Nos últimos anos, tem-se acompanhado, em escala mundial, o desenrolar de diversos conflitos religiosos. Acredito que, devido à guerra entre Israel e Palestina, a temática do conflito religioso e da necessidade do diálogo entre as religiões requer ser debatida. A guerra iniciou-se no dia 7 de outubro de 2023 e já tirou a vida de mais de 11 mil pessoas.O conceito para lidar com esses conflitos é denominado diálogo inter-religioso. Para a teóloga Catherine Cornille, “o diálogo inter-religioso envolve um intercâmbio aberto e construtivo entre indivíduos pertencentes a diferentes religiões”. Sobre o tema do diálogo inter-religioso, a Declaração Nostra Aetate da Igreja Católica apresenta um importante ensinamento: “Todos os povos, com efeito, constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum, uma vez que Deus fez todo o gênero humano habitar a face da terra”.O Papa João Paulo II, na Encíclica Redemptoris Missio lembra que o “diálogo inter-religioso faz parte da missão evangelizadora da Igreja”. O Papa Bento XVI, em sua Mensagem para a Celebração da Jornada Mundial da Paz de 2011, em Assis, recordou a necessidade da tolerância religiosa, em vista dos constantes conflitos que envolveram a Igreja Siro-Católica, em Bagdá, onde, no dia 31 de outubro de 2010 foram assassinados dois sacerdotes e mais de 50 fiéis por grupos radicais islâmicos.Papa Bento XVI ensina que “a liberdade religiosa encontra expressão na especificidade da pessoa humana, que pode ordenar a própria vida pessoal e social a Deus”. Na Encíclica Caritas in Veritate, Bento XVI ressalta a importância do “direito à liberdade religiosa” como recurso necessário ao desenvolvimento do ser humano. A experiência de fé pode ser vivida pelo ser humano como forma de caminho em vista ao diálogo com as outras religiões, sem, porém, ferir a identidade da própria fé. O Papa Francisco, na sua visita ao Egito em 2017, fez uma crítica ao terrorismo religioso, ao visitar no Cairo a Universidade de Al-Azhar, centro de referência de estudos teológicos do Islã. Falando a dezenas de participantes da Conferência Internacional pela Paz e ao lado do imã Ahmad al-Tayyib, o Papa disse que, “como religioso, é nosso dever desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade”. E disse também Francisco: “Somos obrigados a denunciar as violações contra a dignidade humana e os direitos humanos, a levar luz às tentativas de justificar qualquer forma de ódio em nome da religião e a condená-la como falsificação idolátrica de Deus”.Por fim, complementa o Papa Francisco: “Repetimos um forte e claro ‘não’ a qualquer forma de violência, vingança ou ódio cometida em nome da religião, ou em nome de Deus. Juntos, afirmamos a incompatibilidade entre violência e fé, entre acreditar e odiar”.