No últimos cinco anos, mais de 140 militares de Goiás foram promovidos por ato de bravura relacionado ao acidente do césio 137 em Goiânia, que ocorreu quase 40 anos atrás. O levantamento feito em decretos do governo estadual mostra que a maioria conseguiu a promoção por decisão judicial, mas houve também pareceres favoráveis da própria gestão. No mês passado, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Goiás rejeitou pedido da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para rever critérios de promoção, a partir de nota técnica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que aponta áreas livres de envenenamento por radiação onde militares atuaram, o que afastaria a presunção de exposição direta e de insalubridade. A PGE também alegou que há promoções baseadas em provas testemunhais e no princípio da isonomia, sem comprovação inequívoca de risco efetivo à saúde dos militares. Além de presença em áreas de descontaminação e remoção de rejeitos, os decretos citam “atuação em ocorrências relacionadas ao acidente”, “atuação direta na guarda de material radioativo”, “atendimento de saúde aos contaminados” e “patrulhamento da área monitorada do acidente radioativo”.