Dez feminicídios no intervalo de um mês jogaram um balde de água fria na expectativa de que estaria em curso uma tendência de diminuição nesse tipo de ocorrência, em Goiás. Em julho, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) havia divulgado a redução de 37% nos registros no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O portal a SSP não tem os dados de julho, agosto, setembro, outubro e novembro. Mas não são os números o que mais importam. Eles são úteis para mensurar um problema, porém não dão conta das histórias interrompidas pela violência. As vítimas de novembro tinham perfis variados. Há mulheres com idades de 18 a 56 anos. Em todos os casos, o suspeito era do círculo íntimo delas, seja por relacionamento amoroso ou amizade. Algumas eram, inclusive, mães de filhos dos algozes. Esse, inclusive, é um padrão. Levantamento do Instituto Patrícia Galvão indica que 60% das entrevistadas dizem conhecer ao menos uma outra que sofreu ameaças de seus parceiros. O lar, portanto, é um lugar perigoso para elas. Essa característica dificulta a prevenção, mas não serve de desculpa para o poder público para o fracasso em conter a violência contra a mulher.