A quantidade de acidentes de trânsito em Goiás adquiriu contornos de epidemia. Em quatro anos, houve um aumento de 28% nas ocorrências, totalizando 108,3 mil registros em 2024 — 39 mil deles em Goiânia. O cenário é pior quando o foco recai sobre as motocicletas. Dados do Detran-GO indicam que, a cada três dias, quatro pessoas morrem em acidentes envolvendo esse tipo de veículo no estado. Além de ceifar vidas e deixar uma multidão de sequelados, os acidentes impactam diretamente outros serviços da saúde pública. Um exemplo é o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira, o Hugol. Maior unidade de atendimento a traumas em Goiás, o hospital está sobrecarregado e com os demais atendimentos comprometidos. Segundo a unidade, o número de acidentados socorridos dobrou neste ano, principalmente em razão dos acidentes com motocicletas. Como consequência, o hospital não consegue atender à demanda por cirurgias eletivas. Hoje, mil pessoas aguardam por um procedimento. Os remédios tradicionais — como fiscalização e campanhas educativas — devem ser aplicados, mas apenas uma mudança cultural, iniciada desde a infância, pode frear a carnificina nas ruas brasileiras.