Nem sempre o sistema prisional brasileiro está nos noticiários com boas informações. Mas esta edição traz uma reportagem que mostra um panorama diferente e animador: um apenado do núcleo penitenciário de Goiás defende hoje sua tese de doutorado dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Embora o estudo, assim como o trabalho, seja uma ferramenta de ressocialização e de redução de pena, a condição de reeducando-estudante ainda é uma realidade distante da maioria dos detentos no País. O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, com cerca de 850 mil pessoas presas, incluindo quem está em celas, os monitorados por tornozeleiras eletrônicas e aqueles em prisão domiciliar. E são raros os casos de detentos estudando, ainda mais no ensino superior, mesmo a legislação brasileira permitindo essa situação. É preciso disseminar, incentivar e oferecer condições para o estudo dentro das penitenciárias - assim como o trabalho -, pois dar tratamento digno é fundamental na tentativa de possibilitar um novo rumo à vida de quem está ali. Assim, a educação dentro das grades pode ser um contraponto decisivo a um ambiente queoferta pouco estímulo à transformação, e muitas vezes incentivaa reincidência.