Na terça-feira (4), O POPULAR listou 32 obras do governo de Goiás que estão paradas. A relação consta do painel de monitoramento da Secretaria de Estado de Infraestrutura. Elas somam R$ 52 milhões em recursos estaduais, R$ 26 milhões já pagos.

A maior parte, 25, é vinculada à Secretaria da Educação. São quadras esportivas e salas de aula que empacaram. Há, ainda, investimento em saneamento e uma unidade do Corpo de Bombeiros.

Entre os projetos citados no painel da Seinfra, o que está há mais tempo abandonado é um complexo com praça, escola infantil e de ensino fundamental, no Conjunto Madre Germana II, em Goiânia, uma região com alta demanda por serviços públicos. A Agência Goiana de Habitação, responsável pelo local, alega atraso em repasses federais. Uma nova licitação será feita para retomada dos trabalhos. Em entrevista à CBN Goiânia, o presidente da Seinfra, Pedro Sales, disse que as obras paradas representam uma parcela ínfima diante de todas as executadas pelo governo.

De toda forma, cabe aos agentes públicos garantir que obras tenham início, meio e fim. Quando isso não ocorre, há perda de dinheiro, risco ao meio ambiente e ameaça à segurança da vizinhança em seu entorno.

Obras paradas em Goiás

Editorial

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Matéria - Opinião - Editorial

Reportagem desta edição do POPULAR revela um dado alarmante: apenas 5 dos 246 municípios goianos têm mais de 50% das crianças matriculadas em creches, meta do Plano Nacional de Educação. Só 24% das cidades do estado cumprem esse objetivo, diante de 33% em todo o Brasil. Goiás tem o sétimo pior índice do Brasil. Para piorar, em 37 cidades, as taxas são inferiores a 10%. As informações são do módulo de educação do Censo 2022, e foram divulgadas na semana passada pelo IBGE. Os indicadores são ainda mais preocupantes porque as redes que conseguiram atingir o porcentual mínimo são de municípios muito pequenos: Anhanguera (68%), Água Limpa (67,1%), Nova América (61%), Perolândia (57,7%) e Alto Horizonte (56,4%) — que tem maior população entre eles, de 6 mil habitantes. A matrícula de crianças de 0 a 3 anos de idade em creches favorece a socialização, produz autonomia e proporciona o desenvolvimento cognitivo e emocional. Permite, ainda, que os adultos de famílias mais vulneráveis possam trabalhar. Os números de Goiás são inadmissíveis para um estado que cresce mais que a média nacional há anos. Aumentá-los é uma obrigação dos governos nos três níveis: federal, estadual e municipais.

Crianças sem creche

O Centro de Goiânia teve nove projetos de revitalização desde o início dos anos 2000. Neste período, passaram-se seis gestões, como lembrou reportagem do POPULAR publicada na edição de segunda-feira (2).&nbsp;

Agora, o prefeito Sandro Mabel (UB) retirou da Câmara Municipal o Centraliza, que herdou do antecessor, Rogério Cruz (SD). A ideia é apresentar uma nova proposta. Portando, será a décima para a região em 25 anos.&nbsp;

De iniciativas tímidas (como uma simples maquiagem) às mais ousadas (como a criação de um calçadão na Avenida Anhanguera, que teria um trecho exclusivo para pedestre), elas ficaram pelo caminho, seja por resistência dos próprios comerciantes locais, seja por inação do setor público.&nbsp;

O atual prefeito aposta no turismo de comércio, por isso inclui a Região da 44 e a Bernardo Sayão no seu Centro ideal. Lembra, ainda, que é preciso repovoar o bairro, que perdeu um quinto da população nos últimos anos.&nbsp;

Qualquer que seja o desenho que saia das pranchetas dos técnicos do Paço, não se pode perder de vista as características históricas. O coração da cidade tem mais uma chance de sobreviver. A missão de Mabel é ter sucesso onde as tentativas anteriores fracassaram.&nbsp;

Centro tem nova chance

A insistência da Assembleia Legislativa em ampliar o prazo para os prefeitos goianos que não extinguiram os lixões em seus municípios é um prêmio a gestores indolentes. Um novo texto aprovado pelos deputados estaduais alarga os prazos para adequação, contrariando lei federal e decisão do Judiciário. A legislação previa o encerramento dos lixões em 2014. Após prorrogação, o prazo final ficou marcado para 2024. Porém, cerca de 50 municípios goianos ainda não cumpriram a determinação. No fim do ano passado, a Alego já havia aprovado projeto que dava mais tempo para os prefeitos se adequarem. O texto, contudo, foi considerado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça. Dessa vez, proposta do líder do governo, Talles Barreto (UB), dá mais um ano para que as prefeituras instalem estruturas para tratamento de chorume e mais 360 dias para desativação dos depósitos irregulares. A manobra tem duas implicações. Uma, ambiental, pois os lixões contaminam o solo e o lençol freático, colocando em risco a saúde de animais, vegetação e das populações. A segunda é que, ao aliviar a barra daqueles que não fizeram o dever de casa, os deputados estimulam o mau hábito da procrastinação.

Prêmio à procrastinação

A vacina 100% nacional contra a dengue é uma esperança de que o Brasil possa dar uma resposta à altura à endemia da doença, que ceifa vidas, aumenta o absenteísmo e tem enorme impacto no sistema de saúde. O imunizante, desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Wuxi Biologics, ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a promessa do Ministério da Saúde é de que 60 milhões de doses sejam ofertadas em 2026. O fármaco brasileiro tem vantagens sobre a Qdenga, única opção à disposição no País. Ao contrário da vacina japonesa, administrada em duas doses, a nacional precisa de apenas uma. Além disso, alcança uma faixa etária muito mais ampla, de 2 a 59 anos. É um incentivo ao aumento da cobertura e à adesão. Em Goiás, por exemplo, 61% do público elegível (como regra, 6 a 16 anos) não retornaram para receber a segunda dose. Dada as condições do anúncio do governo federal — desgaste após recorde de casos e mortes em 2024, pressão política pela troca no ministério e falta de registro na Anvisa — é natural ter algum ceticismo. Mas essa é uma chance de que o País, finalmente, deixe de ser subjugado por um mosquito, o Aeds aegypt.