A denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas coloca Goiânia como centro logístico da trama que pretendia evitar a posse do hoje presidente Lula. A capital goiana é citada 18 vezes em 272 páginas. É nela que está a sede do Comando de Operações Especiais (Copesp), que engloba o 1º Batalhão de Ações e Comandos (BAC) e o 1º Batalhão de Forças Especiais (BFEsp). As duas unidades abrigam os kids pretos, unidade de elite do Exército. Quatro deles participaram ativamente do planejamento do golpe, conforme o inquérito da Polícia Federal (PF) e a denúncia da PGR. Um quinto militar denunciado também passou por Goiânia. Foi na capital de Goiás que o grupo planejou o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), locou automóveis, adquiriu chips e celulares “frios”. Portanto, Goiânia tornou-se estratégica militarmente e geograficamente. O próximo passo é a análise da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que pode rejeitá-la ou acatá-la. Nesse caso, o julgamento deverá ser estritamente técnico, pelo potencial de mexer com a conturbada política brasileira.