'Ainda Estou Aqui’ O Brasil de Rubens Paiva, de Eunice Paiva e de todos os brasileiros está esfuziante com a consagração inédita do Oscar com o filme Ainda Estou Aqui. É a volta da cultura brasileira, após quatro anos de apagamento. O filme retrata horrores enfrentados pela família Paiva durante a ditadura militar, período em que intelectuais, estudantes e opositores ao regime eram perseguidos, presos, torturados e mortos. Rubens Paiva foi sequestrado de dentro de sua casa, e seu corpo continua desaparecido. Eunice Paiva, então, começa a luta para obter o atestado da morte do marido, crime praticado pelo Estado. A premiação do filme e sua consequente visibilidade nacional e internacional vieram num momento de necessária contraposição ao recente ataque à nossa democracia, que buscou a volta da situação trágica que retrata o filme. Essa é a capacidade da arte, cujo poder argumentativo se faz na sensibilização, na empatia, na humanização. Assim, como objeto artístico, que não busca explicações, o filme integra cenas contidas, implícitas, sugeridas, deixando ao telespectador a sua análise. Nesse sentido, vejo a necessidade de se levar o filme às escolas a fim de que os nossos jovens conheçam parte da história brasileira, por vezes, apagada do material didático. Mas a História não se deixa apagar. Ela se faz dos rastros, dos vestígios, dos registros semiapagados, mas clarificados na memória daqueles que sentiram na pele e na alma as atrocidades da violência, e transformados em objeto de arte e de denúncia. Não obstante, enquanto o Brasil irradia alegria e orgulho do cinema brasileiro e da nossa pátria, governadores como Tarcísio de Freitas, Zema, Ricardo Nunes e deputados que usaram o boné “Make America great again”, em homenagem à vitória de Trump nos EUA, foram incapazes de prestar homenagens à conquista do inédito Oscar brasileiro por Ainda Estou Aqui. Silêncio sepulcral da direita, extrema direita e dos seus pré-candidatos à Presidência da República. São os “patriotas” destituídos de pátria.