A enxurrada que assustou moradores e turistas em Pirenópolis, no fim de semana, deixou como rastro, além dos estragos, o alerta de que as cidades pequenas estão tão vulneráveis aos extremos climáticos quanto os grandes municípios. Em cerca de 30 minutos, a água da chuva invadiu um resort, avançou nas ruas de pedra até a parte baixa do centro histórico e alagou duas casas, deixando uma família desabrigada. Além dos estragos causados, há ainda preocupação com o patrimônio histórico, como a Igreja Nosso Senhor do Bonfim. Construído no século 18 com paredes de taipa em um terreno de brejo, o templo requer atenção. O episódio é um lembrete sobre os riscos da expansão acelerada por que passa a cidade. Nos últimos cinco anos, Pirenópolis ampliou em 40% o número de leitos no setor hoteleiro, segundo a Goiás Turismo. O turismo que atrai investimentos, gera emprego e renda, é o mesmo que sobrecarrega os mananciais e impermeabiliza os terrenos. Prefeitura e demais órgãos competentes não podem se omitir em ter todo o rigor em relação ao uso do solo, pois há sinais de que o município está perto do limite — se é que esse limite já não foi ultrapassado.