A fotografia estampada na capa da edição de hoje deste jornal é um retrato sem retoques da calamidade urbana e ambiental na qual Goiânia mergulhou. A junção de fatores como serviço deficiente na coleta de lixo, sistema inadequado de drenagem, excesso de impermeabilização, chuvas fortes e falta de civilidade dos moradores cria a tempestade perfeita e emoldura o cenário de apocalipse. A imagem do fotógrafo Wesley Costa mostra um trecho do Córrego Capim Puba, um dos mais poluídos pelo lixo, ao lado do Cascavel. Há menos de um mês, o manancial havia passado por uma operação de limpeza e já se encontra nessas condições. Reportagem do jornalista Elder Dias revela que diariamente são retirados 500 quilos de lixo dos córregos e rios que cortam Goiânia. Trata-se de uma sentença de morte para os cursos d’água, que foram decisivos para a escolha da área de construção da nova capital. Os efeitos são catastróficos, incluindo a veiculação de doenças hídricas, os prejuízos a animais e vegetação, a destruição de nascentes e o desaparecimento do recurso natural. Em sequência, aparecem outros impactos ao abastecimento, à irrigação e à própria vida. É irresponsável e insano cruzar os braços diante da realidade.