Nesta quinta-feira (11), o governador Ronaldo Caiado publicou nota de solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão, inicialmente em regime fechado. Ele lamentou a condenação, disse que ela foi antecipada com a prisão domiciliar, voltou a defender o julgamento pelo plenário do Supremo, tema vencido nas sessões desta semana, e a anistia.

Declarações mais brandas do que as que deu em entrevista coletiva em 5 de agosto, após um evento na Bolsa de Valores de São Paulo, quando ele chegou próximo de atravessar o rubicão, aquele limite de não retorno, ao comentar a decretação da prisão domiciliar. O governador disse que o ministro Alexandre de Moraes perdeu sua condição de juiz da corte, por uma decisão de ordem pessoal e de vingança.

O primeiro sinal da cautela de Caiado surgiu no fim de semana anterior, quando ele decidiu não participar da manifestação do 7 de setembro em favor de Bolsonaro, na Avenida Paulista, como já fizera várias vezes. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi e pulou o rubicão. Em discurso inflamado, ele usou termos como “ditadura” e “tirania” para se referir ao STF. Antes, Tarcísio declarou não acreditar na justiça.

A manifestação repercutiu mal, inclusive com o colega goiano, levando Tarcísio a evitar compromissos públicos e postagens políticas nas redes sociais justo na semana de julgamento do ex-presidente. Após a condenação postou uma nota de solidariedade, bem mais branda do que o discurso na avenida Paulista.

Caiado só revelou sua discordância em uma entrevista coletiva em Salvador, também na quinta. Ele disse confiar na justiça, diferentemente de Tarcísio, e foi mais longe. “Na democracia, não se pode excluir nenhum poder. Se você excluir um Poder, não é democracia. Então você quer uma ditadura? Aí você exclui um Poder e fica autônomo para ser o dono do Poder?”.

Ronaldo Caiado contratou o primeiro marqueteiro para orientar sua carreira em 2013, quando se preparava para a campanha de 2014, em que se elegeu senador. O Caiado de então costumava brigar no Congresso, e chegou a chamar antagonistas para irem para fora, senha para luta corporal. No início ele teve dificuldade de se ajustar às orientações. Aos poucos, mudou. Na primeira campanha para governador, em 2018, não aceitou nenhuma provocação de adversários e se apresentou como “Caiado paz e amor”.

O governador teve recaídas pontuais nos dois governos, mas neste 2025 ouve muito as diretrizes dos especialistas. E o que se percebe é um político com um pé junto a Bolsonaro, mas demarcando diferenças. Ele não vai aderir à campanha contra o STF, apesar de defender a anistia já declarada inconstitucional pela corte em casos de crimes contra a democracia; e defende candidaturas múltiplas da direita, na contramão da família Bolsonaro, que quer a união da direita no primeiro turno.

Uma explicação para esse difícil equilíbrio pode estar em pesquisas qualitativas que balizam análises dos marqueteiros. Pelo que se sabe, elas revelam que Caiado depende do voto bolsonarista para passar ao segundo turno. Daí seu cuidado em atender esse público. Caiado também observa o eleitor pendular, aquele que oscilou entre os dois polos nas últimas três eleições e que decidirá a de 2026 no segundo turno.

O governador dá um passo de cada vez. Por enquanto segue com o bolsonarismo para chegar ao segundo turno. Se chegar lá, ele poderá fazer uma correção de rota para conversar com o outro universo de eleitores. Daí a cautela, agora, de não atravessar o rubicão, e manter-se como um nome da direita moderada e não da extrema direita.

Os planos a longo prazo indicam ainda que o governador segue disposto a ser candidato, com ou sem Tarcísio, ou mesmo com um candidato de sobrenome Bolsonaro. O que implica em outra possibilidade, a de ele ter de sair do União Brasil, hoje federado com o PP e que deseja Tarcísio de Freitas. Essa conversa, contudo, ficará para 2026.

Cileide Alves, jornalista

Caiado entre moderados e radicais

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Cileide Alves

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Bate e assopra

Em um movimento de “bate e assopra” contra o Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos seis meses, o governador Ronaldo Caiado (UB) retomou tom mais moderado esta semana, após a condenação histórica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em um movimento visto como estratégia para marcar posição de respeito às instituições democráticas e de reafirmar o discurso de “independência moral” de sua pré-campanha à Presidência da República.

Na visão de governistas e de pesquisador ouvido pelo POPULAR, em busca de espaço para viabilizar a candidatura, Caiado faz aposta na imposição de limites nas pautas de bolsonaristas mais radicais e se distancia do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como mais “refém” do grupo do ex-presidente.

O goiano reforçou esse distanciamento ao afirmar que confia na Justiça e que não se pode “excluir um Poder”, em contraponto às declarações recentes de Tarcísio, que passou a sofrer mais desgastes pelo endurecimento do tom. Em ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, em 7 de setembro, o governador paulista falou em ditadura e tirania do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro no Supremo. Na semana anterior, disse ainda que não confia na Justiça.

Apesar de também ter seguido a mesma estratégia do governador paulista de acenos aos bolsonaristas em busca de apoio, inclusive elevando o tom contra Moraes no mês passado, Caiado agora tenta afastar a ideia de agressão a outro Poder. Ele optou por não comparecer aos últimos atos em favor de Bolsonaro, inclusive o 7 de setembro.

Aliados repetem que ele apenas fez críticas a decisões, o que seria do jogo democrático, sem ataques ao Judiciário como instituição. No entanto, ele chegou a dizer que Moraes estava agindo por vingança e interesse pessoal, e que havia “perdido a condição de juiz da Corte”.

Os resultados das pesquisas que mostram maioria da população favorável à condenação e contra uma anistia, os ataques recentes de bolsonaristas sempre insatisfeitos diante das tentativas de aproximação, e os desgastes de Tarcísio ajudam a explicar a modulação do discurso de Caiado. Ele foi alvo de críticas de eleitores mais radicais por comparecer a festa da mulher do ministro decano do Supremo Gilmar Mendes.

Mas aliados falam também da tentativa de demonstrar que, diferente de Tarcísio, o goiano nunca dependeu de outra liderança para construir sua carreira política: disputar, se eleger e alcançar bons resultados na gestão. Teria, portanto, menos “amarras” que o governador paulista, eleito para o cargo depois de ser ministro de Bolsonaro e com a bênção do ex-presidente.

“É uma estratégia interessante porque ninguém tem certeza de que vai acontecer uma transferência de liderança de Bolsonaro para outro candidato da direita, ainda mais agora com os desgastes que vêm da condenação. Então é interessante mostrar uma independência, uma personalidade diferente. E além disso os eleitores de direita não são apenas os bolsonaristas. Então é uma boa aposta neste momento”, diz o professor Fábio Gentile, pesquisador do Observatório da Extrema Direita no Brasil e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).

“Não há nenhum sentido em achar que repetir tudo o que Bolsonaro dizia anos atrás vai ser decisivo nas eleições do ano que vem”, diz o pesquisador, que admite, por outro lado, que os pré-candidatos da direita não podem romper completamente com os eleitores bolsonaristas. Segundo ele, os últimos meses e os próximos serão de “ondas” de acenos e distanciamentos ao grupo mais radical.

Este é o maior desafio para os governadores da direita na visão de Gentile: se equilibrar entre “manter laços” com os extremistas, mas também ganhar votos no centro e na direita moderada.

No entanto, ele considera que a tendência de agora em diante, com a condenação de Bolsonaro, é que os radicais percam força, o que pode abrir caminho para o movimento mais ao centro dos pré-candidatos.

Tanto Caiado como Tarcísio reafirmaram a defesa da anistia, o que, na visão de Gentile, representa “estratégia de marketing”. As chances de um perdão alcançar Bolsonaro são vistas como pequenas atualmente, diante de resistências no Congresso e da indisposição de enfrentamento ao Supremo.

Tarcísio tomou a frente das articulações em Brasília na semana passada, quando teve início o julgamento de Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo, e promete retornar na próxima semana. Já Caiado se mantém distante das conversas. Na quinta-feira (11), ele afirmou que discutirá o tema na campanha eleitoral e, se eleito, teria respaldo popular para assinar a anistia como primeiro ato de governo.

A resposta do governador goiano sobre a condenação no STF veio em duas frentes: uma postagem nas redes sociais, em tom moderado, lamentando a decisão e reafirmando a anistia, e a entrevista coletiva em Salvador (BA), quando fez o contraponto a Tarcísio. “É lógico que eu confio na Justiça. Na democracia, você não pode excluir nenhum Poder. Se você exclui um Poder, não é democracia. Então você quer ditadura. Aí você fica autônomo para ser o dono do Poder. Se você está dentro de um regime democrático, do Estado de direito, você tem de saber conviver com os Poderes”, disse.

Candidato único

Apesar de apontar estratégia acertada de Caiado, Gentile vê tendência de que a direita busque candidatura única no ano que vem, em meio à reestruturação do grupo com a saída de cena de Bolsonaro. Por enquanto, o pesquisador considera que ainda permanecerão muitos pré-candidatos, mas em 2026 deve haver afunilamento. “Não seria bom brigar entre eles, ainda mais contra um candidato forte como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A tendência é afunilar em dois nomes e depois ficar apenas um.”

Lideranças nacionais de partidos da direita e do centrão também sinalizam neste sentido, com clara preferência pelo nome de Tarcísio, o que dificulta os planos de Caiado. Isso porque o União Brasil e o PP, agora federados, têm interesse em compor a chapa do governador paulista e não dariam legenda para a candidatura do goiano.

Caiado teria alternativas de partidos menores, mas a falta de estrutura e poder de aglutinar forças, provocaria impacto na pré-candidatura, ainda mais diante da necessidade de se tornar mais conhecido no País.

Gentile considera que não haverá espaço no ano que vem para um novo outsider nem para uma candidatura de algum parente de Bolsonaro, por conta dos desgastes. Mas também não vê grande vantagem na corrida neste momento para Tarcísio, o que daria uma chance à candidatura de Caiado.

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Caiado muda o tom para retomar a moderação

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Eleições 2026

O nosso estado consolidou-se como um dos polos industriais mais dinâmicos do Brasil. Com 28 mil empresas distribuídas em 35 setores, Goiás abriga o sétimo maior parque industrial do país, reunindo desde pequenas fábricas até grandes conglomerados.

A força do setor é evidente: 400 mil empregos diretos, mais de 1 milhão indiretos, salários acima da média estadual e uma receita anual superior a R$ 210 bilhões, equivalente a 22% do PIB goiano.

Além disso, a indústria contribui com mais de R$ 7 bilhões anuais em ICMS, recursos que sustentam serviços essenciais de saúde, educação, segurança e infraestrutura.

Entre 2019 e 2023, o crescimento acumulado de 28,5%, uma média de 6,5% ao ano, demonstra vitalidade e capacidade de expansão industrial em Goiás.

O parque industrial goiano já se destaca nacionalmente em setores como alimentação, farmacêutico, construção civil e biocombustíveis. O potencial de avanço permitiria ao estado disputar posições ainda mais altas no ranking industrial, alcançando o sexto ou até o quinto lugar no país.

Entretanto, temos desafios que não podem ser ignorados, como o custo elevado do crédito por conta dos juros estratosféricos no Brasil, que limitam novos investimentos. Na infraestrutura, precisamos ampliar a oferta de energia elétrica. Em cerca de 30 municípios goianos, há uma demanda reprimida de quase 128 mil megawatts. Cada megawatt não disponibilizado representa não apenas máquinas paradas, mas também oportunidades de renda, arrecadação e desenvolvimento social desperdiçadas.

Mas existem boas perspectivas no horizonte. Um exemplo é o projeto de transmissão Graça Aranha–Silvânia, pela State Grid, que demandará investimentos de R$ 18 bilhões. A obra prevê uma linha de quase 1,5 mil quilômetros de alta tensão e várias subestações com capacidade de atender cerca de 12 milhões de pessoas.

A expansão da infraestrutura elétrica é um investimento de efeito multiplicador: abre espaço para a instalação de novas indústrias, atrai capital, aumenta a arrecadação tributária e gera empregos de qualidade.

Além disso, outro desafio que temos é o de ampliar a capacitação da mão de obra em Goiás para gerarmos mais oportunidades de emprego e sustentarmos o nosso crescimento econômico. A indústria demanda profissionais qualificados em tecnologia, gestão e produção, e a falta de preparo pode travar investimentos.

Nesse cenário, o Senai tem desempenhado um papel estratégico: oferece cursos técnicos e de aperfeiçoamento alinhados às necessidades do mercado, garantindo empregabilidade, inovação e maior competitividade para as empresas goianas.

A indústria goiana já provou sua relevância econômica e social. Entretanto, principalmente com a reforma tributária e com o futuro incerto dos benefícios fiscais, precisamos transformar os atuais desafios em oportunidades para que Goiás consolide sua posição como protagonista do desenvolvimento nacional.

Heribaldo Egídio, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg)

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Desafios da indústria goiana

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Heribaldo Egídio

É incrível que “O Retorno” esteja em cartaz. No contrafluxo dos filmes em voga, ele é sombrio, lento, tem falatório demais e ação de menos, um roteiro mais antigo que o Antigo Testamento, o mocinho e a mocinha são sessentões sorumbáticos.

Quem retorna às telas é Ulisses, o saqueador de Troia, e Penélope, a impecável. Ele se finge de pedinte para assuntar como vão as coisas em Ítaca depois de vinte anos ausente. Ela embroma os que lhe cobiçam o reino e o corpo, aos quais prometeu entregar-se quando acabar a mortalha que tece na algaravia do dia, mas desfaz na calada da noite.

O casal real é interpretado pelo inglês Ralph Fiennes e a francesa Juliette Binoche, que em 1996 haviam contracenado em “O Paciente Inglês”, ganhador de nove estatuetas do Oscar. Entre os filmes de destaque naquele ano estavam “Veludo Azul”, “Hannah e suas Irmãs”, “A Missão” e “Platoon”.

Uma catadupa de fitas sublimes bem que pode irromper até dezembro, mas hoje a lista dos melhores teria “O Brutalista”, “Mickey 17”, “Uma Família Normal” e até “Fórmula 1”. Pior: o que houve de mais marcante foram as sequências de “Trainspotting” a “Super-Homem”, de “Jurassic Park” a “Missão: Impossível”. Neurose é repetição, Freud diria.

O cinema era outro há 25 anos. O destino dos filmes é hoje a televisão, onde passam em canais pagos. Só a Netflix tem 300 milhões de assinantes. As salas perdem público desde os anos 1960, primeiro para a televisão, depois a internet e em seguida o streaming. A peste abateu a fundo a audiência, que não voltou aos patamares prépandemia.

Desde Méliès, os filmes eram avaliados pela bilheteria e a repercussão cultural. A venda de ingressos media a lucratividade. O impacto na consciência coletiva advinha do teor das resenhas na estreia e do juízo dos críticos ao longo dos anos. Um avaliação era objetiva e a outra subjetiva, e ambas moldavam indiretamente a produção de novos filmes. Não é mais desse jeito.

A Netflix sabe onde e que horas os filmes são vistos; em qual minuto são interrompidos para que a pessoa vá ao banheiro; estabelece a duração de filmes e séries com base na relação custo-benefício. São informações instantâneas, tabuladas e comparadas minuciosamente. Os relatórios de feedback orientam e detalham os filmes que virão a ser produzidos: o que os roteiristas têm de escrever, como os cineastas devem dirigi-los, qual será o marketing. Os algoritmos dão a palavra final.

A produção assentada no que o público está acostumado a ver gera filmes cujo objetivo é anestesiar. Eles são genéricos, brandos, previsíveis, hostis à arte e ao pensamento, convencionais, esteticamente conformistas. São mercadorias na forma de filmes, obras automáticas para gente automatizada.

Há exceções, e “O Retorno” não é uma delas. Como outrora, agora e na hora de nossa morte, é tão somente um filme tolo. O diretor Uberto Pasolini, conde que descende de Visconti, e não de Pasolini, teve à disposição um belo orçamento e um bom elenco, filmou em terras e mares gregos -e malbaratou uma obra-prima que faz sucesso há 2.700 anos.

Afora “Ulysses” de James Joyce, as adaptações de Homero não dão sorte. A penúltima hecatombe foi “Troia” com Brad Pitt, que é tão expressivo quanto um bife. Apesar do rufar dos anúncios, o filme estava mais para torneio de fisiculturismo ou luta de MMA do que para a “Ilíada”.

A “Odisseia” conta a viagem de Ulisses de volta para casa depois da guerra de Troia. São dez anos de aventuras: Calipso quer torná-lo imortal, Circe transforma seus marinheiros em porcos, as sereias querem seduzi- lo com seu canto mortífero. “O Retorno” se restringe aos 41 dias que se seguem à sua chegada a Troia. Só encontra problemas.

Ninguém o reconhece, apenas Argos, seu cachorro. São 108 os concorrentes ao trono e a Penélope. Seu filho único, Telêmaco, acha que ele abandonou a família para ficar com uma sirigaita.

A tradição batizou essa última parte da “Ilíada” de “Nostos”, palavra que quer dizer, justamente, retorno, mas não somente. Nostos está na raiz de nostalgia, que no grego de Homero não significava saudade: nomeava o doloroso desejo de retornar a uma emoção morta e enterrada.

“O Retorno” não tem essa complexa combinação de sofrimento e vontade, do passado que se quer presente. O filme se centra no massacre dos pretendentes à coroa. O sentimento dominante é a vingança, exercida sem deuses, heróis e a épica poesia homérica, e sim com a bárbara violência do cinema atual.

Mario Sergio Conti, jornalista, é autor de ‘Notícias do Planalto

Homero morto e enterrado

Matéria - Opinião

Mario Sergio Conti

As escolhas de Ronaldo Caiado (UB) diante dos fatos dos últimos dias, passando pelos atos de 7 de setembro e chegando à condenação de Jair Bolsonaro (PL), indicam que o governador fixou na defesa da anistia, ainda que enfática, o “teto” dos gestos ao ex-presidente e seus apoiadores.

Aliados ouvidos pela coluna apontam que o goiano deixou suas posições demarcadas nos últimos meses a partir da defesa do perdão a todos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, mas não pretende dar mais um passo no sentido da radicalização, como fez seu colega Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. 

No lugar de chamar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de “tirano” e “ditador”, a exemplo de Tarcísio no ato bolsonarista realizado no Dia da Independência, Caiado voltou da capital paulista, no domingo, sem participar do evento. Já nesta quinta-feira (11), optou por “lamentar profundamente” a decisão e defender que o julgamento no plenário do STF permitiria “diferentes interpretações sobre o caso”. 

Em entrevista à imprensa em São Paulo, disse que confia na Justiça. “Na democracia, você não pode excluir nenhum poder. Se você exclui um poder, não é democracia, é ditadura”, afirmou.

<h2>Uma só via</h2>

Caiadistas ressaltam que o governador tem suas convicções democráticas. Mas também há a percepção de que a demanda bolsonarista por gestos e o “pagamento de pedágio” não têm fim. E há pouca retribuição.

<h2>Diferenças</h2>

Caiado segue dizendo que não precisa das bênçãos bolsonaristas para ser candidato a presidente da República. Não é o caso de Tarcísio, que desponta como nome preferido do Centrão para a corrida pelo Palácio do Planalto.

<h2>Nunca funcionou</h2>

A história brasileira mostra quais são as consequências do perdão a tentativas de golpe.

<h2>Em 64</h2>

O POPULAR mostrou em 2014 que, enquanto governador, Mauro Borges elaborou um plano para se tornar presidente e apoiou o golpe civil-militar imaginando que poderia ser candidato após um breve período de exceção. Foi cassado e a ditadura durou 21 anos.

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Sol e chuva - Ponto de ônibus que fica na Avenida 85, no Setor Bela Vista, em Goiânia, está sem abrigo para os passageiros. (Wesley Costa / O Popular)

<h2>Testes</h2>

Líder do prefeito Sandro Mabel (UB) na Câmara de Goiânia, o vereador Wellington Bessa (DC) articulou para esta sexta-feira (12) a votação da data-base dos servidores na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). E também a apreciação do projeto dos temporários da Educação na Comissão do Trabalho e Servidores Públicos.

<h2>Clima</h2>

No caso da data-base, pesou a percepção que ficou com o público externo, especialmente servidores públicos, de que os vereadores não estavam dispostos a votar a proposta. O projeto dos temporários deve ser aprovado com a emenda que prorroga os contratos por até 150 dias. A redação enviada por Mabel previa até cinco anos.

<h2>Orientação</h2>

Na sequência da representação protocolada pela vereadora Aava Santiago (PSDB) contra Sargento Novandir (MDB), Kátia Maria (PT) distribuiu aos colegas homens uma cartilha, de sua autoria, sobre “como identificar e combater a violência de gênero na política”.

<h2>Pergunta para:</h2>

Adriana Accorsi -&nbsp;Deputada federal pelo PT

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Sabatina com a candidata a prefeitura de Goiânia, Adriana Accorsi. Na foto Adriana Accorsi. (Weimer Carvalho)

A senhora é vice-presidente da Comissão da PEC da Segurança. Cogita propor mudanças no texto?

Tem muitos pedidos de mudança, especialmente das forças de segurança. Acho importante a gente ouvir. As guardas municipais, por exemplo, solicitam a mudança de nome para Polícia Civil Municipal. Acho justo. É o que elas são. A defesa dos servidores é uma das minhas bandeiras.

<h2>Arremate:</h2>

Doutor - O vereador Fabrício Rosa (PT) defendeu, na noite de quarta-feira (10), sua tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Tema -&nbsp;Intitulada “Da Farda à Urna: entre o autoritarismo herdado e a cidadania em disputa na participação política de policiais”, a pesquisa analisa a crescente participação de policiais no Congresso Nacional e os impactos desse fenômeno para a democracia e os direitos humanos.

Novo mandato -&nbsp;O jornalista Carlos Willian Leite foi reeleito presidente do Conselho Estadual de Cultura de Goiás para o biênio 2026-2027. Será seu quarto mandato consecutivo.