O mais recente assessor da prefeitura de Goiânia, o ex-secretário de Fazenda Jorcelino Braga (Patriota), informou na terça-feira ser de apenas 20% a aprovação do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e anunciou a meta de elevar sua popularidade a 50% até julho de 2024. Para se ter uma base de comparação, a avaliação do prefeito Iris Rezende em meados do último ano de seu mandato era de 52%. Ao mesmo tempo em que Braga se comprometia com esta meta, começaram a pipocar na imprensa informações sobre as restrições do atendimento nas maternidades Nascer Cidadão, Célia Câmara e D. Iris, que realizam cerca de 1 mil partos por mês. Na quinta-feira (20), Lucilene Maria de Sousa, diretora-Executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG (Fundahc), administradora das unidades, informou à CBN Goiânia que os atrasos de repasses para a manutenção das maternidades somavam R$ 67 milhões. Como este, uma série de episódios desgastantes vem se repetindo desde o início do mandato de Rogério Cruz, contribuindo para dar a atual forma à gestão, hoje aprovada só por 20% dos goianienses. Igualmente pipocam saídas transitórias que depois também se dissolvem, como se a gestão fosse fluida e as decisões político-administrativas, fugazes. Em entrevista ao programa Chega pra Cá deste jornal, na terça-feira (18), Braga disse que fez um plano de ação para criar uma “unidade de pensamento e de propósitos” à administração. Ele disse também que foi bastante claro com Rogério quando acertou sua participação, que diz ser informal, na equipe: “Se ele não seguir o projeto que foi acordado entre nós, o que acho difícil, porque nós pegamos na mão e fizemos um compromisso, eu com certeza não ficarei. Se alguém do grupo não cumprir o que foi acordado o projeto vai ruir”.Para colocar seu plano em pé, o ex-secretário indicou Célio Campos para a Secretaria de Comunicação e viu a nomeação do advogado e aliado Colemar Moura para a Controladoria Geral do Município (CGM). Essa sua cota soma-se às secretarias de Mobilidade e de Planejamento e Habitação, essas indicações do presidente da Câmara Romário Policarpo, aliado político de Braga e parceiro no Patriota. Além dos cargos, Braga anunciou auditoria em todas as secretarias não apenas para conhecer as ações em execução em cada pasta – o que por si só já cria constrangimentos entre secretários e suas equipes –, mas também para investigar os casos de dispensa ou de inexigibilidade de licitações e de adesão a atas de registro de preços de licitações realizadas por outros municípios, como vem ocorrendo regularmente na prefeitura de Goiânia. Esta investigação, disse o assessor, visa dar ao prefeito “segurança jurídica para qualquer assunto que amanhã ele for questionado”. A Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) foi a última envolvida em rumorosa adesão a atas para aquisição de material de iluminação pública. Em outra ação solicitada por Braga, o prefeito revogou o Comitê de Ações Prioritárias (CAP), criado em outubro de 2022 para coordenar os principais projetos da prefeitura, entre eles o programa Goiânia Adiante, que era coordenado pelo secretário de Finanças, Vinícius Henrique Alves. As duas ações mexem, portanto, na Seinfra, comandada pelo secretário Denes Pereira, e na Secretaria de Finanças (Sefin), duas das pastas mais importantes da prefeitura, em um claro avanço do grupo Braga/Policarpo na disputa interna de poder.Na entrevista a este jornal, Braga afirmou que o modelo de gestão adotado por Rogério, de dividir a máquina pública com os vereadores, que eu denominei de parlamentarismo municipal, “infelizmente não funcionou”. Por isso, ele sugeriu ao prefeito arrumar a casa e “começar do zero”, mais uma vez. Vale lembrar que Rogério Cruz recomeçou com o rompimento do MDB, em abril de 2020; novamente no início de 2022, com a saída do grupo do Republicanos de Brasília, que havia substituído o MDB; e com a chegada do ex-deputado federal Jovair Arantes à prefeitura para executar o mesmo trabalho que agora Braga conduz. Tal como o Sísifo da mitologia grega, o prefeito empurra sua pedra até o alto da montanha para vê-la sempre cair ao pé do monte. E recomeça com a esperança que dessa vez vai ser tudo diferente. Sísifo tinha a eternidade para recomeçar, o prefeito Rogério tem mais um ano e meio de mandato.