Prisão domiciliar Por mais que eu mesmo diga que todos nós somos iguais perante a lei, eu acabo por questionar minha própria afirmação. Senão vejamos, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Fernando Collor de Melo, o ex- governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, todos brancos, ricos e poderosos, um acusado e outros já condenados em casos de crimes graves, seguem como privilegiados: podem estar em prisões domiciliares, no aconchego dos seus lares e na companhia de familiares e amigos. Coitado de um preto pobre, mover mundos e fundos, acionar seu morro e sua favela, ou comunidade, para questionar a Justiça e a decisão de um juiz. Será que um preto pobre estaria cumprindo sua prisão em casa? Mais de 40% dos presos no Brasil, atualmente, estão presos no regime fechado, como prisão provisória, ou preventiva, ou temporária ou cautelar, sem a condenação final. Não estão em prisão domiciliar, estão no sistema carcerário brasileiro, sem uma condenação definitiva. Só que essas pessoas não têm visibilidade, não têm televisão, rádio, jornal, revistas, sites ou a imprensa de uma forma geral, e sequer têm condições financeiras para se defender, estão lá esquecidas. Eu sei que muitos podem dizer, mas eles cometeram crimes, sim, mas precisam ter acesso ao devido processo legal, para se defender e cumprir suas penas, algo difícil aos pobres periféricos, muito comum aos réus ou acusados poderosos.