Horror no Rio Alguém disse “na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Nada mais apropriado para explicar a carnificina no Rio de Janeiro. O clima é de barata voa, com partes interessadas, governo carioca, governadores interessados em conquistar candidatura à Presidência no ano que vem e governo federal. A mentira começa pela motivação, embora seja um assunto crucial e que preocupa sobremaneira à população do país inteiro, fica evidente que o fermento da medida extrema, capaz de chacina com mais de uma centena de mortos, foi a corrida presidencial do próximo ano. O governador do Rio, pretenso senador, ou, quem sabe, presidente da República, percebeu a oportunidade do germe, com uma operação midiática e, em que pese a quantidade de sangue derramado, conta com os aplausos de grande parte da sociedade; somos, afinal, um país muito cristão. Outros governadores, sequiosos pelo mesmo fermento que instigou aquele patrocinador do horripilante espetáculo, saíram imediatamente a campo, na ânsia de capitalizar, em proveito próprio, o butim dessa batalha inglória. Interessa meramente o bônus da tragédia. O governo federal, na mesma medida, corre para evitar desgaste com o episódio e, de quebra, angariar também algum dividendo nesse festival sanguinário. A terça-feira (28) causou engulhos a quem ainda resta alguma capacidade de se assustar com a violência desmedida que campeia pelo país. Aí veio a quarta-feira e com ela outro tanto de cadáveres recolhidos pela população, batendo com força na sensibilidade de quem não a perdeu por completo.