O ano passado foi marcado por incêndios devastadores no Brasil, inclusive com indícios de práticas criminosas. O MapBiomas acaba de concluir o cálculo da área queimada, e o resultado é assustador: um território do tamanho da Itália foi destruído pelas chamas. O fogo consumiu mais de 30 milhões de hectares, o maior volume da série histórica (iniciada em 2019). Amazônia (17,9 milhões) e Cerrado (9,7 milhões) foram os biomas mais atingidos, mas o Pantanal, a Caatinga e a Mata Atlântica não passaram ilesos.Além da extensão, chama a atenção que 73% de tudo o que virou cinza era composto por matas nativas. Os pesquisadores apontam que 2024 reuniu características propícias para os incêndios: a atuação do El Niño, que aquece as águas do oceano, e secas rigorosas e longas relacionadas às alterações climáticas. No caso do Cerrado, a maior parte dos incêndios ocorreu durante a estiagem – normalmente, o bioma evolui com queimadas naturais, causadas por raios no período de chuva. São urgentes as ações coordenadas, em todos os níveis, para conter as consequências das atuais condições climáticas globais. Junto delas, medidas para impedir que as ações humanas deliberadas agravem ainda mais o que já é crítico.