o corte de gastos virão acompanhados de aumento da carga tributária. A propósito, corte mesmo de gastos não encontrou maior espaço no pronunciamento do titular da pasta da Economia. A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês – talvez a medida de maior impacto, caminha na contramão do enunciado; cálculos do próprio governo estimam uma renúncia de R$ 35 bilhões por ano aos cofres públicos - a fonte de recursos para fazer frente a essa despesa virá da taxação de quem ganha mais de R$ 50 mil mensais Medida populista para cumprir promessa de campanha do presidente Lula, com reverberação nas eleições de 2026, quando a isenção irá viger e o presidente deve buscar a reeleição. Fica difícil entender por que o mercado não gostou do pacote? Somos o país que mais paga juros de dívida pública, diz o relatório anual do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), com dados do FMI, JP Morgan e Banco de Compensações Internacionais (BIS).