Calamidade Enquanto Goiânia cambaleia sob o peso de um estado de calamidade, a farra pública continua como se a miséria fosse alheia e a dor da cidade, invisível. Num cenário que mescla ironia e escárnio, um vereador da capital destinou, por meio de emenda impositiva, nada menos que R$ 804 mil do erário para custear um “arraiá”, onde se esbaldaram apenas 120 convidados. Dentre eles, 70 sortudos integrantes da entidade beneficiada ocupavam a “sala VIP” e 50 preenchiam a plateia. O tal Instituto Brasil Criativo, curiosamente, tem como sede uma sala comercial em reforma e com funcionamento questionável na própria capital. Festejou-se com chope e farta distribuição gratuita, enquanto famílias inteiras nas periferias de Goiânia lutam por água potável, saúde pública digna e transporte que não os humilhe. O contraste é grotesco: na capital onde falta o básico, o luxo é servido no copo. O dinheiro que poderia aquecer políticas públicas de verdade e ser investido em postos de saúde, escolas sucateadas ou na limpeza pública, foi entregue a shows sertanejos e à espuma passageira de um chope servido à elite festiva de ocasião.