O debate sobre a segurança pública descambou de uma discussão que deveria ser “técnica, científica, relativa a operações de investigações qualificadas, investigações preditivas, da polícia e do MP”, alertou há duas semanas o promotor do Gaeco de São Paulo, Lincoln Gakiya, considerado o maior especialista brasileiro em organizações criminosas, como o PCC, em entrevista ao podcast O Assunto (06/11/2025). Os governadores de direita colocaram o tema da segurança pública na pauta nacional desde a operação mais letal na história brasileira, que matou 121 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro. O movimento em si é positivo, afinal, a insegurança nas grandes cidades transforma a vida da população em uma tragédia cotidiana. O governador Ronaldo Caiado (UB) foi o primeiro a perceber a porta aberta pela operação para a direita. O X da questão é como fazer esse debate. A extrema-direita e os governadores se autodeclaram de centro-direita, mas não se deslocam dos extremismos dos bolsonaristas. Saíram em defesa do populismo penal: declarar o narcotráfico como terrorismo, pregar operações de guerra e de alta letalidade em áreas ocupadas, aumentar as penas para esses criminosos (e aqui nada contra essa medida), todas saídas simples, de fácil compreensão pela população e de alto retorno eleitoral, mas de pouca eficácia.