Corrupção “O Brasil não é o único corrupto do mundo. Mas a nossa corrupção é a mais gratificante” – Millôr Fernandes. A assertiva é deveras emblemática. Somos coniventes com a corrupção quando não a tratamos com a devida indignação; quando entre normas morais e a prática cotidiana, notadamente na esfera pública, a antinomia é apenas aparente, aqui os extremos quase sempre se tocam, se fundem e convivem paradoxalmente em plena harmonia. A título de exemplo dessa “harmoniosa convivência”, dias passados usufruímos da acepção que o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Marques de Carvalho, engendrou para mitigar e refutar o aumento da percepção da corrupção no Brasil, divulgado pela ONG Transparência Internacional, cujo diretor executivo, Bruno Brandão, elencou os fatores que levaram ao aumento da percepção da corrupção no Brasil: incapacidade de formular políticas públicas com bases técnicas; explosão da corrupção no nível local, com bilhões de reais – leiam-se emendas parlamentares/orçamento secreto, convite acintoso à corrupção – direcionados a municípios sem capacidade de controle e distorção no processo eleitoral, com a reeleição favorecida para quem tem acesso às emendas.