Em 30 anos, a média de dias atingidos por ondas de calor subiu de 7 para 53 por ano, no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A informação faz parte dos estudos para o plano nacional de enfrentamento das mudanças climáticas.Negligenciado pelos órgãos governamentais, o calor extremo tem implicações diversas nas cidades e seus habitantes.Às 14h17 de terça-feira (14), o Brasil atingiu o recorde histórico de consumo de energia, pelo segundo dia consecutivo. O ar-condicionado é apontado como possível responsável, pois já corresponde a 17% do consumo elétrico residencial brasileiro. Tais picos sobrecarregam o sistema e podem levar à queda do fornecimento. Há ainda impactos na saúde coletiva. Em setembro, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás reportou 23 atendimentos relacionados ao tempo quente, que pode provocar náuseas, confusão mental e até favorecer enfartes.As cidades brasileiras não estão preparadas para esta realidade. A adaptação delas deve ser conectada ao enfrentamento das mudanças climáticas, mas requer políticas públicas específicas, como uso de materiais resilientes às altas temperaturas em obras públicas e capacitação da rede de saúde. O País está atrasado nesta discussão.