Em meados da década de 1980, a professora Maria Avelina de Carvalho transformou em livro o resultado de um ano de pesquisa e convivência com meninos e meninas que viviam nas ruas de Goiânia. Já naquela época, a autora de “Tô Vivu” denunciava o descaso das autoridades, a violência dos órgãos de segurança e a rejeição da sociedade em relação a essa população.Passados 40 anos, outra pesquisa acadêmica revela que o problema, antes circunscrito às maiores cidades, se interiorizou. Há moradores em situação de rua em 118 municípios goianos. São pelo menos 2,3 mil famílias, segundo pesquisa de mestrado da arquiteta e urbanista Jaqueline Neves, defendida na Universidade Estadual de Goiás (UEG). O número, contudo, pode ser maior, pois o levantamento se baseou no CadÚnico, e uma parcela significativa é invisível à rede de assistência social das três esferas de Governo.Em Goiânia, a Prefeitura desconhece o tamanho dessa população. Para preencher essa lacuna, fez parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), que realiza um censo.A falta de dados precisos na capital denota a negligência dos agentes públicos, que têm o dever de enxergar as crianças, jovens e idosos que vivem debaixo de marquises, pontes e viadutos.